Com a proximidade da estreia da derradeira temporada de “House of Cards”, Robin Wright resolveu abrir o jogo sobre as polêmica envolvendo o até então colega de elenco, Kevin Spacey. Em outubro do ano passado, como se sabe, o veterano foi acusado de assédio sexual pelo ator Anthony Rapp. O caso teria acontecido em 1896, quando Spacey tinha 26 anos e Rapp, 14.
Na ocasião da ‘denúncia’, o intérprete do desonesto Frank Underwood emitiu um pedido desculpas, assumindo a sua homossexualidade e dizendo não se lembrar do episódio. Segundo Spacey, ele provavelmente estaria embriagado no dia. Após a declaração de Rapp, outros 15 homens também revelaram já terem sido assediados por Kevin, que acabou demitido da Netflix.
Com sua saída, “House of Cards” terá o desfecho protagonizado apenas por Robin Wright, intérprete da esposa do personagem de Spacey na produção. Em entrevista à mais nova edição da revista Porter, da qual é capa, a estrela disse achar que o ator mereça uma segunda chance para reconstruir sua carreira em Hollywood. “Acredito que todo ser humano tem a capacidade de se consertar. Nesse sentido, eu acredito absolutamente numa segunda chance. Isso se chama evolução“, resumiu. Questionada se gostaria de chamar Spacey para conversarem, Robin declarou: “Não. Ele vai chegar quando estiver pronto, tenho certeza. Eu acho que é assim que deve ser“.
Na sequência, a intérprete de Claire falou sobre as consequências das acusações contra o astro, perguntada se sentia pena dele. “Eu sinto muito por qualquer pessoa cuja vida seja colocada na arena pública. É um pesadelo, você imagina? Nós fazemos um trabalho, nós compartilhamos uma performance com os espectadores. Por que nossa vida privada tem que ser pública? Eu odeio essa parte desta indústria. É tão invasivo. Eu acredito que a vida pessoal de todos deveria ser pessoal. Positivo, negativo, neutro, seja o que for – não acredito que seja da conta de ninguém. Mas eu não estou falando sobre o #MeToo. Estou falando de mídia. A exposição. É uma sensação horrível. Um estranho decidindo quem você é“, desabafou.
Wright lembrou da época da eclosão das denúncias e revelou que por pouco a série não foi cancelada. “Estivemos muito, muito perto disso. Por conta do clima com o caso de Harvey Weinstein… As pessoas diziam ‘temos que fechar tudo ou então vai parecer que estamos glorificando e honrando esta coisa que é suja‘”. Determinada, a atriz, que também era produtora executiva de “House of Cards”, lutou internamente para dar um desfecho à trama. “Eu acreditava que deveríamos honrar nosso compromisso. Para as pessoas que amavam a série também. […] Se você incluir segurança, policiais, tudo, 2.500 pessoas teriam ficado desempregadas. E isso não é justo. Eles não fizeram nada de errado!“, argumentou.
Segundo Robin, o clima nos bastidores ficou dos piores. “Estavam todos chocados e com medo. Todo mundo estava com medo de perder o emprego. Uma equipe boa e esforçada. [Pessoas com] crianças na faculdade, crianças para alimentar, casas para pagar“, recordou. Ao final da entrevista, a estrela ainda falou sobre o que podemos esperar do desfecho da história: “É bem louco. Quer dizer, estamos fazendo uma ópera. Não sei quanto mais poderíamos ter superado a nós mesmos. Você vai se surpreender. Eu estou muito orgulhosa“. Os últimos episódios de “House of Cards” estreiam na Netflix no dia 2 de novembro.
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