Desde que entrou para o catálogo da Netflix, “Bebê Rena” segue se transformando em um fenômeno no mundo inteiro. A série explora a experiência chocante do criador e protagonista, Richard Gadd, que foi perseguido e abusado por uma mulher ao longo de alguns anos. Entretanto, nem tudo oque aconteceu na vida real foi incluído na adaptação.
A ideia de Gadd de criar a atração partiu de seu espetáculo, apresentado no Festival Fringe de Edimburgo, em agosto de 2019, quando ele tinha 30 anos. Composta por sete episódios, a série mostra o comediante no papel de Donny Dunn, que foi baseado em si próprio. Ao adaptar a peça para TV, ele decidiu fazer alguns ajustes, como proteger a identidade de sua real stalker.
Interpretada por Jessica Gunning, a perseguidora se chama Martha na série, entretanto, não se trata do seu nome verdadeiro. Em entrevista à Radio Times, a atriz revelou que “decidiu propositalmente não saber muito sobre a pessoa real, pois isso não a ajuda muito“. “Não estou fazendo uma imitação dela. Tudo o que estou fazendo é interpretar essa personagem, então não fiz nenhuma história de fundo além do que estava nos roteiros“, explicou.
Na série, Gadd não revela a quantidade de mensagens e outras formas de contato da sua perseguidora. No entanto, o espectador consegue notar o estado mental dela a partir das incessantes tentativas ao longo da trama. Embora não revele o número exato na atração, o criador pontuou ao Screen Rant que foram 41.071 e-mails, 350 horas de mensagens de voz, 744 tweets, 46 mensagens no Facebook e 106 páginas de cartas.
Na vida real, a perseguidora também enviou diversos presentes, como um frasco de pílulas para dormir, um chapéu de lã, uma cueca e uma rena de brinquedo, informou o The Independent. O nome da série, aliás, faz referência ao apelido que ela deu ao comediante e à pelúcia enviada a ele. Em contraponto, Martha não presenteia Donny na atração. Na última cena, Donny ouve uma mensagem de voz da stalker, em que ela explica que o chama dessa forma devido às semelhanças dele com um brinquedo de rena que ela tinha na infância.
Durante o julgamento, estabeleceu-se que Martha assediou Donny de agosto de 2015 a março de 2017. Os registros digitais de Richard confirmaram a linha do tempo, que coincide com os relatos exibidos na série. A perseguição aconteceu enquanto Gadd estava em turnê com “Monkey See Monkey Do”, espetáculo apresentado pela primeira vez no Festival de Fringe de Edimburgo, em agosto de 2016.
A produção não retrata o criador desenvolvendo o show em questão, porém os temas foram integrados ao roteiro, que também explora o abuso sexual sofrido por ele. Gadd optou por retratar Donny com um desabafo improvisado durante um espetáculo, o que não ocorreu na vida real.
O personagem não foi o único a ser perseguido por Martha. A série mostra ainda a stalker atormentando a ex-namorada dele, Keeley, vivida por Shalom Brune-Franklin, com mensagens no Facebook e ligações para seus pais. Interpretada por Nava Mau, Teri, o interesse amoroso de Donny, também é agredida fisicamente pela perseguidora.
No desfecho da adaptação, Martha é presa e condenada a nove meses de prisão. O protagonista, por sua vez, consegue uma ordem de restrição de cinco anos contra ela. Contudo, Gadd optou por não pressioná-la judicialmente na vida real e citou transtornos mentais. Em entrevista ao The Times, ele afirmou que essa questão está “resolvida“, acrescentando que possuía “sentimentos confusos sobre isso“, pois “não queria jogar alguém com esse nível de doença mental na prisão“.
Atualmente, a série lidera a lista de mais vistas da Netflix e terá campanha reforçada para o Emmy. Assista ao trailer:
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