Os bastidores de “Dahmer: Um Canibal Americano” continuam dando o que falar… Após parentes das vítimas do assassino criticarem a forma como a produção retratou os casos violentos, o criador e diretor da obra, Ryan Murphy, se pronunciou ontem (27) sobre a situação. Em um evento promocional da série, em Los Angeles, ele contou que sua equipe de produção entrou, com antecedência, em contato com 20 das famílias das vítimas, mas não obteve resposta.
“É algo que pesquisamos por muito tempo. E nós, ao longo desses três anos, três anos e meio, enquanto estávamos escrevendo a série, trabalhando nisso, chegamos a cerca de 20 famílias e amigos de vítimas tentando obter informações, tentando falar com as pessoas, e nem uma única pessoa nos respondeu durante o processo”, afirmou Ryan.
Devido à ausência das fontes pessoais, o diretor fez questão de enfatizar o trabalho dos pesquisadores que atuaram no processo de criação da série: “Eu nem sei como eles encontraram muitas dessas coisas. Mas era um esforço nosso, dia e noite, para revelar a verdade dessas pessoas”.
Murphy ainda demonstrou interesse em construir um memorial das vítimas de Dahmer. Ele disse que “ficaria feliz em pagar” pela homenagem: “Qualquer coisa que pudermos fazer para isso acontecer… Eu ficaria feliz de pagar por esse memorial. […] Acho que deveria ter alguma coisa. Estamos tentando entrar em contato com pessoas para conversar sobre isso. Acho que há alguma resistência porque eles acham que o local poderia atrair pessoas interessadas em homenagear o macabro… Mas acho que algo deveria ser feito”.
Recentemente, a mãe de Tony Hughes, uma das vítimas de Dahmer, detonou a série da Netflix. Ela afirmou ao The Guardian que a história não aconteceu do jeito que a obra mostrou. “Não vejo como eles podem fazer isso. Não vejo como eles podem usar nossos nomes e divulgar coisas assim. Não aconteceu daquele jeito”, reclamou a mulher. Outros familiares envolvidos nos casos também demonstraram revolta sobre a narrativa da produção. Rita Isbell, retratada em um momento sensível no tribunal, desabafou nas redes, apontando a série como “dura e descuidada“. Ela acusou a Netflix e os responsáveis pela produção de não entrarem em contato antes de lançar a atração.
Apesar da polêmica, Paris Barclay, diretor do sexto e sétimo episódio de ‘Dahmer’, argumentou que a ideia da minissérie era transformar as vítimas em algo maior do que apenas estatísticas: “Nós não estávamos muito interessados em Jeffrey Dahmer, a pessoa, mas o que fez com que ele se tornasse um monstro. Tem a ver com privilégio branco. É racismo sistêmico. É homofobia. Nós queríamos garantir que essas pessoas (as vítimas) não fossem apagadas pela história”.