Uma nova atração da Netflix tem causado burburinho nas redes sociais. “Dançando para o Diabo” é uma série documental que aborda como vários tiktokers entraram para uma agência de gestão de carreiras associada a uma igreja. Depois da primeira temporada do documentário repercutir na web, pessoas envolvidas na história real resolveram se manifestar. Foi o caso da influenciadora Miranda Derrick, uma das protagonistas do caso.
No seriado, o documentarista Derek Doneen segue a dupla conhecida como Wilking Sisters, irmãs dançarinas que administravam um popular canal do TikTok com milhões de seguidores. Miranda e Melanie Wilking eram muito próximas até que Miranda se associou à Igreja Shekinah, responsável pela agência 7M Films. Fundada por Robert Shinn na década de 1990, a igreja incentivou os membros a romper o contato com os familiares e a doar grande parte de seu dinheiro para dízimos.
Como tudo começou
Em 2019, Miranda recebeu uma mensagem de um influenciador chamado James “BDash” Derrick. A dupla colaborou em um vídeo de dança e, depois, começou a namorar. Na época, o cinegrafista de James, Isaiah Shinn, apresentou ao casal um grupo religioso, conhecido como Igreja Shekinah, fundado décadas antes pelo pai de Isaiah, Robert Shinn.
Durante o início da pandemia de 2020, o casal passou um tempo com a família Wilking no Michigan, Estados Unidos, mas, quando Miranda voltou para sua casa em Los Angeles, a irmã começou a perceber que ela estava muito retraída e distante. Em janeiro de 2021, Miranda decidiu não comparecer ao funeral do avô após dizer que precisava da permissão de “alguém mais próximo de Deus” para voltar para casa. Mais tarde naquele ano, ela e James ficaram noivos e se casaram sem a presença de ninguém da família dela.
No ano seguinte, a família das irmãs decidiu expor toda a situação em uma live no Instagram, o que fez vários relatos parecidos pipocarem na web.
Seita desmascarada
De acordo com ex-dançarinos que participaram da 7M, Robert reformulou a igreja para se envolver especificamente com influencers famosos do TikTok, aproveitando sua vulnerabilidade como aspirantes a artistas que se mudaram para Los Angeles para realizar seus sonhos. Eles disseram que acabaram dando a Robert a maior parte de sua renda por meio de dízimos, além de terem sido obrigados a participar de longas sessões de estudo bíblico tarde da noite e cortar totalmente o contato com a família.
Nos últimos anos, Robert entrou com uma ação alegando difamação e calúnia comercial contra alguns ex-membros da igreja. No entanto, um grupo se juntou para abrir uma queixa associando a Igreja a fraude, trabalho forçado e tráfico de seres humanos. O caso deverá ir a julgamento em julho do próximo ano.
Pronunciamento de Miranda Derrick
Após ver seu nome virando um dos assuntos mais comentados da web, Miranda Derrick decidiu quebrar o silêncio e refutar as alegações feitas por sua família e pela série da Netflix. “Ei, pessoal, espero que vocês estejam tendo um dia maravilhoso! Eu só queria conversar bem rápido e, antes de tudo, agradecer muito a todos que me apoiaram tanto durante esse período”, ela começou em um story no Instagram.
Miranda não entrou “em muitos detalhes por motivos legais”, mas compartilhou seu lado da história. “Aprecio a preocupação que tem sido manifestada pelo meu bem-estar. Devido a um litígio pendente, no qual sou autora de um processo por difamação, não é apropriado comentar alegações específicas. Embora deva afirmar que não tolero abusos de forma alguma”, escreveu a influenciadora.
“Eu amo minha mãe, meu pai e Melanie e eles sempre farão parte da minha vida. A verdade é que simplesmente não concordamos neste momento. Acredito que este documentário é uma história unilateral. Entreguei minha vida a Jesus Cristo em 2020 e pedi à minha família algum espaço logo no início para organizar meus pensamentos e processar minha nova caminhada que eu queria levar com Deus”, acrescentou.
Em sua declaração, Miranda afirmou que só iniciou sua própria conta nas redes sociais porque a irmã a “desconectou da conta e, quando solicitou o acesso de volta, ela negou o pedido”. Ela também falou sobre a ausência no funeral do avô. “Antes de irmos para o hospital para dizer nosso último adeus, comecei a orar por nosso avô no carro e Melanie ficou ofendida, zangada comigo e me disse para parar e nunca orar perto dela”, alegou.
Ela disse que, quando chegou a hora do funeral, optou por não ir porque “estava sendo assediada” e se sentia “ameaçada” por sua família. “Sou apenas uma mulher tentando viver minha vida. Não sou uma vítima, não estou sofrendo nenhum dano, não estou sendo abusada. Nunca pedi à minha família ou a qualquer outra pessoa que me ‘ajudasse’ de alguma forma. Respeitosamente, o que escolho fazer da minha vida depende de mim”, finalizou.