Entrevista: Giovanna Ewbank revela “lavagem de roupa suja” em episódio final do “The Circle Brasil”, como seria perfil dela no programa e bastidores do confinamento: “A maior dificuldade é a solidão”

O sucesso de “The Circle Brasil” logo na primeira semana surpreendeu Giovanna Ewbank. A atriz e apresentadora, dona de um canal muito bem-sucedido no YouTube, com 3,7 milhões de inscritos, apostava no formato do programa, que mistura duas das coisas que o brasileiro mais ama: redes sociais e reality show. E “Gioh” entende bem de redes, afinal, ela tem 21,2 milhões de seguidores só no Instagram. No entanto, ver a produção ir parar no “top 10” de conteúdos mais assistidos da Netflix logo nos primeiros dias, espantou a estrela de maneira positiva.

Antes de ser entrevistada por telefone pelo HugoGloss.com, Giovanna estava assistindo aos episódios de “The Circle Brasil” com o marido, Bruno Gagliasso. Sinal de que a série está viciando até sua família! “Tô muito feliz que as pessoas estão gostando, estão maratonando, estão falando a respeito”, garantiu, empolgada. De acordo com a apresentadora, o segredo do sucesso do programa com o público, é justamente a sociabilidade do brasileiro nas redes sociais. “O brasileiro tem uma coisa diferente, né? O norte-americano é muito bom, o inglês também é muito bom, só que o brasileiro tem um apelo maior. […] O brasileiro tem um borogodó diferente na hora de brincar, de jogar nesses realities, principalmente se tratando de redes sociais”, afirmou.

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O interesse de Giovanna no reality tem um viés antropológico: “Eu acho muito interessante a gente ver o comportamento de cada um, o comportamento social nas redes. E acho que as pessoas estão achando interessante isso também, porque normalmente a gente está nas redes sociais, mas não vê de fora o outro conversando conosco, e agora estamos conseguindo ver com uma lente de aumento o que cada um faz dentro da sua casa, falando nas redes sociais, criando personagem”.

No bate-papo com o site, a apresentadora revelou como foi seu envolvimento nas gravações do programa — em que faz “a voz” do “The Circle” —, contou da “lavagem de roupa suja” no episódio final, em que todos os competidores se veem pela primeira vez, e ainda opinou sobre a relação das novas gerações com as redes sociais. Gioh também confessou como seria seu perfil no jogo, caso fosse uma participante no programa, e em qual reality se daria melhor: “The Circle” ou “Big Brother”. Para completar, ela revelou como estão as gravações de seu canal no YouTube com a quarentena do novo coronavírus, e indicou séries da Netflix para maratonar durante este período de isolamento social. Confira!

HugoGloss.com: Como o projeto do The Circle surgiu pra você? O que mais te chamou atenção na proposta, que fez você querer participar? 

Giovanna Ewbank: Quando me convidaram para apresentar o programa, eu não fazia ideia do que se tratava. Me contaram sobre o projeto, o que era, e aí eles liberaram [episódios de versões internacionais da série] para que eu assistisse, para ver se eu gostava do formato, e eu fiquei apaixonada. Eu maratonei rapidinho, achei muito interessante, e é também interessante de ver, quando você assiste ao norte-americano, quando assiste ao inglês e ao brasileiro, que as pessoas se portam de maneiras diferentes. Acho que tudo depende muito do lugar onde você mora, de como você interage com as pessoas. Mas eu fiquei encantada com o formato, eu acho muito atual, muito o que a gente vive no dia a dia nas redes sociais. Muitas vezes, quando a gente está conversando com alguém, não sabe se aquela pessoa é aquilo mesmo, se a pessoa é um personagem, um fake, se está falando a verdade. Muitas vezes, as pessoas escrevem algo nas redes sociais e agem de maneira completamente diferente do que mostram [no meio online]. Isso que me chamou muita atenção e me deu muita vontade de apresentar, mostrar a gente olhando de fora o que acontece nas redes.

HG: Imagino que, pela fórmula do reality, você apareça mais no primeiro e no último episódio, né? 

 GE: Eu sou a voz do “The Circle Brasil”. Eu apresento, faço a voz no programa todo, e tem a vinheta, na qual eu falo sobre o reality. E no final, na grande final, a gente vai estar em um palco, onde reunimos os finalistas e todos os participantes que já saíram. Ali, todos vão se conhecer pessoalmente pela primeira vez. Eles vão saber quem é quem; quem é fake e quem é de verdade, quem é de verdade, mas falava coisas controversas ao que é. Ali é uma lavagem de roupa suja, de descobertas. Então, nessa final, eu vou intermediar os papos e as descobertas, porque vai ser uma surpresa para todos. Eles nem sabiam que era eu que apresentaria o programa! Inclusive, os participantes que saem antes continuam confinados, porque não podem saber nada do que acontece durante o programa. Então, independente se eles saem na primeira semana ou na última, eles continuam confinados para que, nessa grande final, eles se conheçam pessoalmente e seja um susto para todo mundo. Isso é muito interessante, você ver as descobertas na hora de todos.

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HG: Mesmo acompanhando os participantes de longe, deu para você ter surpresas no desenrolar das eliminações e assistir aos bastidores com emoção, como se fosse o público mesmo?

 GE: Total! Eu fiquei atrás das câmeras, então eu assisti até mais coisas que vocês todos. Eu me apeguei a alguns personagens, a alguns participantes. Na verdade, eu, como apresentadora, tenho que ter um distanciamento para ser imparcial, mas não dá! O coração às vezes bate mais por uns e menos por outros. Tudo depende do pensamento de cada um; às vezes, a gente se identifica mais com alguma coisa, com algum participante, mas eu fiquei observando tudo por trás das câmeras, e a cada episódio que era fechado, e era feito, eu assistia ao episódio inteiro. Eu entrava nos apartamentos enquanto eles estavam ou no ofurô, ou fazendo yoga para ver as anotações. É muito interessante, porque se você está em um personagem, tudo que você fala, você tem que anotar, porque você pode esquecer. Você está falando com nove pessoas ao mesmo tempo, com cada pessoa você está falando uma coisa diferente, porque você é um fake, né? Então as casas, os apartamentos deles, ficam lotadas de anotações, tipo, “falei que fui para os Estados Unidos. Falei que gosto de comida japonesa”. Como personagem, você não pode esquecer! Qualquer bola fora que você dá, você pode ser eliminado.

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HG: O “The Circle” é muito diferente dos outros realities, porque a interação entre os participantes é toda feita por telas. Na sua opinião, qual é a maior dificuldade que eles encontram nessa dinâmica? 

 GE: Eles ficam 30 dias confinados. Acho que é a solidão mesmo, a vontade de falar com alguém que não seja só nas redes. Porque você não pode falar nem por voz, nem por FaceTime com ninguém. Então, acho que a dificuldade é a solidão, é a vontade de querer trocar, de querer falar sobre certas situações, o que está acontecendo. Tanto é que quando eles têm os encontros a dois, mas que eles também não se veem, também é por tela, o papo é muito gostoso, porque eles conseguem trocar mais sobre os outros participantes. Eu acho que a maior dificuldade é a solidão mesmo, e é o que acontece muito na nossa vida, a gente vê quantos adolescentes hoje em dia têm ansiedade, solidão, por estar sempre só se comunicando através das redes sociais. Eu vejo muitos casos de adolescentes que não conseguem se relacionar na vida da maneira que se relacionam através das redes. Não conseguem se relacionar pessoalmente com os outros adolescentes como nas redes. É uma nova era, é uma nova geração, então é um novo comportamento. É bem interessante de ver isso também. Eu sou mais velha, então eu acho que eu peguei as redes sociais nascendo e consigo ver esse comportamento da nova geração, que já não consegue se relacionar tão bem com os outros se não for através das redes, sabe?

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HG: Na versão norte-americana do reality, eu notei muitos paralelos com a brasileira. Até as primeiras eliminadas nas duas versões são meninas bonitas, que escolheram ser elas mesmas, e acabaram fora do jogo porque foram lidas pelos outros participantes como fakes. Você acha que entrar no reality querendo ser você mesmo, sem nenhuma estratégia pré-planejada, pode ser prejudicial para o seu jogo? 

 GE: Cara, eu acho que a gente viu de tudo, né? A gente viu gente que entrou como si mesmo e não deu certo, a gente viu gente que entrou como fake e não deu certo. Eu acho que são muitas as coisas que fazem com que você seja o vencedor. Acho que carisma é o principal, você tem que ser carismático com os outros jogadores, você tem que se dar bem com todo mundo. Mas eu também vi isso de as meninas que entram e colocam a melhor foto, a foto mais produzida, acabam saindo por acharem que não são elas. Inclusive o JP [Gadêlha] também no início, ele bota uma foto muito bonita, e as pessoas ficam meio em dúvida. Então, acho que tem que ser o mais simples possível, e tentar ser o mais carismático e natural. As pessoas que são muito over, acabam sendo eliminadas. De imagem, acho que sempre ter que ser o mais simples possível. Isso é o que eu percebi, né? Acho que a galera que é solteira acaba se interessando mais pelo jogo, porque tem paquera e tal. […] Senti que o interesse pelas pessoas casadas não é tão grande como pelos solteiros do jogo, sabe? Por mais que eles não sejam, por mais que seja mentira. A conversa rola melhor, na minha opinião.

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HG: Se você participasse da série, você escolheria ser você mesma, fiel à sua essência, ou faria um catfish?

 GE: Bom, primeiro que não poderia ser eu, porque se eu entro como Giovanna, as pessoas já falavam: “Ah, a Giovanna não tá aqui, né?”. Então, se eu não fosse conhecida e fosse entrar no “The Circle”, eu acho que eu usaria as minhas fotos mesmo, mas nunca colocaria foto produzida. Mais simples e natural possível, e eu acho que não falaria que sou casada, que tenho dois filhos e que estou grávida! [Risos] Eu não falaria isso, porque, pelo jogo, eu vi que as pessoas que são solteiras são mais cobiçadas e mais chamadas para chats e conversas, do que as pessoas que são comprometidas no jogo.

HG: A não ser a #TitiaFogosa, né? 

 GE: Ah é, pois é! Eu não posso falar muito de cada personagem, mas mandou mal, né? [Risos]

HG: Você acha que teve algum participante que, mesmo que aparentasse estar se mostrando verdadeiro, também estava encarnando um personagem? Mentindo até mesmo para o público?

 GE: Se teve, eu não percebi! [Risos] Se teve, essa pessoa fez muito bem. Acho que fica bem nítido no “The Circle” quem é quem. Eu, pelo menos, acho que consegui ver muito bem quem é quem ali. Se teve essa pessoa que mentiu pro público, mentiu pra mim também, porque eu não consegui ver!

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HG: Depois de apresentar o programa, você mudou a sua percepção sobre redes sociais de alguma maneira? 

 GE: Não é que eu mudei a minha percepção, acho que eu já venho observando muito as redes sociais, desde o início. Acho que as redes sociais foram jogadas nas nossas mãos sem manual, tipo, “se vira aí”. E a gente foi entendendo as redes, e foi entendendo como usar as redes com o tempo, nós mesmos, na raça. Acho que a gente vem observando o comportamento das pessoas e como devemos nos comportar nas redes com o tempo. O que eu consegui enxergar apresentando o “The Circle”, é o que a gente já sabe que acontece, que muitas pessoas mostram ser alguém que não são, ou mostram estar sentindo algo que não estão. Muitas vezes a pessoa está conversando e dando risada e finge que está tudo bem, mas na verdade está angustiado, está com medo, não está feliz. Isso que é importante a gente observar. Nem tudo o que é escrito, é o que é sentido, e é o que pensam. Então, muitas vezes, a conduta da pessoa é completamente diferente do que ela mostra nas redes sociais. Acho que o programa “The Circle” serve como um alerta para nós, para a gente entender o que se passa nas redes sociais, não só através delas. Alerta! [Risos]

HG: Eu percebi também que você está bem ativa no Twitter, comentando bastante sobre outro reality, o “Big Brother”. Em qual dos realities você acha que se daria melhor se fosse uma jogadora lá dentro, o “The Circle”, convivendo com as pessoas apenas pelas redes sociais, ou o “BBB”, botando fogo no parquinho pessoalmente?

 GE: Nossa!!! Nossa… Não sei dizer. Eu acho que conviver com pessoas que você não conhece, que não sabe se estão jogando ou se estão sendo verdadeiras como o “Big Brother”, eu não sei se eu me sairia tão bem. Eu sou uma pessoa que estou sempre com o pé atrás. Acredito no ser humano, acredito no outro, então acho que eu posso, em um “Big Brother”, me dar muito mal por acreditar muito no outro e, de repente, me perder no jogo. Acho que no “The Circle”, eu me daria melhor, porque eu consigo — hoje — ler as redes bem. Ou não também, eu posso achar isso e não ser. Eu não sei, eu acho que as duas situações são muito complicadas, porque não se trata de vida real, se trata de um jogo que todo mundo quer ganhar. Então, nas duas situações, ia ser muito difícil conviver, muito difícil entender o jogo, acreditar no que as pessoas estão falando. Não sei responder essa pergunta! Acho que não me daria bem em nenhum dos dois [Risos].

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HG: No “BBB”, o jogo muda todo dia, e os favoritos também… Para quem é a sua torcida hoje? 

 GE: Hoje eu estou torcendo pra Rafa e pra Thelminha. Ai, a Manu também. Não sei, gente, gosto do Babu também, muito difícil! Mas assim, de todas as semanas que vão passando, eu vejo que a Rafa, a Thelma e a Manu são muito coerentes com o que elas pensam, com o que elas acreditam, com as amizades delas. São as três que eu sinto mais verdade lá dentro. A Thelma eu sou apaixonada! Ela é maravilhosa, a Thelma não tem medo de falar o que pensa, o que acha, ela é muito coerente com tudo que ela fala, tudo que ela faz. Eu acho que, no meu ranking, está Thelminha em primeiro, Rafa em segundo, Manu em terceiro. Ai, não sei! Não tem ranking, vai. Não sei, não sei, amanhã já pode ser outra coisa! Mas essas três são paixões. Eu gosto muito do Babu também. Muito!

Thelma, Rafa, Manu e Babu: os favoritos de Gioh! (Fotos: TV Globo/Victor Pollak)

HG: Além de apresentar o “The Circle”, você também tem um canal muito bem-sucedido no YouTube, com toda uma equipe por trás, convidados famosos… Como ficarão as gravações com a pandemia do coronavírus? 

 GE: Pois é, a gente já está até aqui tendo reuniões por FaceTime, pra tentar entender como vai ser feito. Eu já estou há um tempo gravando muito pra poder ter frente, porque logo eu vou ter bebê. Então a gente já estava gravando mais quantidade, para quando eu tivesse o bebê, pudesse ficar sem gravar. Temos bastante frente de vídeo, mas eu acho que não vai ser o suficiente, porque eu teria mais dois meses de gravações intensas para poder ter essa frente. A gente tem uma equipe enorme, todos trabalhando de casa, todos trabalhando via FaceTime. E estamos pensando em vlogs, em coisas que eu grave do meu celular para poder ir passando, e pensando em pautas diferentes pra isso, pra que ninguém saia de casa e ninguém tenha problema com corona, né?

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HG: Quais precauções você está tomando com a sua família, com a recomendação de quarentena? O que vocês têm feito em casa, com o Bruno, a Titi e o Bless, nesse momento delicado? 

 GE: Bom, nós estamos todos trancados em casa, eu dispensei todos os nossos funcionários. A escola das crianças foi suspensa, eles estão mandando todos os dias vídeos dos professores para que a gente possa continuar a dar aulas para as crianças. A gente fica brincando de escolinha, para que as crianças achem gostoso estar em casa, sem sair. Cada hora a gente inventa uma coisa; ontem a gente fez uma casinha de papelão pra ser o clubinho da leitura, então a gente botou vários livros na casinha de papelão. Ficamos lendo historinhas lá dentro. Nós, adultos, estamos maratonando “The Circle Brasil” e outras séries… e aí é isso o que a gente tem feito. Mesmo dentro de casa, lavamos as mãos o tempo inteiro, álcool gel o tempo todo, as crianças já estão super prevenidas e conscientes. Acho até muito bonitinho como as crianças já estão entendendo, porque recebemos muitos vídeos para que pudéssemos explicar para as crianças sobre o coronavírus, então elas estão bem conscientes também. E estamos fazendo tudo em casa, estamos tirando esse tempo para se amar, para se cuidar e cuidar um do outro.

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HG: Quais outras séries da Netflix você indicaria para o público maratonar no período de quarentena?

 GE: São tantas! “Sex Education”… Eu vou começar a assistir “Elite”, que não vi, mas o Bruno já viu. Quero assistir agora “Toy Boy”, que inclusive vocês têm falado muito. Nossa, tem muitas séries maravilhosas! “Sex Education” é maravilhoso para quem não assistiu, tem que assistir! É só entrar na Netflix, acho que tem uma infinidade de séries e filmes para assistir.  “Os Dois Papas”, tem tanta coisa…

HG: Já viu o outro reality da Netflix que está bombando, “Casamento às Cegas”? 

 GE: Não! Estava falando para o Bruno hoje. Agora que ele colocou no “The Circle”, eu falei: “Amor, a gente tem que assistir a ‘Toy Boy’ e ‘Casamento às Cegas’, que também estão nos 10 em alta”. São duas que a gente vai começar a assistir nesta semana. Todo mundo está falando tão bem! Eu sou apaixonada pelo casal que está junto [Lauren Speed e Cameron Hamilton], e eu nem assistir ainda!