Após o lançamento de “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais” na Netflix, na última sexta-feira (20), Erik Menendez divulgou um comunicado acusando o programa de ser “um retrato desonesto das tragédias que cercam nosso crime”. Após a repercussão, Ryan Murphy, criador da série, rebateu as críticas.
Erik e seu irmão, Lyle Menendez, foram condenados pelo assassinato de seus pais, José e Mary Louise “Kitty” Menéndez, em 1996. A dupla foi sentenciada à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, em um julgamento que causou frisson nos Estados Unidos.
Na época, Erik e Lyle justificaram o crime brutal alegando terem sido vítimas de “uma vida inteira de abusos físicos, emocionais e sexuais” por parte de seus pais. Em nota compartilhada por sua esposa, Tammi Menendez, Erik condenou a dramatização criada por Ryan Murphy.
Em sua declaração, Erik escreveu: “Eu acreditava que tínhamos ultrapassado as mentiras e a representação ruinosa do caráter de Lyle, criando uma caricatura de Lyle enraizada em mentiras horríveis e descaradas que se espalham desenfreadas na série. Só posso acreditar que foram feitos de propósito. É com o coração pesado que digo: acredito que Ryan Murphy não pode ser tão ingênuo e impreciso sobre os fatos de nossas vidas para fazer isso sem má intenção.”
Na série assinada por Murphy, Erik é retratado como “sensível e tímido”, enquanto Lyle apresenta um comportamento mais arrogante. Essa diferença reflete os atritos entre os irmãos na história, especialmente durante o julgamento. Até o momento, não está claro quantos episódios Erik assistiu, mas ele fez questão de ressaltar que o que viu é “impreciso” e “desonesto”. Ele também não poupou críticas a Murphy.
“É triste para mim saber que o retrato desonesto da Netflix das tragédias que cercam nosso crime, fez com que as dolorosas verdades retrocedessem vários passos. Regressamos a uma época em que a acusação construiu uma narrativa com base na crença de que homens não eram abusados sexualmente e que os homens sofriam traumas de violação de forma diferente das mulheres. Essas mentiras terríveis foram interrompidas e expostas por inúmeras vítimas corajosas ao longo das últimas duas décadas, que superaram sua vergonha pessoal e falaram corajosamente. Agora, Murphy molda sua narrativa horrível por meio de retratos vis e terríveis de Lyle e de mim, além de calúnias desanimadoras”, acusou.
Erik concluiu sua declaração com uma mensagem direta para Murphy: “A verdade não é suficiente? Deixe a verdade permanecer como a verdade. É desmoralizante saber que um homem com poder pode minar décadas de progresso no esclarecimento de traumas infantis. A violência nunca é uma resposta, nunca é uma solução e é sempre trágica. Como tal, espero que nunca se esqueça que a violência contra uma criança cria uma centena de cenas de crimes horríveis e silenciosas, sombreadas por brilho e glamour, e raramente expostas até que a tragédia atinja todos os envolvidos. A todos que me contataram e apoiaram, obrigado do fundo do meu coração.”.
Murphy responde
Ryan Murphy respondeu em entrevista ao Entertainment Tonight, sugerindo que Erik Menendez talvez não tenha assistido à série de fato. “Acho interessante que ele tenha emitido um comunicado sem ter visto o programa. É muito, muito difícil – se for a sua vida – ver sua vida na tela”, observou.
Murphy continuou, apontando inconsistências na fala de Erik:“O que eu acho interessante, que ele não menciona em sua citação, é que se você assistir ao programa, eu diria que 60-65 por cento do nosso programa, nos roteiros e na forma do filme, gira em torno do abuso e o que eles afirmam que aconteceu com eles. E fazemos isso com muito cuidado, damos a eles um dia no tribunal, e eles falam abertamente sobre isso”.
Ele ainda acrescentou: ““Nesta época em que as pessoas podem realmente falar sobre abuso sexual, falar sobre isso, escrever sobre isso e escrever sobre todos os pontos de vista pode ser controverso. É uma abordagem do tipo ‘Rashomon’ [em Monstros], onde havia quatro pessoas envolvidas nisso – duas delas estão mortas. E os pais? Tínhamos a obrigação, como contadores de histórias, de também tentar apresentar a perspectiva deles com base em nossa pesquisa, o que fizemos”.
Por fim, Murphy se defendeu das críticas que sugerem que a série torna o vínculo entre Erik e Lyle “incestuoso”. “Se você assistir ao programa, o que o programa está fazendo é apresentar os pontos de vista e teorias de tantas pessoas que estiveram envolvidas no caso. Dominick Dunne [jornalista da Vanity Fair] escreveu vários artigos falando sobre essa teoria. Estamos apresentando o ponto de vista dele, assim como apresentamos o ponto de vista do [advogado de defesa criminal] Leslie Abramson… e tínhamos a obrigação de mostrar tudo isso e o fizemos”, completou.
“Monstros” – a segunda parte da antologia de true crime da Netflix – estreou em 19 de setembro, com Nicholas Chavez e Cooper Koch estrelando como Lyle e Erik, respectivamente. O elenco também conta com Javier Bardem e Chloe Sevigny.
Além da produção, a plataforma lançará um documentário intitulado “The Menendez Brothers”, do ponto de vista de Lyle e Erik, na segunda-feira, 7 de outubro.
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