Silvio Santos, o rei da TV brasileira, morre aos 93 anos em SP

De camelô a dono de seu próprio canal de TV, o comunicador se tornou soberano na arte de comandar auditórios

A partida de um ícone! Morreu neste sábado (17), aos 93 anos, em São Paulo, Silvio Santos. A informação foi confirmada pelo SBT, através das redes sociais.

“Hoje o céu está alegre com a chegada do nosso Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros. A família é muito grata ao Brasil pelos mais de 65 anos de convivência com muita alegria. Para nós, o Senor Abravanel é ainda mais especial”, diz o comunicado da emissora.

O apresentador estava internado desde o dia 1º, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. De acordo com a equipe de Silvio, ele havia sido hospitalizado para realizar exames de imagem.

Em julho, o dono do SBT também chegou a ser internado no mesmo hospital para tratar de um quadro de H1N1. O caso foi confirmado pelo canal em 18 de julho. Dois dias depois, Silvio teve alta. O comunicador estava afastado da TV desde setembro de 2022, quando contraiu Covid-19. Na época, mesmo após se reestabelecer, Silvio preferiu se manter longe dos estúdios do SBT e dos holofotes.

O programa, que carrega seu nome, vinha sendo apresentado por Patrícia Abravanel, sua filha de número 4. Já a filha número 3, Daniela Beyruti, assumiu a vice-presidência do canal, que por décadas teve Silvio, no controle das principais decisões.

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Carreira

Nascido no Rio de Janeiro, em dezembro 1930, Silvio Santos é o pseudônimo de Senor Abravanel. O apresentador começou a carreira como camelô, nas ruas da capital carioca. O potencial da voz de Silvio logo chamou a atenção e ele foi convidado para fazer um teste na Rádio Guanabara. Ele ficou em primeiro lugar na seleção, em meio a 300 candidatos. Apesar disso, Silvio Santos ficou pouco tempo no ar, já que dinheiro que ganhava vendendo produtos nas ruas era maior.

Aos 18 anos, ele foi convocado pelo Exército e passou a servir na Escola de Paraquedistas. Como a carreira de camelô era “incompatível” com a de militar, ele voltou a trabalhar como locutor em uma rádio de Niterói nos dias de folga. Após sair do exército, criou uma maneira de tornar as viagens para Niterói mais dinâmicas na embarcação: anunciava os produtos disponíveis em alto-falante.

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Aos 20 anos, ele decidiu tentar a vida em São Paulo, onde apresentava espetáculos e sorteios em caravanas de artistas. Se formou como técnico em contabilidade, mas decidiu seguir na carreira artística, conseguindo uma nova vaga como locutor na Rádio Nacional de São Paulo. Para incrementar a renda, ele criou a revista chamada “Brincadeiras para Você” – com palavras cruzadas, passatempos e charadas, e era vendida por ele nos comércios da cidade.

Em 1958, comprou o Baú da Felicidade, do radialista Manoel de Nóbrega. Na empresa, o cliente pagava carnês mensais e, em dezembro, recebia uma caixa de brinquedos. Aquele foi o início do que seria o Grupo Silvio Santos. Ele manteve o sistema de carnês do Baú, mas expandiu o negócio: criou lojas próprias onde o cliente podia trocar o valor pago por, além dos brinquedos, eletrodomésticos.

A primeira aparição como apresentador de TV foi em 1961, na TV Paulista. À frente do game “Vamos Brincar de Forca” – que mais tarde se tornaria o “Programa Silvio Santos” -, ele aproveitava o espaço para divulgar o Baú da Felicidade. Foi quando carros e casas também entraram no catálogo. Para suprir as demandas, Silvio comprou empresas em outras áreas, como construtoras e concessionárias. Em 1969, ele fundou a Baú Financeira, que 21 anos depois se transformaria no Banco PanAmericano.

Na televisão, ele chegou a apresentar atrações na Globo – mas saiu por não conseguir ser acionista do grupo. Foi para a TV Tupi e Record (chegou a ser dono de 50% das ações da emissora de São Paulo). A realização da emissora própria veio em 1981, com o nascimento do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão).

Ao longo das décadas de 1980 e 1990, Silvio se dedicou especialmente à consolidação e expansão do SBT, mas nos anos 2000 voltou a se aventurar em novas áreas. Em 2006 fundou a Jequiti cosméticos e, em 2007, inaugurou o hotel Sofitel Jequitimar Guarujá. O Grupo Silvio Santos passou por uma situação delicada no final de 2010, quando foi descoberto um rombo de R$ 4,3 bilhões no Banco PanAmericano.

O empresário cogitou vender todo o seu império e ir morar nos Estados Unidos. Ele, no entanto, resolveu empenhar várias de suas empresas para quitar a dívida e apostou suas fichas na Jequiti, que vem crescendo cerca de 20% ao ano, o dobro da taxa registrada pelo setor de cosméticos.

Política 

Apesar de Silvio Santos não ter ocupado nenhum cargo político, convites não faltaram. Em 1988, ele foi convidado a se candidatar à Prefeitura de São Paulo. Em 1989, foi pré-candidato à presidência da república pelo Partido Municipalista Brasileiro (PMB). O partido, no entanto, não cumpriu exigências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a candidatura não foi validada. Em 1990, o empresário recebeu convite para se candidatar ao governo do estado de São Paulo.

Vida pessoal

O primeiro casamento de Silvio Santos foi com Maria Aparecida Vieira Abravanel, em 15 de março de 1962. Eles se conheceram na Rádio Nacional. Da relação nasceram as duas filhas mais velhas do comunicador, Cintia e Silvia. Cidinha faleceu em 1977, aos 38 anos, em decorrência de um câncer no aparelho digestivo.

O segundo casamento foi em 20 de fevereiro de 1981, com Iris Pássaro Abravanel. Na época, ela trabalhava no Baú da Felicidade. Eles tiveram quatro filhas: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata.

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