Hugo Gloss

Viva corta cenas de ‘Malhação 1998’ por racismo, e diretor comenta decisão

Malhação 1998: Canal Viva anuncia cortes de cenas para reprise e diretor defende decisão (Foto: Nelson Di Rago/ TV Globo)

O Viva anunciou nesta segunda-feira (1º) que a história de “Malhação 1998″ sofrerá alterações para a reprise. A emissora optou por cortar as cenas de blackface – quando pessoas brancas se pintam de preto para representar negros, geralmente de maneira exagerada – da novela teen. A prática remonta ao século XIX quando brancos se pintavam de preto em espetáculos humorísticos para ridicularizar os negros. Na época, os negros eram proibidos de subir aos palcos de teatro e atuar, por conta da cor da pele.

A decisão foi comunicada pelo Viva, através das redes sociais. Na nota, o canal explicou que a mudança não afetará o entendimento da trama. “As obras do Canal VIVA reproduzem comportamentos e costumes da época em que foram realizadas. Eventualmente, algum trecho pode ser excluído desde que não gere prejuízo para a compreensão da narrativa”, afirmou.

No entanto, parte do público do folhetim não aprovou a atitude da emissora, defendendo a exibição das cenas originais. “Não, Vivinha, pelo amor. O aviso já existe, o público mais novo já entendeu que os tempos eram outros, a proposta de vocês é justamente reprisar sem cortes. Isso daí para fazer em todas as produções antigas é um pulo”, escreveu uma internauta. “Não façam isso Canal Viva! O aviso antes de iniciar o capítulo já deixa claro que condiz com costumes da época. Imagina, tantos clássicos do cinema passarem por esses cortes pq hoje não são mais apropriados?! Uma pena!”, argumentou outro. Confira algumas reações abaixo:

Após a repercussão do anúncio, o diretor de conteúdo do Grupo Globo, Erick Bretas, se pronunciou acerca dos cortes. “Olá. Como alguns de vocês estão me marcando aqui, acho importante esclarecer o motivo do corte. Os episódios em questão mostram o plot de uma banda de rastafaris que deveria se apresentar em um concurso de bandas”, iniciou ele.

“A ausência da banda leva um grupo de meninos brancos a se pintarem de preto e se apresentarem no lugar da banda ausente. Um caso de blackface. Em 1998 isso poderia ser tolerado. A sociedade evoluiu e hoje cenas assim são consideradas ofensivas. Esse plot não acontece de forma rápida na trama. As consequências dessa ação duram vários episódios”, justificou o diretor.

Bretas ainda afirmou que, mesmo com o empenho de resgatar clássicos na íntegra, a mudança foi acatada para não ofender telespectadores. “Preservar a memória da nossa teledramaturgia sempre foi um compromisso do Viva e não há como negar o empenho do canal em resgatar clássicos da nossa história. Mas essa missão tem que se equilibrar com os valores da sociedade contemporânea”, escreveu.

“Muitos espectadores poderiam se sentir ofendidos com a reprodução daquelas cenas e com a duração de um plot de blackface por vários capítulos. Respeitamos quem pensa diferente, mas nesse caso prevaleceu o entendimento de respeitar a sensibilidade da audiência de 2023”, destacou ele.

Por fim, Erick endossou a afirmação do Viva e apontou que a história principal não será afetada pelos cortes. “A trama principal pode ser compreendida com a continuação da história. Espero que vocês continuem com a gente. Bom feriado pra todos e todas”, concluiu o diretor.

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