Nesta quarta-feira (28), o jornalista Marcelo Roberto Ferreira Carrião, de 51 anos, foi preso em flagrante por tráfico de drogas, em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo as informações obtidas pelo g1, o ex-apresentador do SBT foi detido com mais oito suspeitos na Operação Dama de Ferro, conduzida pela Polícia Civil.
De acordo com as investigações, ele seria responsável por fornecer substâncias ilegais para uma organização criminosa e teria recebido o apelido de “Vovozinho”. “Marcelo, cujo apelido é ‘Vovozinho’, seria o principal articulador e fornecedor de drogas para esse pessoal. Estamos apurando, agora, de quem o Marcelo comprava esses entorpecentes”, explicou o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais.
Na mesma operação, as autoridades localizaram três estufas de plantação de maconha em uma casa no bairro Vila Matias. “Nos locais, foram encontrados os suspeitos com uma quantidade de droga que ainda estamos apurando. Neste, em particular, encontramos uma plantação de dois irmãos que são fornecedores de drogas para um dos alvos”, acrescentou o delegado.
A defesa do jornalista, porém, sustenta que a droga encontrada com ele seria para “consumo próprio”. “O Marcelo tem mais de 50 anos idade e jamais teve, até o presente momento, nenhum tipo de apuração por crimes dessa natureza. Ele, na verdade, faz uso de entorpecente, e a droga apreendida hoje na residência dele destinava-se ao consumo próprio. Marcelo tem quase 30 anos de jornalismo, uma empresa de transportes, sempre exerceu labor lícito. Trabalha desde os 14 anos”, disse o advogado Marcelo Cruz ao jornal O Globo.
O advogado mencionou, ainda, que aguarda o acesso aos autos do inquérito para se manifestar oficialmente. “Quinta-feira, haverá audiência de custódia, onde a defesa vai fazer o primeiro pedido para que a prisão em flagrante não seja convertida em preventiva. Sobretudo, sustentando o pedido sob alegação de que ele mora há 20 anos no mesmo endereço. Ou seja, poderá ser localizado pela Justiça e não vai se furtar ao chamamento de uma ordem judicial. Muito pelo contrário, tem interesse em esclarecer os fatos e a verdade”, concluiu Cruz.
A Operação
A Polícia Civil estabeleceu a operação Dama de Ferro com o objetivo de prender o grupo, identificado em uma investigação que começou após a prisão de duas mulheres em Santos, no início de fevereiro. A dupla, ainda de acordo com a corporação, tinha um “disk drogas” na cidade – com entregas a domicílio dos entorpecentes. Enquanto uma delas era responsável pela entrega direta, a outra ficava com a logística e intermediava o contato com os fornecedores.
Os nove suspeitos foram identificados a partir de um celular encontrado com elas. Como apontou o delegado Leonardo Rivau, da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes, no aparelho tinham conversas de Carrião com uma das mulheres. “Ele ofereceu a droga, ela fez o pedido e combinou a entrega para que pudesse comprar e revender no Gonzaga”, disse o policial. A operação contou com 39 agentes e 14 viaturas.
Carreira
Marcelo Carrião se formou em Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade Católica de Santos, em 1995. Nas redes sociais, ele se define como “um surfista-jornalista que costuma sorrir para a vida”. Atualmente, é casado e pai de dois filhos.
Ele trabalhou como produtor e repórter na TV Mar, afiliada à TV Manchete, entre 1993 e 2005, e repórter da Rede Record, entre 2005 e 2011. Conforme divulgado por ele mesmo na internet, seu último trabalho foi no SBT, entre 2012 e 2024. No canal, chegou ser o âncora do “SBT Notícias”, ocupando a bancada nos finais de semana e em feriados.
Seu último registro no ar publicado no canal do YouTube da emissora foi em 2018, mas só em 2020, ele foi desligado por “motivos internos”. Em contato com o g1, o SBT informou que Carrião “não trabalha mais no local e não tem nada a declarar”.