Zezé Motta relembra ataques racistas que sofreu após par romântico em novela: “Recados agressivos”; assista

Atriz esteve com Manoel Soares e Patrícia Poeta no “Encontro” desta quinta (17)

Zezé Motta

No “Encontro” desta quinta-feira (17), Zezé Motta relembrou os ataques racistas que sofreu durante a novela “Corpo a Corpo”, de 1985. Na trama, sua personagem era par romântico de, Cláudio, vivido por Marcos Paulo – um homem branco.

O assunto veio à tona durante o quadro TBT, quando Patrícia Poeta mostrou alguns dos nomes interpretados pelo ícone da televisão brasileira, entre eles, a personagem da trama dos anos 80. “Você era a Sônia, contracenava com o Marcos Paulo, eram um casal. O preconceito ultrapassou a ficção, né, Zezé? Eu lembro que parte do público foi muito preconceituosa, muito racista”, pontuou a apresentadora.

Motta, então, confirmou a informação e deu mais detalhes sobre o preconceito que enfrentou: “Na época, foi uma loucura, uma surpresa superdesagradável para todos nós, para o autor da trama, para mim, para o Marquinhos”. “O Marcos Paulo chegava em casa e tinha recados na secretária eletrônica dele. Era aquela época da secretária eletrônica, né? Recados, assim, desaforados, revoltados e agressivos. Dizendo ‘ah, não acredito nesse casal’, ‘você beijando uma mulher horrorosa’”, completou.

Logo em seguida, a artista relembrou um caso que a marcou: “Teve um homem que foi horrível, eu fiquei chocada. Ele falou: ‘Se a Globo me obrigasse a beijar essa negra feia, eu lavaria a boca quando chegasse em casa com água sanitária’”. “Umas coisas horríveis, horríveis“, reforçou, causando choque em toda a plateia. Ela, então, pontuou que “muitas pessoas” também torciam pelo casal. Veja:

Zezé ainda recordou uma outra personagem sua, dessa vez, de “Sinhá Moça” (2006). Na produção, ela vivia Bá, uma mulher escravizada que teve seu bebê roubado e foi obrigada a amamentar a prole dos senhores. “Eu me emocionava porque, em várias cenas, eu pensava: ‘Meu Deus, que pena que não é só ficção. Isso acontece no Brasil, a discriminação’“, lamentou.

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Em outro ponto do programa, a carioca refletiu sobre a presença de personagens negros nas telenovelas. “Teve uma época em que os atores negros não tinham família. Eles, não tinham pais, não tinham mães, não tinham filhos. Eles viviam a reboque dos outros personagens, sempre fazendo serviçais de uma família branca e tal. E, de repente, em  ‘A Próxima Vítima’, eu era uma dona de casa que trabalhava fora, tinha marido, dois filhos. (…) Foi muito incrível, assim, a realização de um sonho, e, também, me senti vencedora de uma luta… que é essa que continua, pro espaço pro ator negro na mídia”, explicou. Confira: 

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