Tutora de um dos 40 cães envenenados na Barra da Tijuca relata últimos momentos com pet: “Não levantava, não reagia”

O ator Cauã Reymond também denunciou o envenenamento de dois de seus cães, Romeu, que veio a óbito, e Shakira, que está internada

A Polícia Civil investiga o envenenamento de mais de 40 cães no Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Desde o início de maio, os animais deram entrada em clínicas veterinárias da região com os mesmos sintomas de intoxicação. Ao menos seis morreram. Após o relato de Cauã Reymond, que denunciou o envenenamento de dois de seus cães — Romeu, que veio a óbito, e Shakira, que está internada —, duas outras tutoras relataram ao g1 que seus cachorros foram também intoxicados.

A delegacia convocou três tutores que registraram queixa. Os investigadores suspeitam que algum pesticida tenha causado as mortes, mas ainda não sabem se o veneno foi colocado nos canteiros da região com a intenção de matar os cachorros ou se algum condomínio espalhou o veneno simplesmente para combater pragas como ratos.

Juliana Salinas, administradora, era dona de uma cachorra chamada Mel, de 11 anos, que morreu há cerca de um mês, após ter passado mal devido a um caso de intoxicação. Ela disse que ficou sabendo de apenas cinco casos até a morte de Mel, no dia 8 de maio. Porém, os relatos começaram a aparecer muito rapidamente em grupos de mensagens de moradores do bairro.

A administradora esteve nesta segunda-feira (10) na Cidade da Polícia, zona norte do Rio, onde fica a sede da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente DPMA. “A Mel não levantava, não reagia. Fomos fazer os exames e ela estava com um caso muito grave de gastrite com hemorragia, pancreatite e o veterinário falou que ela tinha que ficar internada”, contou. “Isso foi em uma segunda-feira. Ela não se alimentou, eles tentaram, mas ela recusava. Na quarta, ela faleceu”, relatou a tutora.

Juliana Salinas perdeu a cadela Mel, de 11 anos, devido à intoxicação (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Desde então, os casos não pararam. Uma amiga veterinária disse que vem todo dia um caso grave. Então, isso não foi uma fatalidade. Já temos vários casos. Quando vimos esse volume, viemos registrar para que isso possa parar”, disse ela.

Isabela Junqueira, publicitária, também relembrou o que viveu com seu cão Dior, de 14 anos. Ela conta que ele avançou nela antes de começar a passar mal, vomitar e sofrer de diarreia. “Eu saí correndo para o veterinário e acho que foi o que salvou a vida dele. Lá, eu fui comunicada que poderia ser um caso de envenenamento”, relatou. O cão teve pancreatite, peritonite e uma gastrite severa.

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Ela disse que, dois dias antes disso acontecer, estavam pulverizando as calçadas com herbicida. Segundo a tutora, funcionários também colocam veneno de rato nos canteiros.  “Os sintomas de um cachorro que é envenenado com essa substância são exatamente o que ele teve”, afirmou. 

Juliana cobrou alguma atitude das autoridades: “A gente não quer que nenhum outro cachorro passe mal, nem crianças. Porque a gente sabe que criança toca em tudo, cai, passa a mão na boca. Alguma atitude tem de ser tomada”.

Cães de Cauã Reymond envenenados

O caso repercutiu após Cauã Reymond denunciar o envenenamento de dois de seus cães, Romeu, que veio a óbito, e Shakira, que está internada. Nas redes sociais, ele relatou o caso.

“Oi, pessoal, tudo bem? Envenenaram meus dois cachorros, provavelmente com carne com chumbinho. Não sei se fizeram isso para tentarem roubar minha casa depois, qual foi o motivo de terem feito isso, não consigo entender. Mas quem fez isso é uma maldade. Quem tem bichinho em casa, cuida, ama, não quer ver seu cachorro envenenado. Não desejo nada de mal pra ninguém, mas eu estou muito triste”, admitiu Cauã.

Já neste domingo (9), o galã agradeceu aos fãs pelo apoio que tem recebido. “Fala, pessoal, tudo bem? Estou aqui para agradecer todo o carinho de vocês, o amor que eu recebi. Foram muitas as mensagens, fiquei surpreso com a quantidade. Não consigo responder uma a uma, mas estou aqui agradecendo a cada um de vocês. Muito obrigado pela atenção, pelo cuidado, por tudo”, agradeceu.

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Em seguida, ele atualizou o estado de saúde de Shakira. “Mando também aí uma energia positiva, muito carinho, desejo tudo de bom para as famílias e pessoas que também perderam seus bichinhos. É muita maldade isso. Para quem quiser saber da Shakira, minha cachorrinha, ela está se recuperando, mas ainda está internada. Então vamos fazer um pensamento positivo para ela sair dessa”, finalizou Reymond.

Após os vídeos, ele publicou um compilado de momentos de Romeu e escreveu: “Meu Romeuzin se foi. Nunca pensei que seria tão triste e dolorido. Te amo, meu amigo Memeu. Descansa”. Veja tudo:

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Investigações

O caso é investigado pela DPMA com o apoio da Comissão de Defesa dos Animais da Câmara Municipal da capital fluminense. “A gente ainda não sabe se esse envenenamento foi deliberado, se foi uma pessoa que colocou o veneno, ou alguma empresa que aplicou algum produto tóxico”, informou o presidente da organização, Luiz Ramos Filho.

“A gente faz um apelo aos síndicos, aos administradores de condomínio, não só do Jardim Oceânico, mas de toda a cidade, para que não utilizem produtos tóxicos em canteiros. Porque isso pode causar danos tanto nos animais quanto nas pessoas, e pode também levar à morte”, alertou ele.

O presidente da Câmara, Carlo Caiado, também se pronunciou sobre as denúncias de envenenamento. “Esse caso é grave. São muitos animais e, consequentemente, famílias atingidas por esse crime. A limpeza é necessária para retirar o veneno, mas vamos atuar fortemente também para investigar e chegar ao responsável por esse ato”, garantiu.

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