O julgamento de Daniel Alves continuou nesta quarta-feira (7), com um dos depoimentos mais aguardados do processo: o do próprio jogador. Em trechos divulgados pelo UOL e pelo g1, Alves respondeu as perguntas de sua advogada, Inés Guardiola, por cerca de 20 minutos, e chegou a chorar em um dos momentos.
O atleta é acusado de estuprar uma mulher em uma boate em Barcelona, no fim de 2022. De acordo com sua versão, a relação sexual foi consentida e causada pelo excesso de álcool. Desde a prisão, em janeiro de 2023, ele mudou seu depoimento cinco vezes, colocando no último deles o uso da bebida como um dos principais atenuantes.
Segundo Alves, ele chegou às 2h30 da madrugada na boate e dançou um tempo com duas mulheres, que depois convidaram outras três. Na ocasião, o brasileiro disse ter bebido sozinho quase três garrafas de vinho, além de outras duas garrafas de vinho e uma garrafa de uísque japonês junto de três amigos.
Ao falar da denunciante, que não teve seu nome revelado, o futebolista alegou que ela começou a se aproximar de forma maliciosa e “tocou em suas partes íntimas”. “Fomos para o banheiro, ela começou a fazer sexo oral em mim. Depois, sentou em minhas pernas e eu tirei [o pênis] para ejacular”, descreveu, inclusive demonstrando posições que teriam acontecido no ato sexual. Ele afirmou que “em momento algum [ela] pediu para parar”.
A advogada ainda questionou as versões anteriores dadas pelo jogador, e ele apontou que mudou sua declaração da audiência de instrução por causa da ex-esposa, Joana Sanz. “Sim. Com diferença de que não falei do sexo oral porque poderia pegar mal com a minha mulher”, continuou. O jogador remeteu ao depoimento de Sanz, e contou como teria chegado em casa após o ocorrido. “Bruno [Brasil] me levou para casa, minha esposa já estava dormindo. Deitei e dormi”, declarou, reforçando que não voltou a falar com a jovem depois de sair do banheiro.
Quando foi questionado sobre a denúncia, Alves começou a chorar, afirmando que soube do caso pela imprensa. Ele também soltou lágrimas ao comentar de sua condição financeira. “Perdi todos os meus contratos”, disse.
Resposta do Ministério Público
A promotora responsável pelo caso não negou que a mulher tenha ido voluntariamente ao banheiro, contudo, reafirmou que ela não sabia o que havia no local. A responsável também destacou que a jovem não mudou seu discurso desde o primeiro momento.
Para o Ministério Público, nada indica que houve consentimento, inclusive trechos do ato que foram descritos pela mulher, como o fato do jogador ter dado “tapas em seu rosto” e a chamado de “p*tinha”.
Vinte e oito testemunhas foram convocadas para os depoimentos, entre eles a jovem espanhola que acusa o brasileiro, além do próprio Daniel Alves. O Ministério Público pede nove anos de prisão.
O julgamento
No primeiro dia (5), a mulher que o denuncia deu uma declaração de 1h15, confirmando o relato de que foi estuprada e agredida pelo brasileiro no banheiro de uma área VIP da discoteca Sutton, em 30 de dezembro de 2022. Outras duas mulheres o acusaram de apalpá-las na mesma noite. Já a defesa, representada pela advogada Inés Guardiola, mencionou que Daniel Alves se diz vítima de um “tribunal paralelo” feito pela opinião pública.
No dia seguinte (6), Joana Sanz foi ouvida pela Justiça espanhola, relatando que o marido chegou em casa “visivelmente alterado” naquela noite. Robert Massanet, um dos sócios da boate, também prestou depoimento. Ele revelou que encontrou a denunciante chorando e compartilhou o que, segundo ela, aconteceu no banheiro do local. O gerente da boate e o chef Bruno Brasil, que estava com o jogador, já falaram na audiência. Clique aqui para saber os detalhes.
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