Entregador denuncia racismo ao ser impedido de subir em elevador de prédio no RJ; assista

João Eduardo Silva de Jesus registrou o momento em que é impedido de fazer a entrega por moradora

O entregador João Eduardo Silva de Jesus denuncia que foi vítima de racismo ao tentar usar o elevador de um edifício, no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu no último domingo (4), e foi registrado em boletim de ocorrência como injúria por preconceito. O jovem, de 18 anos, filmou o momento em que foi impedido de fazer a entrega.

João Eduardo afirmou ao Metrópoles que foi ao local para realizar a entrega de água para um morador. “Me deparei com essa mulher impedindo minha entrada. Mandando eu me dirigir para o ‘elevador de serviço’“, explicou. Nas imagens gravadas, uma moradora o impede de usar o elevador, obstrui a entrada do mesmo e alega que ele precisa usar o “elevador de serviço”.

Você não vai subir aqui não“, impõe a moradora. “Por que não vou subir?“, questiona o jovem. “Pela sua ousadia“, responde a mulher. “Me diz onde está a ousadia“, rebate o entregador, afirmando que não existe “elevador de serviço” no prédio. João afirma não estar fazendo nada de errado, e que apenas deseja realizar sua entrega.

Ele também diz no vídeo que existe uma lei estabelecida sobre elevadores sociais e de “serviço”. “Isso é uma lei agora. A senhora não sabe? Se a senhora não sabe, está sabendo agora. E eu vou subir sim“, acrescenta. Em 2023, Eduardo Paes (PSD), atual prefeito do Rio de Janeiro, sancionou uma lei que proíbe o uso dos termos “elevador social” e “elevador de serviço” em prédios privados da cidade carioca. O objetivo é coibir qualquer tipo de discriminação.

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Ainda assim, a mulher ameaça chamar o porteiro. Outros moradores e visitantes passam pelo elevador e tentam ajudar João Eduardo, mas sem sucesso. Hildeia Magalhães França, uma das moradoras, disse ao RJ2, da TV Globo, que nunca tinha visto um entregador ser barrado no elevador. Ela também explicou que a placa de elevador de serviço foi substituída por outra, em que consta a palavra “funcional”. E o uso é comum.

A lei também obriga os edifícios a colocar uma placa dentro os elevadores vedando qualquer forma de discriminação. No entanto, nenhuma placa foi encontrada no elevador do prédio, segundo o RJ2. A discussão teve fim quando o porteiro chegou ao local e pediu para que o entregador saísse do elevador para evitar mais confusão.

Ela fez tanta questão de uma coisa tão fútil, sabe? Um pouco pela minha cor também e pela classe social, talvez por eu ser entregador. É triste, é desgastante também. Desgaste emocional, estou um pouco abalado. A gente acorda cedo para trabalhar, para correr atrás do pão de cada dia e se depara com pessoas assim“, desabafou o jovem, em entrevista à emissora. A moradora não se pronunciou. Assista ao momento:

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