A estreia da série “Dançando para o Diabo“, da Netflix, está causando novos desenrolares para a investigação do chamado “culto de Tiktokers”. Após Miranda Derrick compartilhar uma declaração sobre seu envolvimento com a Igreja Shekinah, responsável pela agência 7M Films, foi a vez de sua irmã, Melanie, comentar os acontecimentos exibidos no documentário.
No seriado, os espectadores acompanham a dupla conhecida como Wilking Sisters, irmãs dançarinas que administravam um popular canal do TikTok com milhões de seguidores. Miranda e Melanie eram muito próximas, até que Miranda se associou à Igreja Shekinah, fundada por Robert Shinn na década de 1990. Em depoimentos, ex-participantes contam como a igreja incentivou os membros a romper o contato com os familiares e a doar grande parte de seu dinheiro para dízimos.
Em entrevista ao Access Hollywood, Melanie manteve sua versão da história, afirmando que Miranda abandonou os parentes após entrar na suposta seita. Segundo a influencer, a irmã foi “contatada muitas vezes” pela Netflix antes do lançamento do documentário, porém, ela “recusou todas as vezes”. Desde que Miranda começou a frequentar as atividades da Igreja Shekinah, Melanie percebeu que algo estava estranho: “Naquele momento, sabíamos que ela estava em uma seita”.
Melanie também explicou que, depois de participar de alguns eventos com a organização, ela teve percepções sobre a 7M que Miranda negligenciava. “Fui a dois de seus jantares privados e a dois dos cultos para os quais você precisa ser convidado, e percebi todos esses sinais de alerta. Então, quando ela está dizendo que não apoiávamos, era porque eu estava vendo o que ela não estava vendo. Eu estava vendo que eles queriam nos separar. Basta olhar onde estamos”, acrescentou.
A dançarina destacou que as objeções de sua família tinham a ver com o envolvimento de Miranda com o pastor Robert Shinn. “É claro que se ela quisesse continuar sua jornada espiritual de uma forma que não fosse com alguém como Robert, isso seria fantástico. Evitaria tudo isso”, declarou.
Depois do sucesso de “Dançando para o Diabo”, Miranda apareceu em suas redes sociais para detonar a atração. Melanie, por sua vez, aproveitou a oportunidade para enviar um recado para a irmã. “Eu gostaria que ela assistisse ao documentário porque, pelo depoimento que ela divulgou, fica muito óbvio que não fez isso. E então, eu gostaria que ela assistisse porque é muito mais profundo do que apenas a nossa família”, disse. Ela finalizou: “Apenas eduque-se e saiba que nós amamos você de todo o coração”. Assista à entrevista completa:
Como tudo começou
Em 2019, Miranda recebeu uma mensagem de um influenciador chamado James “BDash” Derrick. A dupla colaborou em um vídeo de dança e, depois, começou a namorar. Na época, o cinegrafista de James, Isaiah Shinn, apresentou ao casal um grupo religioso, conhecido como Igreja Shekinah, fundado décadas antes pelo pai de Isaiah, Robert Shinn.
Durante o início da pandemia de 2020, o casal passou um tempo com a família Wilking no Michigan, Estados Unidos, mas, quando Miranda voltou para sua casa em Los Angeles, a irmã começou a perceber que ela estava muito retraída e distante. Em janeiro de 2021, Miranda decidiu não comparecer ao funeral do avô após dizer que precisava da permissão de “alguém mais próximo de Deus” para voltar para casa. Mais tarde naquele ano, ela e James ficaram noivos e se casaram sem a presença de ninguém da família dela.
No ano seguinte, a família das irmãs decidiu expor toda a situação em uma live no Instagram, o que fez vários relatos parecidos pipocarem na web. De acordo com ex-dançarinos que participaram da 7M, Robert reformulou a igreja para se envolver especificamente com influencers famosos do TikTok, aproveitando sua vulnerabilidade como aspirantes a artistas que se mudaram para Los Angeles para realizar seus sonhos. Eles disseram que acabaram dando a Robert a maior parte de sua renda por meio de dízimos, além de terem sido obrigados a participar de longas sessões de estudo bíblico tarde da noite e cortar totalmente o contato com a família.
Nos últimos anos, Robert entrou com uma ação alegando difamação e calúnia comercial contra alguns ex-membros da igreja. No entanto, um grupo se juntou para abrir uma queixa associando a Igreja a fraude, trabalho forçado e tráfico de seres humanos. O caso deverá ir a julgamento em julho do próximo ano.
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