A morte de turistas estrangeiros em Vang Vieng, um popular destino de mochileiros no Laos, Sudeste Asiático, tem gerado grande preocupação. De acordo com a imprensa local, dois mochileiros dinamarqueses teriam alertado um amigo sobre um “drink batizado” poucas horas antes de falecerem.
Na conversa, os dinamarqueses relataram sintomas graves, dizendo que estavam “vomitando sangue há horas”. Após essa mensagem, eles perderam contato com o amigo e foram encontrados mortos pouco depois.
Assim como as australianas Bianca Jones e Holly Bowles, os dinamarqueses – cujas identidades não foram divulgadas – participavam de uma festa no dia 12 de novembro, onde ocorreu a suposta intoxicação. Ao todo, cerca de 12 turistas adoeceram após consumirem bebidas alcoólicas possivelmente adulteradas com metanol, um álcool tóxico usado em indústrias como solvente, pesticida e combustível.
Os turistas afetados precisaram ser hospitalizados na Tailândia, país vizinho, onde começaram a apresentar os sintomas. Entre os 12 intoxicados, 6 faleceram: 2 australianas, 2 dinamarqueses, 1 britânico e 1 estadunidense, conforme relatado pela imprensa internacional.
Falta de informações oficiais
Apesar da gravidade do caso, dados sobre o uso de metanol em bebidas no Laos são escassos. O governo do país, um regime comunista de partido único, mantém sigilo rigoroso sobre informações, e a polícia evita divulgar detalhes das investigações. O que se sabe até o momento, é que as autoridades locais não confirmaram oficialmente o envenenamento por metanol como a causa das mortes. Os resultados de exames toxicológicos das bebidas consumidas pelas vítimas também não foram divulgados.
No entanto, parentes relataram à imprensa que os turistas haviam consumido drinques em um albergue em Vang Vieng. Este depoimento fortalece a suspeita de intoxicação por metanol.
Um oficial da Polícia de Turismo de Vang Vieng, que se recusou a se identificar, também se manifestou. Em conversa com a Associated Press, na sexta-feira (15), ele revelou que “várias pessoas” foram detidas no caso, mas que nenhuma acusação foi apresentada ainda. Funcionários do Nana Backpacker Hostel – local onde tudo aconteceu e que continua funcionando, mas não está aceitando novos hóspedes – confirmaram que o gerente e o proprietário estavam entre os detidos.
O problema veio à tona em meio ao aumento do turismo na cidade de Vang Vieng, que se tornou favorita entre os mochileiros de todo o mundo, pois surge como uma alternativa de destino de ecoturismo. Em meio a tudo isso, a falsificação de bebidas destiladas se tornou recorrente no Laos – o que reforça a hipítese das autoridades locais sobre a intoxicação. Para baratear os custos, algumas marcas falsificadas de bebidas conhecidas têm usado a substância para aumentar a potência das bebidas.
Diante dos riscos, governos de países como Austrália e Grã-Bretanha emitiram alertas aos seus cidadãos, recomendando cautela no consumo de bebidas no Laos. A Embaixada dos Estados Unidos também orientou turistas americanos a adquirirem bebidas apenas de fornecedores licenciados e a verificarem sinais de adulteração.
Na última sexta-feira (22), a agência de notícias estatal do Laos, KPL, informou que as autoridades continuam coletando evidências e depoimentos de testemunhas. Um comunicado oficial com as conclusões da investigação deve ser divulgado “em breve”.
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