ouça este conteúdo
|
readme
|
Taís Araújo revelou, em entrevista à jornalista Aline Midlej para a Vogue Brasil, um episódio de racismo sofrido por seu filho mais velho, João Vicente, de 14 anos. A conversa, publicada nesta segunda-feira (7), abordou os desafios da maternidade sendo mãe de jovens negros e incluiu o relato de uma abordagem feita por um segurança.
“Minha vida é pedir que João Vicente não saia desarrumado na rua. Estou evitando um trauma“, explicou Taís ao ser questionada sobre suas maiores preocupações com os filhos.
Ela contou que o episódio em questão aconteceu em um condomínio durante uma viagem de férias, quando o adolescente estava com um amigo. “Recentemente, viajamos de férias, alugamos uma casa num condomínio no Brasil e um segurança o parou. Ele e um amigo, um amigo preto também, os dois de bicicleta. Perguntou se eram moradores“, relembrou.
A atriz ainda compartilhou o que disse ao filho no momento em que tudo aconteceu: “Falei para ele que se fosse um menino branco, de olho azul, seria diferente”.
Sobre as recomendações que faz a João Vicente, Taís explicou que ele costuma questionar e argumentar. “Ele quer desafiar. Ele fala: ‘Até parece. Roupa não significa nada, não determina se a pessoa é boa ou não’“, contou.
Apesar de concordar com os pensamentos do filho, a esposa de Lázaro Ramos reforçou a necessidade de orientá-lo para protegê-lo: “Ele vem com uns conceitos em que ele está certo. Não deveria significar nada mesmo. Mas falo: ‘Cara, neste país, isso vai te proteger’. Conversas dificílimas. É o desafio de criar crianças pretas no lugar de privilégio, né?!“.

A intérprete de Raquel, em “Vale Tudo”, também falou sobre essa experiência de criar filhos negros em ambientes com mais recursos, e pontuou as diferenças entre sua geração e a atual. “Hoje eles têm alguns amigos pretos na escola, mas poucos. A gente não tinha ninguém. Eles se juntam, é bonito. Os meninos mais do que as meninas“, disse ela, que também é mãe de Maria Antônia, de 10 anos.
Ao comentar sobre os vídeos em que aparece cuidando do visual da caçula, ela ressaltou a importância desses momentos para a autoestima de meninas negras. “O nosso cabelo é a nossa vida. Deixo pegar tudo, maquiagem, cremes, já começou a usar minhas roupas. Cuidar do cabelo é um programa nosso“.
