Polícia faz descoberta sobre padrasto suspeito de envenenar jovem com bolinho de mandioca em SP

Padrasto é suspeito de envenenar Lucas da Silva, de 19 anos, e agora também é investigado por abuso sexual e violência doméstica

Lucas da Silva, de 19 anos, foi internado em estado grave na sexta-feira (11), após ingerir um bolinho de mandioca no bairro Alvarenga, em São Bernardo do Campo (SP). Nesta quinta-feira (17), os três irmãos da vítima denunciaram o padrasto, Ademilson Ferreira dos Santos, por abusos sexuais ocorridos durante a infância. Segundo informações da Folha de S. Paulo, o homem — já preso e suspeito do envenenamento — será alvo de uma nova investigação.

A delegada responsável pelo caso, Liliane Lopes Doretto, do 8º DP do município, relatou que os irmãos compareceram à delegacia para depor sobre o episódio envolvendo Lucas. Durante a oitiva, surgiram relatos que apontam indícios de abusos cometidos por Ademilson.

“Sim [havia histórico de violência e abuso]. Contra o Lucas eu não posso afirmar. Contra os outros irmãos que aqui vieram, eles depuseram e há sim falas deles nesse sentido. Lógico, é um crime difícil de provar porque faz algum tempo, mas ainda não prescreveu e, efetivamente, eu vou instaurar um inquérito de crime de abuso sexual contra ele”, afirmou a delegada.

De acordo com as autoridades, os irmãos relataram ter sido vítimas de abusos físicos e sexuais entre os 4 e 9 anos de idade, situações que teriam se prolongado durante anos.

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Além das agressões físicas e sexuais, Ademilson também teria praticado abusos psicológicos. A delegada o descreveu como uma pessoa “manipuladora” e afirmou que Lucas pode ter sofrido subjugação e sido vítima de “crime contra sua sexualidade, reiteradamente, ao longo de muitos anos”.

Ainda segundo o inquérito, antes do envenenamento, Ademilson teria se queixado do enteado a um pastor, alegando que Lucas queria sair de casa e admitindo que teve vontade de matá-lo, mas resistiu ao impulso. Para Doretto, “essa decisão do jovem e a perda do controle que ele [Ademilson] exercia sobre a família podem, sim, ser a motivação”.

A mãe de Lucas contou à polícia que, enquanto o filho passava mal após comer o bolinho, Ademilson não apresentou reação. “Na verdade, a mãe falou que quando o Lucas convulsionou, que foi uma cena horrível, ele se dirigiu até a cozinha para tomar um café. Ele nem tentou tirar o carro da garagem. Ele ficou tomando café”, detalhou a delegada.

Lucas segue internado em estado grave. (Fotos: Arquivo pessoal; Prefeitura de São Bernardo do Campo)

Doretto acrescentou: “Eu agora já tenho elementos para a prisão preventiva [sem prazo]. É o que eu vou fazer nesses 15 dias, aguardar os laudos pertinentes. Não tenho mais nenhuma dúvida, nenhuma testemunha para ser ouvida, e aí sim, vou representar pela [prisão] preventiva”.

Em nota, a Secretaria de Saúde de São Paulo atualizou o estado de saúde do jovem. Segundo o órgão, Lucas permanece internado em estado grave. “Foi desligada totalmente a sedação para avaliar possível sequela neurológica. Os resultados oficiais dos exames toxicológicos estão em andamento”, explicou a pasta, acrescentando que segue prestando a melhor assistência possível e que está à disposição das autoridades para auxiliar no esclarecimento do caso.

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Prisão

Ademilson teve a prisão preventiva decretada nesta quarta-feira (16). Segundo os investigadores, ele passou a ser o principal suspeito do envenenamento após apresentar contradições em seu segundo depoimento.

Inicialmente, a principal suspeita era Cláudia Perreira dos Santos Daliessi, tia de Lucas, que também segue sendo investigada. Contudo, o caso tomou um novo rumo quando a polícia identificou declarações contraditórias por parte de Ademilson, que, de acordo com Doretto, foi o responsável por preparar e servir os alimentos consumidos no dia em que o jovem passou mal.

Lucas está internado em estado grave. (Foto: Arquivo pessoal)

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Além da suspeita de envenenamento, Ademilson também será investigado por abuso sexual e violência doméstica. Ele nega todas as acusações e, até o momento, não apresentou defesa.

“Eu não tenho dúvida de que Ademilson é provavelmente o autor desse crime. Houve uma reviravolta no caso. Estou aguardando os laudos médicos, mas já tenho elementos para representar pela prisão temporária dele. Ele foi o único que manipulou os bolinhos e entregou pessoalmente para o Lucas”, disse Doretto, ao UOL.

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