Mulher atacada pelo ex-namorado com mais de 60 socos recebe homenagem em Natal e dá forte relato: “Estou me reerguendo”; assista

Ataque foi registrado por uma câmera de segurança, que captou o momento em que Igor encurrala a vítima antes de iniciar a série de agressões

Juliana Garcia, 35, foi homenageada na Câmara Municipal de Natal com a Comenda Maria da Penha após sobreviver a uma brutal tentativa de feminicídio. Em 26 de julho, o ex-namorado Igor Cabral a agrediu com mais de 60 socos em um elevador, deixando múltiplas fraturas. Em discurso, ela destacou a importância da rede de apoio e incentivou outras mulheres a denunciarem a violência. Igor segue preso.

A estudante Juliana Garcia, de 35 anos, foi homenageada na Câmara Municipal de Natal nesta segunda-feira (25). Ela recebeu a Comenda Maria da Penha após sobreviver a uma agressão brutal, quando o então namorado, Igor Eduardo Pereira Cabral, desferiu mais de 60 socos contra ela dentro de um elevador de condomínio em Ponta Negra, na Zona Sul da capital. O crime ocorreu em 26 de julho e deixou Juliana com múltiplas fraturas na face e mandíbula, exigindo uma cirurgia de mais de sete horas para reconstrução. Igor foi preso e se tornou réu por tentativa de feminicídio.

Durante a sessão solene, Juliana discursou pela primeira vez desde o ataque. “Eu me sinto honrada e muito feliz em representar um caso de resistência, um caso de uma pessoa que conseguiu, mesmo diante de tanta agressão, de uma tentativa de feminicídio, mesmo assim, eu consegui me levantar e estou me reerguendo”, afirmou, emocionada. Ela relatou que ainda enfrenta sequelas: “Meu rosto do lado direito ainda não está piscando bem, eu não tenho movimento ainda muito bem coordenado, mas a gente acredita que com a fisioterapia vai dar tudo certo”.

Juliana ainda destacou a importância do suporte que recebeu desde a agressão. “Gostaria de ressaltar também a importância da rede de apoio, porque uma mulher que tem a quem recorrer, ela se sente mais encorajada, ela consegue mesmo retomar a sua vida longe do agressor”, disse. Ela aproveitou e deixou um recado para outras mulheres: “A importância que eu percebo é de dar visibilidade para que as mulheres se sintam encorajadas a denunciar seus agressores. Se eu consegui dar a volta por cima, elas também podem”.

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No plenário, parlamentares reforçaram o peso simbólico da homenagem. “Ver um vídeo como esse, com a tamanha brutalidade e selvageria com que você foi, faz com que a gente repense muitas coisas”, destacou uma vereadora, classificando o caso como um alerta contra a violência doméstica.

Juliana também projetou seus próximos passos, afirmando que pretende retomar os estudos e o trabalho, além de participar de palestras e rodas de conversa. “Tenho certeza que Deus me usou como instrumento para dar voz a outras mulheres, para dar visibilidade. Eu nunca gostei de holofotes em cima de mim, mas se fez necessário; então, agora eu vou fazer uso deles para ajudar outras mulheres”, finalizou.

Assista:

 

Relembre o caso

A agressão contra a estudante Juliana Soares, de 35 anos, ocorreu no dia 26 de julho, dentro do elevador de um condomínio em Natal. As câmeras de segurança registraram o momento em que o ex-namorado dela, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, desferiu 61 socos em apenas 34 segundos. A violência deixou consequências graves: três fraturas na região do olho direito, uma fratura extensa abaixo do nariz, outras menores na maçã do rosto e a mandíbula quebrada.

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De acordo com as investigações, a motivação teria sido uma crise de ciúmes do agressor. Juliana relatou, em entrevista ao “Fantástico”, que decidiu permanecer dentro do elevador justamente para garantir que as câmeras registrassem a cena. “Ele foi até o elevador em que eu estava para tentar me convencer a sair. Mas eu não saí, porque sabia que, se saísse, não haveria câmeras para registrar o que acontecesse. Ele disse que eu ia morrer e começou a me agredir. Do décimo sexto andar até o térreo, ele me esmurrava sem parar”, contou.

A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou Igor por tentativa de feminicídio, encaminhando o caso ao Ministério Público. O órgão reforçou a necessidade de manter a prisão preventiva, alegando “gravidade dos fatos, periculosidade do indiciado e necessidade de proteção à integridade física e psicológica da vítima”. Igor foi transferido para a Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-Mirim, onde alegou ter sido agredido por agentes penitenciários.

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Igor teve a prisão preventiva determinada no dia 26 de julho, logo após o episódio de agressão contra Juliana. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Em nota, a defesa do ex-jogador admitiu o ataque, mas atribuiu o episódio a um “contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional”. “Lamento profundamente que minha conduta, influenciada por um contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional, tenha contribuído para essa situação. Embora as circunstâncias ainda estejam sendo apuradas, sinto a necessidade sincera de expressar meu pedido de perdão a todos que, de alguma forma, foram afetados”, declarou.

A advogada da vítima, Renata Araújo, destacou que a decisão de Juliana foi crucial para a elucidação do caso. “Se ela tivesse saído, não teríamos os registros desse crime bárbaro, dessa tentativa de feminicídio”, afirmou.

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