Suspeito de deixar mala com corpo de mulher no RS revela quem era a vítima; polícia confirma identidade

Ricardo Jardim, de 66 anos, era considerado foragido por assassinar e concretar a própria mãe em 2015

Nesta sexta-feira (5), Ricardo Jardim, acusado de abandonar uma mala com os restos mortais de uma mulher na rodoviária de Porto Alegre (RS), revelou à polícia a identidade da vítima. Segundo o suspeito, tratava-se de sua namorada. De acordo com o portal gaúcho GZH, o homem, de 66 anos, foi detido na quinta-feira (4) em uma pousada no bairro São João.

A vítima foi identificada como Brasília Costa, de 65 anos. Natural de Arroio Grande (RS), ela trabalhava como manicure. Segundo o Correio do Povo, o irmão de Brasília é sargento da Brigada Militar no município de Jaguarão (RS).

Ricardo e Brasília eram vizinhos e mantinham um relacionamento amoroso há cerca de seis meses. No momento em que foi abordado, o homem estava com o celular dela. A família não teria dado falta porque ele usava o telefone fingindo ser a mulher, conforme o delegado. Por isso, o desaparecimento não havia sido registrado.

Ricardo Jardim foi preso nesta quinta-feira (4), em Porto Alegre. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Em coletiva de imprensa, realizada nesta manhã (5), o delegado Mario Souza informou que o homem “é extremamente educado, frio e aparentemente muito inteligente”. As investigações apontaram que ele foi o autor do crime e a vítima era sua namorada. O caso é tratado como feminicídio.

Conforme as autoridades, Jardim teria cometido o crime “com a intenção de afrontar a sociedade”. “A investigação foi um trabalho feito à moda antiga, de muita caminhada na rua, fotos nas mãos e conversas com as pessoas, além de modernas técnicas de apuração. Foi um trabalho de dias ininterruptos”, explicou Souza, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

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A polícia ainda procura o crânio da vítima. A identificação será realizada através de outros exames periciais, já que a impressão digital não pode ser feita porque os dedos foram cortados. “Este homem não pode estar em condições de convívio na sociedade. É uma pessoa que tem capacidade altíssima de cometer crimes“, afirmou Souza.

Mala estava no guarda-volumes da Estação Rodoviária de Porto Alegre (Foto: Jonathan Heckler/Agência)

Segundo o delegado, o crime teria motivações financeiras, pois o homem teria tentado utilizar cartões de crédito da vítima e movimentar contas bancárias dela. As autoridades apuram agora se Jardim agiu sozinho, devido aos cortes feitos para desmembrar o corpo exigirem habilidade nesse tipo de ação.

O caso

Um tronco humano foi encontrado na segunda-feira (1º), dentro de uma mala grande abandonada há 12 dias no guarda-volumes da Estação Rodoviária de Porto Alegre. O corpo, já em estado avançado de decomposição, estava envolto em sacos plásticos pretos e exalava forte odor, o que levou os funcionários do terminal a abrir a bagagem e acionar a polícia.

Área foi isolada após descoberta (Foto: Jonathan Heckler/Agência RBS)
Homem que receberia a mala não tem vínculo com o crime. (Foto: Reprodução/GZH)

Segundo a Polícia Civil, a mala foi deixada no local em 20 de agosto. Imagens de câmeras de segurança mostram Jardim deixando a bagagem no setor de guarda-volumes, com instruções para que fosse retirada por outra pessoa. O homem para quem a mala foi destinada já prestou depoimento. Ele não teria qualquer relação com o suspeito, conforme a polícia.

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O Instituto-Geral de Perícias (IGP) também confirmou que outras partes de um corpo (membros inferiores e superiores) achadas em 13 de agosto, no bairro Santo Antônio, pertenciam à mesma pessoa. Para subsidiar o pedido de prisão preventiva, os agentes usaram o DNA encontrado nessas partes e na mala, que coincide com o do suspeito.

Jardim não resistiu à prisão e conversou educadamente com os agentes. Os policiais também apuraram que ele usava inteligência artificial para criar perfis falsos em redes sociais e atrair mulheres para se relacionar com ele.

Veja:

Condenado pela morte da mãe

Na coletiva, a polícia revelou que Jardim também é autor de outro crime. Em 2018, ele foi condenado a 28 anos de prisão por matar e concretar a própria mãe, Vilma Jardim, de 76 anos, três anos antes. O corpo foi localizado dentro de um armário, com a porta selada com concreto, em seu apartamento. A apuração indicou ainda que o móvel havia sido feito sob medida. Para o Ministério Público, Jardim matou a mãe para ficar com R$ 400 mil de um seguro de vida do pai, que havia morrido em dezembro de 2014.

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O homem foi considerado culpado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e meio cruel), ocultação de cadáver e posse de arma. Na ocasião, Jardim negou ter matado a mãe, assumindo apenas que escondeu o corpo. Ele deveria ter cumprido 27 anos em regime de reclusão e um ano em regime aberto ou semiaberto. No entanto, acabou conseguindo progressão de regime e era considerado foragido.

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