A apresentadora Lívia Braz foi demitida da Record, na tarde dessa quarta-feira (11), após a eclosão de um escândalo de racismo na sucursal da emissora em Brasília. Segundo o Notícias da TV, funcionários da afiliada participariam de um grupo de WhatsApp, no qual mensagens de cunho racista eram enviadas, a respeito de outros colegas da redação. Lívia nega que tenha feito parte do chat.
Ao todo, seis profissionais foram desligados desde as denúncias. Lívia, que refutou qualquer envolvimento no caso, foi comunicada de sua demissão antes do início do DF Record — principal telejornal da emissora local —, comandado por ela. Braz trabalhou na emissora por mais de 12 anos e era a única mulher a integrar o time de âncoras do canal regional.
A polêmica veio à tona após o blog “Mundo Negro” divulgar prints de mensagens supostamente enviadas no chat intitulado “Resistência”. Em um dos textos, uma das repórteres teria chegado a comparar os lábios da vítima com um ânus, e outra teria chamado uma colega negra de “Patolino”, o pato preto da animação “Looney Tunes”.
Diante disso, a assessoria de Lívia divulgou o seguinte comunicado à imprensa: “A jornalista Lívia Braz informa que não faz parte do grupo ‘Resistência’ citado na matéria. Reforça também que sua demissão não teve nenhuma relação com o suposto caso de racismo que teria acontecido na Record Brasília. Lívia trabalhou durante 12 anos na emissora, passou por diversos programas da casa e sempre se dedicou ao máximo. A apresentadora recebeu com surpresa e pesar a notícia sobre a sua demissão, mas sai com a sensação de dever cumprido e sua vida profissional segue pautada pela ética, dignidade, respeito pelo próximo e compromisso com a verdade”.
João Beltrão, que ocupava o cargo de diretor de jornalismo em Brasília, também foi dispensado, após medir esforços para que Lívia não perdesse seu emprego. Outro motivo teria sido a recusa do executivo em se mudar para São Paulo por fins profissionais. Antonio Guerreiro, vice-presidente de jornalismo da emissora, decidiu então o desligar e colocou Domingos Fraga, ex-diretor do portal de notícias da afiliada, para designar a função.
Após a decisão, um grupo de funcionários publicou um texto em apoio a João Beltrão. Confira abaixo:
“A Redação da Record Brasília vem por meio desta carta manifestar total apoio ao jornalista João Beltrão. João sempre foi um chefe respeitoso, atencioso, leal e de bom caráter. Nunca se viu João alterar a voz, lançar piadas sobre qualquer funcionário, cometer injúrias raciais ou defender comportamento preconceituoso. Portanto, as acusações contra João são infundadas. Neste tribunal do júri popular que virou a internet é preciso uma pausa e apurar os fatos com fontes diferentes antes de buscar cliques e cravar a ‘notícia’.
Ao expor a figura de um homem, também é exposta sua dignidade, família, caráter e valores. Nós como jornalistas devemos lembrar disso diariamente e repensar nossa função. Mais uma vez reiteramos que, durante esses 14 anos, João foi rígido quando necessário e humano, na maior parte das vezes.
Mas sua serenidade e lealdade foram sua marca.
Força, João. Estamos com você.”