Uma mulher bem resolvida consigo mesma! Convidada da edição especial do orgulho LGBTQ+ da Variety neste mês, a modelo e atriz Cara Delevingne concedeu uma entrevista franca, falando sobre sua pansexualidade, os relacionamentos amorosos que teve no passado e o assédio que sofreu Harvey Weinstein no início da carreira.
Para a publicação, a britânica explicou que se identifica como pansexual, já que sua atração sexual, romântica ou emocional, independe do sexo ou da identidade de gênero. “Acho que sempre vou permanecer pansexual. Seja como for que alguém se defina, sejam ‘eles’, ‘ele’ ou ‘ela’, eu me apaixono pela pessoa — e é isso. Estou atraída pela pessoa”, contou. “Quando eu pude falar sobre minha sexualidade livremente, não estava mais escondendo nada. A pessoa que eu mais escondi era eu mesma”, desabafou.
Se atualmente ela consegue ter uma visão clara sobre sexualidade, o caminho para chegar a esse ponto exigiu que ela ignorasse os rótulos que as pessoas colocavam nela. “O problema é que eu mudo muito. Eu me sinto diferente o tempo todo. Alguns dias, me sinto mais feminina. Alguns dias, me sinto mais masculina”, entregou. Uma das pessoas que tiveram um papel negativo em seu processo de aceitação foi Harvey Weinstein, que cumpre uma sentença de 23 anos de prisão por estupro e agressão sexual.
https://www.instagram.com/p/CA-bv9GH09O/
No início da sua carreira, o produtor a chamou em seu quarto de hotel e tentou beijá-la a força. “Harvey foi uma das pessoas que me disse que eu não podia estar com uma mulher e também ser atriz”, relembrou. A modelo revelou que chegaram a sugerir que ela devia ter um namorado de fachada. “Você conversa com um cara e eles ficam tipo, ‘Vou fingir estar com você, mas não te amo de verdade?’ Eu meio que acho que quando fui empurrada nesta direção, mais eu percebi o quanto precisava ir para o outro lado”, avaliou.
Em 2018, Delevingne se abriu sobre a fluidez da sua sexualidade com os fãs, e lembrou de achar que nunca sentiria a necessidade de se assumir abertamente. “Foi meio que tipo, ‘Esta é quem eu sou. Só para você saber'”, falou. No início do mês de maio, ela terminou seu namoro de dois anos com a atriz Ashley Benson, da série “Pretty Little Liars”.
Embora tenha optado por não falar sobre o relacionamento especificamente, ela assumiu que pagou um preço alto por namorar publicamente uma pessoa tão famosa quanto ela. “Sempre me senti mal por qualquer pessoa com quem já estive em um relacionamento. É muito difícil manter a normalidade. Acho que é por isso que tenho tendência a manter minha vida privada muito mais privada agora, porque essa coisa pública pode realmente arruinar muitas coisas”, entregou.
A artista também recordou o período em que começou a perceber que gostava de meninas. Por volta dos 11 anos, ela começou a se interessar por uma amiga de escola. “Lembro-me de perceber: ‘Eu gosto mais dela do que ela gosta de mim’. E eu lembro que ela fez amizade com outra pessoa e fiquei com o coração partido”, disse. Aos 15 anos, ela teve um colapso mental e começou a usar antidepressivos.
“Quando eu tinha 17 anos, meus antidepressivos não estavam mais funcionando. Eu me odiava naquele momento. Eu pensava: ‘Eu nunca vou chegar a nada. Vou morrer'”, confessou. Cara Delevingne entende que boa parte deste sentimento era consequência por não poder viver abertamente. “Eu acho que segurar essa coisa dentro de mim foi fundamental para o fato de eu ter explodido da maneira que eu fiz mentalmente. Mas eu não tenho vergonha disso. Eu uso minhas cicatrizes como se fossem joias”, analisou.