Parece filme, mas não é! Esta semana, uma mulher foi presa em Connecticut, nos Estados Unidos, depois de supostamente ter roubado mais de meio milhão de dólares de seu marido. Como ela fez isso? Convencendo-o de que ele tinha Alzheimer. Oi?!
Segundo informações da “Patch”, Donna Marino, de 63 anos, foi capturada pela polícia nesta quarta-feira (27), e acusada de furto de primeiro grau (ou seja, que envolve abuso de confiança ou mediante fraude), bem como falsificação. Durante a investigação da polícia, foi descoberto que Marino fraudou o marido, que não teve seu nome divulgado, em mais de US$ 600.000 (aproximadamente R$3,38 milhões) ao longo de duas décadas.
JUST IN: East Haven PD arrest Donna Marino, 63, in connection with years long alleged thefts of monies from her husband totaling $600,000. EHPD say Marino convinced her husband he was suffering from Alzheimer's and used power of attorney to deposit his funds in secret accounts pic.twitter.com/qDrhkRb2XC
— newsbell (@newsbell) October 28, 2021
O sucesso do suposto golpe teria envolvido, além do falso diagnóstico de Alzheimer (doença neurodegenerativa progressiva, que se manifesta por meio de deterioração cognitiva e da memória de curto prazo, além de uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais), a falsificação da assinatura do marido em documentos legais, cheques de pensão, acordos monetários e, ainda, pagamentos de previdência social.
“[Marino] fraudulentamente obteve uma procuração para seu marido, fazendo com que um amigo [não nomeado pelo veículo] que é tabelião, assinasse o documento legal quando seu marido não estava presente”, disse Joseph M. Murgo, capitão da polícia de Connecticut. “Ela então usou seu status de procuração para arquivar impostos de forma fraudulenta em nome de seu marido”, pontuou o policial.
A filha da vítima, identificada como Elena, revelou que seu pai se casou com Donna em 2009 e que, nos anos que sucederam a união, a jovem viu que a pontuação de crédito de seu pai havia caído centenas de pontos. A situação lhe pareceu estranha e foi quando ela começou a suspeitar da madrasta, Donna. “Eu fui à cidade de East Haven [onde Donna e o marido moram] e vi que havia um penhor de impostos sobre a casa dele. Então, eu tentei entrar em contato com meu pai, mas ela tinha os telefonemas do meu pai sendo redirecionado para o telefone dela”, revelou.
A polícia afirmou que recebeu uma queixa do marido pela primeira vez em março de 2020. O homem disse que não sabia o que estava acontecendo até que o caso foi levado ao seu conhecimento, pela filha, em março de 2019. Ele, então, afirmou aos investigadores que levou algum tempo para considerar suas opções. O capitão Murgo, que comandou a investigação, revelou que o marido contou aos investigadores que a esposa controlou as finanças da família durante todo o casamento, e que ele passou a maior parte do tempo completamente inconsciente de que ela estava lhe roubando desde 1999.
Elena, então, descobriu que Donna convenceu o pai de que ele foi diagnosticado com Alzheimer e que ele “simplesmente não se lembrava de ter ido à consulta”. “Ela estava inventando histórias pela manhã, dizendo que ele estava correndo pela casa atrás dela. Que ele estava perseguindo ela, dizendo ‘saia da minha casa, eu não te conheço'”, relembrou a jovem, em entrevista ao site Eyewitness News. Os familiares não suspeitaram do diagnóstico, pois a mãe da vítima sofria de Alzheimer.
Segundo a polícia norte-americana, após todo esse processo, Donna então depositou a quantia roubada em uma conta bancária, que manteve em segredo do marido. Mas não acabou por aí! Não bastassem os documentos fraudados e o roubo do dinheiro, Marino também foi acusada de penhorar os pertences da vítima, como joias e moedas raras, de alto valor, sem o conhecimento dele.
Os investigadores afirmaram que Marino só conseguiu continuar o esquema por mais de 20 anos após convencer o marido sobre a suposta deterioração mental. “Ela acreditava que convencê-lo de que tinha Alzheimer o impediria de ir ao banco, no fim das contas, para descobrir os saldos baixos de suas contas”, contou Joseph.
Por fim, eles descobriram, também, a finalidade que Marino deu ao dinheiro. Segundo depoimento da criminosa, a quantia costumava “ser usada para ajudar seus outros membros da família com coisas como aluguel, comida e pagamentos de carro” — tudo isso sem o conhecimento ou consentimento de seu marido.
Elena disse que contar a seu pai o que estava acontecendo foi uma das coisas mais difíceis. “Ele olhou para mim e disse: ‘Querida, isso é verdade, estou falido?’. E eu disse: ‘Sim pai, você está falido’. Eu lhe contei e ele começou a chorar. Imagine ver seu pai chorando. Foi terrível… E ele perguntou: ‘Eu tenho Alzheimer?’. E eu disse: ‘Pai, você não tem Alzheimer. Ela está mentindo para você'”, relembrou a jovem. Elena mudou seu pai para a Flórida e, de acordo com a entrevista, ambos estão felizes que a justiça está sendo feita.
Marino foi presa em 27 de outubro e sua fiança foi fixada em US$ 25 mil (aproximadamente R$141 mil). Ela enfrentou um juiz ontem, 28 de outubro, em New Haven, cidade em Connecticut. Sua sentença não foi divulgada.