A norte-americana Kelly Renner Turner, de 43 anos, assinou um acordo legal no qual confessou ter mentido que a filha estava doente somente para conseguir doações. Segundo matéria da CNN publicada nesta quarta-feira (5), a mulher, que mora no Colorado, Estados Unidos, também era acusada pelos crimes de abuso infantil, roubo e o assassinato da filha de sete anos.
A história ganhou repercussão em 2012, quando mãe e filha receberam cerca de US$ 23 mil (cerca de R$ 130 mil) em doações e bastante atenção da mídia internacional, principalmente após a realização da “lista de desejos” de Olivia Gant, de sete anos. Na época, a mulher declarou que a menina tinha nascido prematura e sofria de autismo, convulsões, atrasos no desenvolvimento, entre outras doenças.
No acordo, Kelly Turner se declarou culpada de roubo, fraude de caridade e abuso de crianças, causando a morte por negligência de Olivia, de acordo com a Procuradoria do 18º Distrito Judicial. Vikki Migoya, porta-voz do procurador distrital, disse que as outras acusações, incluindo homicídio, foram retiradas como parte do acordo de confissão. A CNN entrou em contato com a advogada de Turner, mas ela não respondeu às perguntas.
Olivia morreu em agosto de 2017, depois que a própria mãe assinou uma ordem para “não ressuscitar” a menina, dizendo aos médicos que a qualidade de vida dela era muito ruim para a manter viva. A causa da morte foi originalmente atribuída à insuficiência intestinal, mas depois que o corpo da menina foi exumado, em 2018, uma autópsia não encontrou nenhuma evidência do problema ou das outras doenças que Kelly alegava que a filha possuía. Além disso, a acusação ainda defendeu que a criança teve os cuidados médicos interrompidos pela mãe.
Diversos médicos também disseram aos investigadores que as “condições” do corpo da menina não constituíam doença terminal, mas que ela estava desnutrida quando faleceu. Muitos manifestaram dúvidas e ofereceram tratamentos psicológicos para Turner, que recusou todos e continuou afirmando que Olivia sofria de doenças graves.
De acordo com a CNN, uma investigação foi aberta em 2018, depois que Turner levou outra filha a um hospital do Colorado e disse que ela tinha sido tratada por câncer no Texas. Na ocasião, um dos médicos determinou que era tudo mentira, e os funcionários do hospital encontraram artigos, blogs, posts nas redes sociais e notícias em que a mulher afirmava que a filha sofria de condições como dores nos ossos, mas que não eram apoiadas por registos médicos.
A mulher também teria recebido quase US$ 600 mil (mais de R$ 3,4 milhões na cotação atual) em benefícios “Medicaid”, além de doações de instituições de caridade e arrecadações online através da plataforma GoFundMe. A leitura da sentença final está marcada para 9 de fevereiro.