O renomado diretor Francis Ford Coppola, responsável pela trilogia “O Poderoso Chefão”, refletiu em entrevista recente para a GQ sobre o atual cenário dos filmes de estúdio e a indústria cinematográfica como um todo. Coppola ainda aproveitou a oportunidade para alfinetar os filmes da Marvel.
No papo com o veículo, Francis não fez rodeios ao compartilhar suas opiniões sobre o cinema moderno. Apesar de sua influente filmografia, Coppola argumentou que Hollywood é um “lugar difícil”, principalmente depois que os serviços de streaming tomaram conta e as pessoas se ‘esqueceram de como é bom ir ao cinema’. O cineasta então apontou o fenômeno mais moderno de franquias, como as produções da Marvel Studios. “Costumava haver filmes de estúdio… agora há filmes da Marvel. E o que é uma produção da Marvel? Um filme da Marvel é um protótipo de filme que é feito repetidamente para parecer diferente”, alfinetou o diretor.
Mais tarde na entrevista, Coppola se aprofundou na crítica. “Eu sempre digo aos meus filhos, como a [diretora vencedora do Oscar] Sofia: ‘Deixe seus filmes serem pessoais. Sempre torne isso o mais pessoal possível, porque você é um milagre, que está vivo. Então sua arte será um milagre porque reflete coisas de uma pessoa que não existe outra igual’. Considerando que se você faz parte de uma escola [de cinema] ou ‘Sim, eu vou fazer um filme da Marvel, e essa é a fórmula e eu entendo e farei o meu melhor’, com certeza ainda terá sua individualidade, mas como arte, faça isso e faça outra coisa. Mas se você vai fazer arte, que seja pessoal. Que seja muito pessoal para você”, pontuou.
Em 2019, Coppola já havia protagonizado uma polêmica parecida, quando defendeu o amigo, Martin Scorsese, depois que o diretor descreveu os filmes da gigante dos quadrinhos como “não cinema”. Na época, Coppola declarou sentir o mesmo e classificou os longas como “desprezíveis“. “Quando Martin Scorsese diz que os filmes da Marvel não são cinema, ele está certo porque esperamos aprender algo com o cinema, esperamos ganhar alguma coisa, algum esclarecimento, algum conhecimento, alguma inspiração… ver o mesmo filme várias vezes”, afirmou Francis. “Martin foi gentil quando disse que não é cinema. Ele não disse que é desprezível, o que eu apenas digo que é”, reforçou.
Por fim, o diretor esclareceu seu ponto de vista referenciando os sucessos de bilheteria “Duna” e “007 – Sem Tempo para Morrer” – produções que ele considera “bons filmes”, mas que classifica como obras semelhantes. “Mesmo as pessoas talentosas – você pode pegar “Duna”, feito por Denis Villeneuve, um artista extremamente talentoso, e você pode pegar “Sem Tempo Para Morrer”, dirigido por Cary Fukunaga – você poderia pegar sequências de ambos e colocá-las juntas. Sempre há a mesma sequência em que os carros colidem uns com os outros”, criticou. “Todos eles têm essas coisas neles, e quase precisam tê-las, se quiserem justificar seu orçamento”, concluiu.