O ginecologista Renato Kalil afirmou à polícia que a esposa, Ilana Kalil, encontrada morta na madrugada de segunda (14) na residência do casal em São Paulo, tinha “irritabilidade frequente” e contava com acompanhamento psiquiátrico regular. As informações são do Universa, do UOL, que teve acesso ao boletim de ocorrência registrado na 89ª DP de São Paulo. No documento, consta que a nutricionista morreu por suicídio.
Exames residuográficos em Ilana e Renato foram pedidos, a fim de detectar vestígios que podem indicar o uso de armas de fogo. As autoridades solicitaram ainda que um médico legista comparecesse à casa do então casal para “retirar qualquer dúvida quanto ao disparo” e para avaliar a “possibilidade de constatação de manuseio da arma por outra pessoa”. Foi pedido também um exame toxicológico da vítima.
De acordo com a versão prestada por Renato à polícia, Ilana tomava remédios controlados para tratar de sua irritabilidade, mas nos últimos dois anos, os problemas da nutricionista passaram a ser mais constantes. Ainda em seu relato, Kalil afirmou que, no último domingo (13), horas antes da morte da instrumentadora cirúrgica, ambos haviam discutido e, durante madrugada, a mulher teria ficado nervosa por conta de seu Instagram.
O último post dela, nos Stories, dizia: “Fui censurada de novo. E lá vai… Quem viu, viu. Quem não viu, não vai ver mais. E viva a ditadura”. No boletim de ocorrência, há referência ao episódio de forma genérica. “Ilana estava revoltada por ter tido que apagar [uma publicação no] Instagram por questões outras que o casal vinha enfrentando”, aponta o documento.
O casal então se deitou por volta da uma da manhã, mas Ilana não teria conseguido dormir e, depois de 40 minutos, foi para o andar inferior da casa. Ainda segundo depoimento apresentado pelo médico, por volta de 3h40 da madrugada de segunda-feira, ele teria ouvido um tiro e, então, encontrado a mulher já morta na sala. Antes de falecer, a nutricionista, entretanto, teria enviado mensagens ao marido se despedindo e deixado uma carta sobre a mesa de jantar, ao lado de uma garrafa de bebida.
Kalil disse que acionou os seguranças da rua onde vive e estes, então, chamaram socorro e a polícia. O médico informou que a pistola pertencia a seu pai, estava escondida e em situação regular. Ele afirmou também que a mulher não sabia manusear armas. Os policiais ainda vão analisar o laudo do IML (Instituto Médico Legal) e da perícia no local para confirmar o suicídio ou abrir outra linha de investigação.
Aos 40 anos, Ilana deixa duas filhas, frutos de seu casamento com o médico. Além de trabalhar com nutrição, ela também era instrumentadora cirúrgica de Renato. Recentemente, Ilana havia saído em defesa do marido nas redes sociais, após Kalil ser acusado de violência obstétrica no parto de Shantal Verdelho.
Acusações contra Renato Kalil
Renato Kalil ganhou as manchetes em dezembro do ano passado, quando áudios e vídeos do parto de Domenica, segunda filha de Shantal e Mateus Verdelho, viralizaram na web. No material vazado sem a autorização da influenciadora, o médico teve sua conduta condenada pela jovem. Após as denúncias, Shantal pediu a instauração de um inquérito policial para investigar se houve violência obstétrica. Desde então, ela já prestou depoimento à polícia. O Ministério Público aguarda a conclusão das investigações e vai avaliar as provas para eventual oferecimento de denúncia contra o obstetra.
Em entrevista ao jornal O Globo, Samantha Pearson, jornalista britânica e correspondente do “The Wall Street Journal” no Brasil, também fez acusações contra Renato Kalil. Uma reportagem exibida pelo “Fantástico” trouxe denúncias ainda mais sérias, como abuso sexual e assédio por parte do médico.
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