Paraskevi, do Masterchef Brasil, revela que sofreu 18 abortos e comenta síndrome rara: ‘Tenho 18 filhos de coração’

A cozinheira se abriu sobre o problema de saúde e narrou sua trajetória até aceitar que não poderia ser mãe biológica

Paraskevi

Paraskevi Kotta, participante da atual temporada do “MasterChef Brasil“, da Band, emocionou o público ao dividir um pouco da sua experiência tentando ser mãe. A grega, que mora no Brasil há quase dez anos, revelou que sofreu 18 abortos nos mais de 20 anos em que tentou gerar um bebê.

Amamos o valor da família. Sempre falávamos que queríamos quatro filhos, mas infelizmente eu tinha muitos abortos“, contou a cozinheira em entrevista ao site da Band, divulgada nesta terça-feira (12). “Tive mais de 18 abortos, muitos mesmo“, revelou. Paraskevi detalhou que é portadora de uma síndrome rara que dificulta a gestação. Apesar de não dizer o nome da doença, ela explicou que seu corpo produz uma taxa elevada de anticorpos. Por isso, sempre que engravidava, seu próprio organismo eliminava o feto.

Fiz tudo o que precisava para ter um filho e tratamentos com os melhores médicos da Grécia. Eu gerava o bebê e depois sofria o aborto. Era um aborto muito rápido, a maioria de gêmeos. Quando eu ficava grávida, o meu corpo achava que não era algo bom“, contou.

Contudo, a grega aprendeu a lidar com a situação. “Sofri muito, mas depois de tudo isso, eu pensei: ‘A vida não é só você estar casada e ter filhos. A vida é boa e, por isso, precisamos aproveitar e valorizar a vida como Deus nos ofereceu“, refletiu. “Para a gente, não era para ter filhos, mas nesse momento, eu tenho mais de 18 filhos de coração’“, acrescentou ela no relato comovente.

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Paraskevi e o marido estão juntos há 33 anos. (Fotos: Band / Divulgação)

Brasileira de coração

Durante a entrevista, Paraskevi ainda falou um pouco de sua relação com o Brasil. Nascida em Tessalônica, ela deixou escapar que já esteve em terras brasileiras antes de se mudar definitivamente. “Eu visitei o Brasil há 23 anos com meu marido, como turista. Ficamos dois meses, para conhecer o Brasil e o tio do meu esposo. Nos apaixonamos muito, vocês são um povo maravilhoso“, se derreteu.

Em seguida, os dois – que estão juntos há 33 anos – começaram a buscar maneiras de viver legalmente no país. Há cerca de uma década, o casal desembarcou por aqui graças ao visto de estudante do esposo. “Eu tinha 44 anos, tinha minha empresa, funcionários, tinha uma vida muito boa na Grécia… Mas eu e meu marido queríamos ‘pular’ num sonho que sempre tivemos“, relembrou.

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A cozinheira visitou diversos países, mas se apaixonou pelo Brasil. (Fotos: Band / Divulgação)

O meu sangue é grego e isso nunca vou mudar. Sou grega, mas no meu coração me sinto brasileira. Quando entro no uber, em uma loja ou quando falo bom dia, todos entendem que sou estrangeira. Fico brava quando me tratam como estrangeira. Gente, eu sou brasileira!“, brincou.

Além de ser apaixonada pela cultura local, Paraskevi também busca exercer seu papel como cidadã. Ela relatou os trabalhos sociais que faz no país com mulheres vítimas de abuso sexual. “Quando eu estava em Curitiba, eu criei amizade com várias mulheres. (…) Eu criei amizade com elas e as convidava para a minha casa, para tomar café, conversar. Queria me aproximar dessas mulheres para entender também a cultura através delas, porque eu sou mulher“, pontuou. “As pessoas confiam muito em mim… Em uma semana, essas mulheres me contaram as histórias delas. Uma foi abusada pelo tio, a outra também contou a história dela. Enfim, fiquei uma semana sem conseguir dormir, eu chorava. No meu coração, eu pensava ‘como eu posso ajudar essas mulheres?‘”, se questionou.

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Para apoiá-las, Paraskevi e uma amiga procuraram mais informações sobre o tema: “Sou muito organizada, fiz carreira de business, entendo como funcionam algumas coisas. Procurei algumas ONGs e cursos para saber como ajudá-las. Há dois anos, comecei com uma amiga este processo de entender como fazer isso. Nesse momento, temos cinco polos em três estados. São mais de 80 mulheres e as ajudamos com palestras on-line, encontros, conversas. Também temos psicólogos, psicanalistas“.

Depois da pandemia, as pessoas estão muito só. A nossa missão é abraçar e falar ‘eu estou aqui com você’“, disse a cozinheira. “Acho que é por isso que Deus quis que eu estivesse no Brasil, para ajudar essas mulheres“, concluiu.

Confira a entrevista: