Na semana passada, o HBO Max liberou os últimos episódios de “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez“. A produção revela detalhes do crime que chocou o país há cerca de 30 anos e ganhou grande repercussão nas redes sociais, levantando o debate sobre o caso. No documentário, os diretores optaram por mostrar imagens impactantes do momento em que o corpo da atriz foi encontrado. Em entrevista à Band divulgada nesta terça-feira (2), Tatiana Issa e Guto Barra explicaram o que motivou a decisão.
Segundo Tatiana, a exibição das imagens foi um pedido pessoal da autora Gloria Perez, mãe de Daniella. “Em um primeiro momento nos perguntamos se deveríamos mostrar as fotos do crime, que são tão chocantes. Mas a Gloria sempre achou importante mostrá-las justamente para que as pessoas pudessem ver e relembrar a brutalidade bárbara e cruel que foi esse crime e o que fizeram com a filha dela”, afirmou.
“As pesquisas foram feitas com muito cuidado, muito estudo, baseadas sempre nos autos do processo. Nos debruçamos em todos os documentos, laudos, em toda a cobertura feita na época e nos arquivos pessoais da Gloria”, completou.
Daniella Perez foi morta com 18 perfurações no corpo, em 1992, quando saía de uma gravação da novela “De Corpo e Alma”, da Globo, da qual era protagonista. Guilherme de Pádua, autor do crime, interpretava Bira na mesma trama. Na época, ele alegou que matou a colega por “acreditar que seu papel estava sendo reduzido, enquanto a jovem ganhava destaque“.
De acordo com Tatiana, mostrar a realidade evita a criação de “versões mentirosas” sobre o crime. Esta, inclusive, era outra preocupação dos familiares de Daniella. “O que sempre chocou a Gloria e a família era o uso constante das fotos da novela com os personagens Bira e Yasmim, dando margem para versões mentirosas e machistas que foram perpetuados durante tantos anos”, contou a diretora.
Outra preocupação dos diretores com a série documental era provar que Guilherme e Daniella nunca se envolveram romanticamente: “É imprescindível que a série consiga esclarecer de uma vez por todas que isso (o romance) nunca aconteceu. Essa narrativa faz parte de um viés sempre machista, de tentar culpabilizar a vítima, transformar os fatos a favor dos criminosos, perpetuar inverdades, muitas vezes convenientes para vender revistas e jornais. Isso precisa acabar. A série se baseia nos autos do processo, nos julgamentos de ambos e na verdade do crime”.
Guilherme de Pádua aguardou o julgamento na prisão, e foi condenado em 1997. Em 1999, no entanto, recebeu a liberdade condicional e abandonou a carreira artística, levando uma vida longe dos holofotes. Hoje, atua como pastor em uma igreja evangélica, em Belo Horizonte.