Depois de participar de manifestações a favor do direito das mulheres iranianas, Amir Nasr-Azadani foi condenado à morte pela Justiça de seu país. O jogador de futebol – que chegou a atuar na principal liga e na seleção juvenil do Irã – havia participado de um ato no dia 17 de novembro. No local, três oficiais militares foram mortos.
A manifestação fez parte dos protestos contra a morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro, enquanto ela estava sob custódia da Polícia da Moralidade. A jovem de apenas 22 anos havia sido abordada em Teerã, capital do país, por não usar o hijab corretamente, já que seu cabelo estava parcialmente descoberto. Ela foi detida pelos policiais e acabou morta em circunstâncias misteriosas, o que mobilizou protestos pelo Irã afora.
Três dias depois da manifestação, Nasr-Azadani e outras oito pessoas foram acusadas de arquitetar o atentado contra o Coronel Esmaeil Cheraghi e outros dois membros da Força de Resistência Basij. O atleta de 26 anos foi enquadrado num tipo de crime chamado “moharebeh” – algo próximo de “declarar guerra contra Deus”, segundo o IranWire.
Uma fonte ouvida pelo site, entretanto, contesta as alegações. Segundo a testemunha, Nasr-Azadani compareceu a alguns protestos, mas não esteve na área onde os militares foram mortos. Ela ainda afirmou que a presença de Amir nos atos foi curta e limitou-se a entoar palavras de ordem durante algumas horas.
Depois da sentença, a Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol se manifestou sobre o caso. “A FIFPRO está chocada e enojada com relatos de que o jogador de futebol profissional Amir Nasr-Azadani pode ser executado no Irã depois de fazer campanha pelos direitos das mulheres e pela liberdade em seu país. Nos solidarizamos com Amir e pedimos a revogação imediata de sua punição“, afirmou.
FIFPRO is shocked and sickened by reports that professional footballer Amir Nasr-Azadani faces execution in Iran after campaigning for women’s rights and basic freedom in his country.
We stand in solidarity with Amir and call for the immediate removal of his punishment. pic.twitter.com/vPuylCS2ph
— FIFPRO (@FIFPRO) December 12, 2022
Ali Karimi, ex-jogador do Bayern de Munique que também atuou na equipe iraniana, demonstrou seu apoio ao iraniano. “Seja a voz de Amir Nasr Azadani, uma das vítimas deste país que mata jovens. Não executem Amir“, escreveu nas redes sociais.
صدای امیر نصر آزادانی یکی از قربانیان قدرتنمایی حکومت بچهکش باشیم.
امیر را اعدام نکنید.#مهسا_امینی #امیر_نصرآزادانی #اعدام_را_متوقف_کنید pic.twitter.com/eDEaBzFwQr— ali karimi (@alikarimi_ak8) December 10, 2022
Essa não é a primeira vez que o Estado iraniano se volta contra um atleta da região. Na segunda-feira (12), o lutador Majid Reza Rahnavard foi enforcado em um guindaste de construção, de acordo com a agência estatal de notícias Mizan.
Rahnavard havia sido condenado depois de esfaquear dois membros das Forças de Segurança iranianas. Ele foi o segundo manifestante a ser executado na semana passada – e o primeiro a ter seu corpo exibido publicamente. Depois do ato, imagens do corpo de Majid ainda foram divulgadas pela mesma agência.
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