Solto, mas banido! Saiba o que aconteceu com torcedor que invadiu jogo na Copa do Catar com bandeira LGBTQIA+

O italiano Mario Ferri chegou a ser preso pela polícia catari, mas foi liberado horas depois. O torcedor, entretanto, acabou banido do evento e não poderá mais assistir às partidas

Mario Ferri Falco

Mario Ferri, italiano conhecido por invadir partidas de futebol vestindo a camiseta do Super-Homem, foi liberado pela polícia. O homem de 35 anos foi preso após invadir o campo da partida entre Portugal e Uruguai na Copa do Mundo do Catar, nesta segunda-feira (29), em protesto a favor da Ucrânia e dos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+.

Ferri, apelidado de “Il Falco” (‘O Falcão’, em português) pela mídia italiana, surgiu no gramado vestindo a camiseta do herói fictício com os dizeres “Respeito pelas mulheres iranianas” atrás, e “Salvem a Ucrânia” na frente, enquanto balançava uma bandeira de arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQIA+. No Catar, como se sabe, as relações entre pessoas do mesmo sexo são punidas como crime.

Mario foi perseguido e rapidamente contido pelos seguranças, mas imagens da façanha viralizaram ao redor do mundo. Em seu Instagram, após ser liberado, Ferri explicou o que motivou sua atitude e agradeceu o apoio que recebeu na web.

“ESTOU DE VOLTA! Vou chamá-la (a invasão) de “A ÚLTIMA DANÇA”, minha última corrida em um campo de jogo, e queria enviar mensagens importantes para mim que vivi na minha pele nos últimos meses”, começou ele. “Uma mensagem para o Irã onde tenho amigos que sofrem, onde as mulheres não são respeitadas: O MUNDO DEVE MUDAR, podemos fazer isso juntos com FORTES gestos que vêm do coração, COM CORAGEM”, incentivou Mario.

“A FIFA baniu braçadeiras de capitão com arco-íris e bandeiras de direitos humanos nas arquibancadas, bloquearam todo mundo, MAS NÃO EU! Como um Robinhood 2.0, levei a mensagem do POVO. Queremos um mundo livre que respeite todas as raças e todas as ideias”, destacou.

Por fim, Il Falco concluiu o recado com uma mensagem emocionante de paz e um agradecimento ao apoio do público. “SALVEM A UCRÂNIA. Fiquei um mês na guerra em Kiev como voluntário e vi o quanto aquela gente está sofrendo. QUEREMOS PAZ NA UCRÂNIA! Obrigado por todas as mensagens de amor vindas do mundo, do Irã e da Ucrânia. Quebrar as regras se for por uma boa causa NUNCA É CRIME!”, finalizou.

Continua depois da Publicidade

Histórico de invasões ao campo

Os protestos e invasões de Ferri começaram por causas não tão humanitárias. A “tradição” teve início quando ele invadiu uma partida em 2010, em protesto contra o então técnico italiano Marcelo Lippi pela não escalação de Antonio Cassano para o time nacional. Ferri recebeu um abraço de Cassano, mas o atacante não foi escolhido.

Depois disso, os protestos começaram a acontecer por causas beneficentes. Mario se pronunciou antes da final do Mundial de Clubes da Inter de Milão em 2010 vestindo uma camisa que trazia “Free Sakineh”, em referência a uma iraniana que corria o risco de ser apedrejada. Já em 2014, ele protestou na Copa do Mundo contra as favelas e a pobreza aqui no Brasil, durante jogo entre a Bélgica e os Estados Unidos, pelas oitavas de final.

Continua depois da Publicidade

Ao todo, Il Falco, que também é jogador, já realizou 11 invasões durante grandes campeonatos ao redor do mundo. O rapaz afirmou que, depois do ocorrido, ele foi bem tratado pela polícia catari e, ainda, que se encontrou com o presidente da FIFA, Gianni Infantino.

“Escolhi o melhor cenário para mandar as mensagens. Quando me prenderam, o Infantino (presidente da FIFA) desceu e perguntou: ‘Por quê? Por quê? Por quê?’. Ele se lembrava das outras [invasões em] Copas. Eu disse: porque jogamos polícia e ladrão. Eu contra 5 mil”, revelou o italiano, em conversa com o Globo Esporte.

Banido da Copa

Ferri, que tem ingressos para partidas do Brasil e dos EUA na Copa, diz que chegou a fazer um acordo com a organização. “Assinei uma declaração para que eu não voltasse a fazer isso. Mas eles me permitiram ver as partidas. Eu pedi: “Posso ver as partidas?”. Disseram: “Sim, você é bem-vindo. Pode permanecer no Catar. Entenderam bem a mensagem”, declarou. No entanto, horas depois, ele acabou banido pela organização do Mundial.

Após a invasão do campo que ocorreu durante a partida de Portugal x Uruguai na noite passada, podemos confirmar que o indivíduo envolvido foi liberado logo após ser retirado do campo. Sua embaixada foi informada. Como consequência de suas ações, e como de praxe, seu Hayya Card foi cancelado e ele foi banido de estar em futuras partidas neste torneio“, informou o Comitê Supremo do Legado da Copa do Mundo.

Sobre o protesto a favor da comunidade LGBTQIA+, Mario citou a atitude da FIFA, de punir jogadores que tentaram usar a braçadeira ‘One Love’. “É preciso muita coragem para exibir essa bandeira (do arco-íris) aqui, em um mundo arábico perigoso. Vetaram Neuer, vetaram todos os capitães, mas não a mim. O Falcão pousou”, concluiu.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques