Nesta sexta-feira (8), a Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou Yuri de Moura Alexandre por lesão corporal e injúria por homofobia devido ao episódio de agressão à Victor Meyniel. O caso aconteceu no dia 2 de setembro na portaria de um prédio em Copacabana, Rio de Janeiro. As informações foram dadas pelo delegado João Valetim Neto, da 12ª DP, que falou com a imprensa depois do segundo depoimento do ator.
De acordo com o delegado, Victor reafirmou o que já havia dito no primeiro depoimento, de que as agressões começaram depois que ele questionou sobre se o estudante de Medicina era assumidamente homossexual. Neto ainda falou que a declaração às autoridades da amiga de Yuri, Karina Carvalho, não trouxe fatos novos a ponto de desfazer as acusações contra ele. Assim, as investigações foram encerradas e o caso foi enviado ao Ministério Público.
“A Polícia Civil encerrou as diligências e tudo que foi produzido desde o dia do flagrante foi encaminhado à Justiça. Enviamos ao MP, que vai decidir se oferece denúncia pelas mesmas acusações. Chegamos a pensar que o depoimento da Karina Carvalho trazia novos fatos, mas eles não eram relevantes porque nada justificava aquela agressão”, informou o delegado.
No relato, Victor ainda negou tenha ameaçado Yuri ou tenha sido inconveniente com a amiga dele, como havia sido relatado por Karina à policia. O artista contou que, em um determinado momento, sentiu um “climão” entre Yuri e Karina e que a partir daí “passou a tentar deixar o clima mais leve”, buscando mais contato com a mulher.
Ele falou que “em nenhum momento, em seu entender, foi deselegante ou inconveniente, ao contrário, tentou a todo momento ser amigável”. “Victor contesta o depoimento [de Karina]. Não foram apresentadas provas de nenhuma importunação. E uma importunação não quer dizer necessariamente que corresponda a um crime. Victor dá uma outra versão, mas que não é conflitante com o que disse anteriormente. As lesões foram causadas pela repulsa dele (Yuri) ser chancelado de gay”, disse o delegado, de acordo com O Globo.
Segundo o ator, ele já tinha sido empurrado com violência no elevador, antes mesmos dos socos que recebeu na portaria. A violência na entrada do prédio teria acontecido após Victor questionar ao agressor: “Qual o problema, ninguém sabe que você é assumido?”. De acordo com o ator, Yuri teria tido um ataque de fúria neste momento, repetindo várias vezes as frases “Eu não sou viado, viado é você” e “Eu não sou viadinho, viadinho é você”.
O artista passará por um novo exame de corpo de delito, com o intuito de definir se a autuação será lesão corporal gravíssima. Yuri também foi indiciado por falsidade ideológica por ter apresentado uma carteira da aeronáutica, como se fosse médico da instituição. O porteiro Gilmar José Agostini, por sua vez, foi indiciado por omissão de socorro, e seu caso já foi enviado ao Juizado Especial Criminal.
Relembre o caso
Victor Meyniel foi agredido no sábado (2) na portaria de um prédio. O ator conheceu de Moura Alexandre na boate Fosfobox, também na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao sair da casa noturna, eles foram para o apartamento do agressor. Ao g1, Meyniel disse que o comportamento do rapaz mudou depois que uma amiga de Yuri chegou à residência.
O ato violento foi flagrado pelas câmeras de segurança do prédio e divulgadas pela defesa da vítima. O agressor aparece dando socos no artista, que está caído no chão. Meyniel tenta se defender dos golpes, tapando o rosto. “Eu lembro só do acesso de raiva dele, ele me pegar, me colocar no chão e me dar socos e mais socos. Eu pedi pra ele parar e ele não parava. E o porteiro estava vendo tudo”, contou.
O porteiro do edifício também foi indiciado por omissão de socorro, uma vez que, como mostrado no vídeo, permaneceu sentado apenas assistindo a Victor ser espancado. Após as agressões, o ator fica caído no chão e Yuri vai embora. O influenciador só conseguiu chamar a polícia depois, quando um morador foi ajudá-lo.
Yuri de Moura foi preso em flagrante e levado para a Delegacia de Copacabana. Os investigadores apontaram que, além do caso com Meyniel, Yuri tem outra passagem pela polícia, também pelo crime de injúria. Caso seja condenado, ele pode pegar até 11 anos de prisão. A delegada Débora Rodrigues, que registrou a denúncia de Victor no 12ºDP (Copacabana), deu mais detalhes sobre o comportamento do agressor.
“Ele falou que bateu mesmo, não se arrependia e se achava no direito, que ele era médico e militar da aeronáutica. Nós já investigamos, ele parece ser residente, ele não é médico ainda, e faz uma residência. Mas a gente não confirmou se seria no hospital da aeronáutica. Agora, militar ele não é”, declarou Débora.
A defesa do ator Victor argumenta que a violência sofrida por ele teria sido motivada pela exposição pública da sexualidade do agressor. A advogada Maíra Fernandes afirmou que o artista teria questionado, na portaria do prédio, se “ninguém sabia” sobre a orientação sexual de Yuri. Durante o espancamento, o estudante teria declarado: “Eu não sou viado [sic]. Você é que é”.
Lucas Oliveira, responsável pela defesa do agressor, pontuou em comunicado à imprensa que a identidade sexual de Yuri nunca foi ocultada, pois ele teria sido casado com uma pessoa do mesmo sexo. O advogado declarou, ainda, que a sexualidade do cliente estaria sendo “apagada” pela justificativa de que ele teria praticado crime de homofobia e estaria sendo “obrigado” a provar que é gay.
O advogado não contestou a acusação de lesão corporal, mas argumentou que “há nos autos do processo exame de corpo de delito realizado por perito oficial que prova que as lesões [contra Victor] não geraram incapacidade, perigo de vida ou debilidade permanente”.
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