Na noite desta quinta-feira (25), um caso de racismo foi denunciado em uma unidade do Burger King, em Santo Amaro. Segundo relatos, a advogada Fabiani Marques Zouki, de 46 anos, teria ofendido e xingado o supervisor da lanchonete, Pablo Ramon da Silva Ferreira, de 25 anos, com palavras racistas, entre elas “macaco sujo”.
Registros da advogada em estado alterado circularam nas redes sociais. As imagens foram gravadas por Pablo, bem como outras testemunhas do incidente e também as câmeras de segurança do Burger King, e mostram o bate-boca entre a advogada e a vítima.
“Falou que eu chamei de ‘preto’ de ‘macaco’… viajou na maionese. E daí se eu tivesse chamado? Isso não é justificativa pra quebrar meu carro. Não é”, disparou Fabiani. “Quem é o macaco agora? Quem é o preto agora? Você tem sorte que eu não quebrei a sua cara…”, rebate Pablo, em outra gravação, esta feita por ele mesmo. Assista abaixo:
Uma #advogada foi #presa em flagrante pela Polícia Militar em São Paulo por #injúriaracial após ter sido acusada de racismo e agressão por um funcionário do #BurgerKing. Fabiani Marques Zouki, de 46 anos, o teria ofendido e xingado com palavras racistas, o chamando de “macaco… pic.twitter.com/NAvjfU7ZZV
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Em conversa com a TV Globo, o supervisor detalhou o episódio de racismo, alegando que a cliente já chegou “alterada” no Drive-Thru da lanchonete. Fabiani teria exigido ser atendida nas cabines que estavam fechadas. “Aí já no carro, ela gesticulou novamente e me chamou de ‘macaco’ e ‘macaco sujo’. Aí eu me revoltei. Eu não ia agredi-la, mas foi aí que eu desferi um soco no retrovisor do carro”, contou o rapaz.
Ao veículo, Pablo afirmou que também foi vítima de agressão, tendo sido atingido por um tapa de Fabiani no ouvido. O golpe teria quebrado o fone do Burger King. Devido à gravidade da discussão, a Polícia Militar foi acionada por testemunhas. No local, os agentes revelaram ter encontrado Fabiana “visivelmente alterada” e “embriagada”. “A mesma se recusou a fazer exame do etilômetro [bafômetro], e foi encaminhada ao IML [Instituto Médico Legal] para a realização de exame de constatação de embriaguez”, detalhou a nota da Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre o caso.
Advogada é detida em SP acusada de xingar funcionário negro de “macaco sujo” pic.twitter.com/3BAvbc04D4
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Fabiani foi presa em flagrante, acusada de racismo e agressão. A advogada foi levada ao 27º Distrito Policial (DP), no Campo Belo, onde um boletim de ocorrência foi registrado. Entretanto, os agentes não recolheram o depoimento de Fabiani, pois, segundo relatório, ela estava “transtornada e agressiva”, tendo até mesmo tentado morder um policial.
Além de Pablo, outros quatro funcionários do Burger King, incluindo um homem e três mulheres, também foram vítimas de Fabiani. Duas atendentes relataram ter sido agredidas pela mulher; uma delas alegou ter sofrido um tapa na boca, enquanto a outra foi atingida por um soco no rosto.
Segundo informações da Polícia Civil, a advogada foi indiciada por “embriaguez ao volante” e “injúria racial” – crime imprescritível e que não pode ser afiançado. Sua audiência de custódia deve acontecer hoje (26), e a Justiça de SP deve decidir de manterá ou não a prisão.
De acordo com o g1, o registro de Fabiani como advogada no Cadastro Nacional de Advogados (CNA) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está “cancelado”.
Após a repercussão do caso, a entidade se manifestou, esclarecendo que Fabiani pediu o cancelamento, sem revelar o motivo. Leia a íntegra:
“A Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo (OAB SP) apura rigorosamente, quando formalmente acionada , toda e qualquer denúncia referente à conduta de profissionais inscritos nesta Secional. Como Fabiani Marques Zouki está com a inscrição cancelada na OAB SP, a pedido da própria profissional, desde setembro de 2021, não cabe qualquer apuração por parte desta Secional”.