Nesta terça-feira (30), cartas escritas à mão anexadas em um inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, de 2018, revelaram supostos detalhes inéditos da relação entre a socialite Regina Lemos Gonçalves e seu ex-motorista, José Marcos Chaves Ribeiro. Os documentos, obtidos pelo portal Metrópoles, relatam episódios de agressão física contra a irmã de Regina, e outros em que a idosa de 88 anos teria sido “constantemente embriagada e seduzida pelo chofer da família”.
Em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (28), Regina acusou José Marcos de tê-la mantido presa por 10 anos em seu apartamento luxuoso no Edifício Chopin, em Copacabana. Contudo, de acordo com as cartas, ele também teria agido contra a irmã dela, a socialite Therezinha Lemos, já falecida. Em arquivos de janeiro de 2018, por exemplo, a ex-empregada doméstica da família Lemos, Onila Vieira, informou ter presenciado cenas do motorista agredindo Therezinha.
“Sou testemunha da agressão física praticada pelo senhor José Marcos Chaves Ribeiro à senhora Therezinha Lemos Yamada, no dia 8/5/2016, e também presenciei inúmeras vezes que ele prendia a idosa do lado de fora da mansão, deixando ela passar a noite no jardim com frio. Seria uma forma de castigá-la por algo que o desagradasse, e ainda tomava o celular da idosa para que ela não ligasse para ninguém. Dona Therezinha acabou parando na UPA de Copacabana após passar por inúmeras agressões e ameaças”, descreveu a antiga funcionária.
Em outra carta datada na mesma época, Anderson Paulucci, um amigo da família, contou ter ouvido relatos preocupantes de Therezinha. As revelações teriam ocorrido poucos dias antes de ela falecer, enquanto eles comiam uma refeição em um restaurante italiano, em Copacabana. “Lá, a mesma compartilhou suas angústias e aflições. Disse que estava temerosa por sua própria vida e a vida de sua irmã Regina, que vinha sendo constantemente embriagada e seduzida pelo chofer da família, o senhor José Marcos”, recordou ele.
Paulucci acrescenta que o ex-motorista também estava controlando as contas bancárias da família e tomando decisões sobre contratação de funcionários e advogados. “Relatou-me que o mesmo estava controlando as contas de sua irmã de 80 anos e que se dizia uma espécie de marido, namorado, affair da mesma e também relatou-me que ele estava demitindo aos poucos todos os antigos funcionários das casas de sua irmã e advogados, contratando a partir de pessoas de sua confiança”, explicou.
Ameaças
Os documentos estão anexados a um inquérito, que foi aberto após José Marcos ser denunciado por agressão. No boletim de ocorrência feito em novembro de 2017, o chofer é acusado de ter ameaçado a família de um ex-motorista da mansão depois que ele foi demitido e entrou com uma ação trabalhista na Justiça.
O antigo funcionário não tinha carteira assinada, mesmo prestando serviço por mais de 40 anos à família. “Quando é que vocês vão sair daqui? Se vocês não saírem daqui eu vou mandar matar vocês”, teria ameaçado Ribeiro, como descrito na queixa.
Outra ex-funcionária da família Lemos também teria sido ameaçada por José Marcos. Depois da primeira denúncia, ela desistiu de comparecer a uma audiência, porque o marido, supostamente, foi coagido por telefone. “Se sua mulher for à audiência, vou dar cabo dela!”, teria dito o chofer.
Cárcere privado
Durante a entrevista ao dominical da TV Globo, Regina Lemos afirmou que foi mantida em cárcere privado por José Marcos Ribeiro por 10 anos. “Eu vivia sem poder ter contato com ninguém, ficava em cativeiro. Ele é apenas um chofer e um chofer sem condições“, disse ela. A socialite contou que contratou o ex-motorista em 2010. Entretanto, ele afirmou à Justiça que começou a trabalhar com ela antes. A viúva ainda negou que vivia um relacionamento amoroso com ele: “Mas é uma audácia! Um atrevimento, eu nunca admiti isso“.
Regina estava desaparecida desde o fim do ano passado. Viúva e sem filhos, a idosa herdou uma fortuna bilionária quando o marido morreu, há 30 anos. Fazendeiro e empresário, Nestor Gonçalves chegou a ser dono do parque gráfico que produzia os baralhos Copag. Lemos era bastante conhecida por realizar festas extravagantes, mas deixou de ser vista nas áreas comuns do tradicional prédio onde mora, em Copacabana. Leia e assista à íntegra, clicando aqui.
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