Nesta segunda-feira (16), Andres Eduardo Oñate Carrillo foi preso por estuprar três pacientes que estavam sedadas. O médico anestesista chegou a gravar o abuso das vítimas, cometidos enquanto elas passavam por diferentes cirurgias.
Segundo o g1, o colombiano foi detido pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) com uma ordem de prisão temporária. Além do estupro de vulnerável, ele ainda é investigado por produzir e armazenar pornografia infantil. De acordo com a polícia, foram achados mais de 20 mil arquivos de abuso infantil no celular de Andres.
As investigações contra Carrillo começaram no início de dezembro de 2022, em uma força tarefa que uniu o Dcav, a inteligência da Polícia Civil e o Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da Polícia Federal. Na ocasião, depois de identificar o médico como possível detentor de conteúdo pornográfico ilegal, a PF encaminhou o nome de Andres para a Polícia Civil.
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Então, foi autorizada a quebra de sigilo de dados em compartimentos de seu celular, no qual foram achados milhares de documentos. “É um arquivo extremamente violento, em grande quantidade. Podiam ser vistos bebês de colo, de menos de um ano, sendo abusados sexualmente, sendo obrigados a participar de sexo com adultos. Algo que chocou até mesmo agentes mais experientes“, informou Luiz Henrique Marques, delegado do Dcav, ao jornal O Globo.
Entre os materiais apreendidos, estão três produzidos pelo próprio anestesista. “Quando vimos, logo de início, tratamos como casos de estupro, partindo do princípio de que ele mesmo teria produzido. Mas precisávamos avançar na identificação das vítimas e materializar os crimes. Pelos metadados dos vídeos, certificamos a localização do suspeito no ato da gravação, identificando os hospitais e descobrindo os dias“, explicou o delegado para o g1.
“Partimos para a tentativa de descobrir as mulheres ali sedadas. Com as listas de pacientes operados nos dias, fomos buscando características físicas e eliminado possibilidades até chegar às pacientes“, continuou.
Os vídeos, em seguida, foram mostrados para as pacientes identificadas, que não sabiam sobre os abusos. Um dos crimes ocorreu durante uma laqueadura feita em 15 de dezembro de 2020, no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema. Já outro abuso aconteceu durante uma operação para retirada de útero em 5 de fevereiro de 2021 no Complexo Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ.
Uma das pacientes, inclusive, quase desmaiou quando soube do ocorrido. “Ela disse ‘como eu vou olhar para o meu marido?’. As duas ficaram decepcionadas. Uma falou ‘fui lá para ser tratada e agora vou precisar tratar isso também, porque minha cabeça vai ficar ruim’“, contou o delegado. Outra vítima lembrou que recebeu uma dose tão forte de sedativo que ficou desacordada por duas horas. Segundo as autoridades, o médico não havia sido originalmente escalado para as cirurgias, apenas substituindo a profissional responsável.
O anestesista, que vivia em situação legal no país, atuava em hospitais públicos e privados da rede carioca. Ele foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca. Sua esposa, que também é médica, foi quem abriu a porta para os agentes darem voz de prisão ao homem.
Agora, o inquérito contra o colombiano foi enviado para a Vara Especializada em Crimes contra Criança e Adolescentes.