Preso nesta semana por estuprar uma paciente em trabalho de parto, o anestesista Giovanni Quintella Bezerra chegou no Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio, na noite desta terça-feira (12). Segundo a TV Globo, o médico foi hostilizado pelos outros presos, como forma de protesto. Bezerra passou por audiência de custódia e é investigado por, pelo menos, outros cinco crimes semelhantes, cometidos nas unidades hospitalares em que trabalhou.
A audiência foi realizada na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica. No entanto, ele foi enviado para Bangu 8, onde ficam os presos com curso superior. Na chegada, os outros detentos sacudiram as grades, vaiaram e xingaram o anestesista. Por prevenção, ele ficará em uma cela sozinho no complexo.
Na decisão, a juíza responsável mudou o status da prisão de flagrante para preventiva. Com isso, o médico ficará preso por tempo indeterminado, e terá sua situação reavaliada se ultrapassados 90 dias. Caso o inquérito policial seja entregue antes desse tempo ao Ministério Público, as autoridades podem decidir pela manutenção da prisão ou não.
“A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade de resistir”, disse a juíza Rachel Assad.
Segundo a magistrada, Giovanni se aproveitou de sua profissão e marcou negativamente a vida da gestante “para sempre”: “Em um parto onde a mulher, além de anestesiada, dava luz ao seu filho – em um dos prováveis momentos mais importantes de sua vida – o custodiado, valendo-se de sua profissão, viola todos os direitos que ela tinha sobre si mesma. Portanto, o dia do nascimento de seu filho será marcado pelo trauma decorrente da brutal conduta por ele praticada, o que será recordado em todos os aniversários”.
Novas denúncias
A delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti (RJ), falou nesta terça-feira (12) sobre a prisão em flagrante do anestesista Giovanni Quintella Bezerra. Segundo ela, indícios apontam que o médico teria cometido crimes em série antes do estupro a uma paciente em trabalho de parto.
Em entrevista ao “Estúdio i”, da GloboNews, Lomba revelou a suspeita de que o anestesista já teria um padrão para a repetição desses atos criminosos. “Tudo indica que ele seja um criminoso em série realmente, porque há muitos indícios de repetição desse tipo de crime, até pelo procedimento dele, a atuação dele, ele já tem uma desenvoltura. Ele não mostra muita preocupação na hora de executar o crime. Então, isso indica que ele já vem praticando há algum tempo. Ele se aproveita realmente daquela situação da vítima”, afirmou.
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Segundo a delegada, o médico é investigado por três casos referentes ao dia 10 de julho – incluindo o filmado – e outras três vítimas que procuraram a delegacia após a repercussão do caso, inclusive de outro hospital. “Nós ouvimos uma vítima ontem, duas hoje e tem as outras duas do dia 10. Então são seis, contando com a que resultou na prisão em flagrante. Os casos do hospital da mulher são mais fortes. Os indícios são mais fortes. Há todo o relato da equipe de enfermagem, há o vídeo da terceira cirurgia, então em relação a esses dois outros partos, os indícios são mais fortes”, contou.
“Houve um fato que foi confirmado. Duas pessoas da equipe de enfermagem viram na segunda cirurgia do dia 10 de julho o médico Giovanni Bezerra com sinais físicos, viram o pênis ereto. Embora não tenha vídeo e ninguém tenha visto os atos, duas pessoas viram isso na segunda cirurgia. Inclusive, para uma delas ele fechou aquele capote, como eles chamam, que não é comum de ser usado”, completou.
Bárbara Lomba ainda afirmou que não pretende pedir teste de sanidade mental para o anestesista, já que ele é “completamente capaz”. “Já está comprovado pelo prontuário, inclusive, que ele passou em visita à vítima, preencheu um prontuário sobre as condições da mulher. Então é uma pessoa completamente capaz. Ele exercia normalmente a medicina. Vamos evitar chamá-lo de doente”, explicou ela.
Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante e indiciado por estupro de vulnerável, podendo pegar pena de 8 a 15 anos de prisão. Aos 32 anos, ele se especializou há dois meses em anestesiologia e trabalhava em mais de dez hospitais das redes públicas e privadas do Rio de Janeiro.