Nesta segunda-feira (1º), a pesquisadora Samantha Vitena se manifestou após ter sido expulsa de um avião da GOL que iria de Salvador a São Paulo no fim de semana. A professora de inglês foi entrevistada por Patrícia Poeta e Manoel Soares durante o “Encontro” e deu mais informações sobre a situação.
De acordo com o relato de passageiros, Samantha teve dificuldade em encontrar espaço no bagageiro para guardar a mochila. A tripulação, então, orientou que ela despachasse a bolsa. Porém, como carregava um notebook, a mulher se recusou, por medo do objeto ser danificado dentro do compartimento de carga. Por fim, ela conseguiu alocar a bagagem, mas terminou sendo retirada à força por três agentes da Polícia Federal. Relembre os detalhes, clicando aqui.
Durante o matinal da TV Globo, Vitena falou pela primeira vez sobre o caso que ocorreu na madrugada da última sexta. “Ainda estou com perguntas a serem feitas. Por que o meu corpo foi considerado uma ameaça? Por que meu corpo foi considerado indesejável a ponto de eu ser tirada do avião?”, questionou aos apresentadores.
Testemunhas afirmaram que se tratou de um ato de racismo já que a mulher não teria atrapalhado a dinâmica do voo. “Imaginem eu sentada pra aguardar o voo decolar, e vem três policiais que eu não podia imaginar que era por mim”, relembrou a mestranda da Fiocruz. “Eu perguntei para os demais passageiros se eu tinha feito alguma coisa e eles disseram que não”, acrescentou, afirmando que os agentes de segurança apenas informaram que sua expulsão era uma “determinação do comandante”.
Manoel Soares, que foi uma das pessoas a ajudar na repercussão do caso, revelou que a mulher precisou assinar um termo circunstanciado de ocorrência, por supostamente ter resistido à ação policial. “Eles falaram que não iam falar [o motivo da expulsão]. Eles disseram que ‘o comandante determinou que você vai sair então você vai sair’. Se eu não saísse eu estava cometendo um crime. Imediatamente eu me levantei porque não queria cometer um crime”, narrou.
Durante a abordagem, Samantha contou que um dos policiais afirmou que ela poderia conversar com o piloto ao sair do avião, porém isso não aconteceu. A profissional foi encaminhada para uma delegacia local. “Em nenhum momento houve resistência, houve questionamento. Eu perguntei para o delegado se eu não poderia perguntar o motivo, mas ele disse que sim, que era o meu direito”, explicou.
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Por fim, Vitena lamentou ter passado pela situação e disse que “espera que isso não volte a acontecer”. “Essa história não é sobre mim. É sobre todas as pessoas que passaram e que passam por esse tipo de situação”, concluiu.
Em nota ao programa, assessoria da GOL afirmou que “reconhece a realidade do racismo estrutural do país e disse que não tolera e não vai tolerar praticas racistas na companhia”. A empresa ainda alegou ter contratado um “órgão independente para fazer uma apuração interna sobre o caso”.