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Deise dos Anjos, principal suspeita de envenenar um bolo com arsênio e matar três pessoas da família, deixou um recado antes de ser encontrada morta, na última quinta-feira (13). Ao “Fantástico” deste domingo (16), as autoridades forneceram uma foto de uma camiseta onde a mensagem foi deixada.
Na roupa, Deise escreveu que não era assassina, em recado direcionado às famílias Torres e Silva, vítimas dos envenenamentos. “Eu não sou assassina, só sou um ser humano fraco com depressão por tanto sofrer e pagar pelo erro e ingratidão dos outros“, registrou ela. Outras anotações também foram encontradas na cela, mas não chegaram a ser divulgadas pela polícia.
Conforme o advogado de defesa, sua cliente sofria de depressão. “Por óbvio, com o cárcere e com o isolamento, que era necessário até em razão de uma integridade física, isso se agrava. Por isso que a defesa, desde o início, fez requerimentos de laudos médicos frente à necessidade dela ter um tratamento”, declarou Cassyus Pontes.
Veja:

Em nota, a Polícia Penal do Rio Grande do Sul, por sua vez, informou que Deise “recebeu atendimentos psicológicos e que apresentou comportamento estável”. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou que a morte da suspeita ocorreu “por asfixia mecânica autoinfligida”.
Pesquisas e compras na internet
As investigações encontraram evidências que apontam o envolvimento de Deise nos crimes. Três dias depois das mortes, ela foi levada para prestar depoimento, mas negou autoria no caso. Durante as apurações, porém, a polícia chegou aos indícios de que a mulher estava mentindo.
Com um mandado de busca, o celular e o computador dela foram apreendidos. Os agentes recuperaram o histórico de pesquisas feitas por Deise na internet, e identificaram a procura por 18 substâncias tóxicas. Dentre elas estavam “arsênio”, “veneno para o coração” e “veneno para matar humanos”.
“Ela não planejou comprar só o arsênio. A primeira pesquisa dela foi o veneno mais mortal do mundo”, informou o delegado Marcos Vinícius Muniz Veloso ao dominical. As investigações também apontam que Deise comprou arsênio pelo menos duas vezes, entre agosto e dezembro do ano passado. A primeira foi recebida no endereço dela, em 21 de agosto, enquanto a outra ocorreu em 16 de dezembro.
Série de envenenamentos
A polícia afirma que a suspeita misturou parte do arsênio ao leite em pó que levou para os sogros, junto com outros alimentos, no dia 31 de agosto. Dois dias depois, Zeli dos Anjos e o marido passaram mal ao beberem café com leite. A senhora foi atendida no hospital de Torres e liberada. Já o marido dela, Paulo Luiz dos Anjos, de 68 anos, morreu em 3 de setembro. Na certidão de óbito, a causa aparece como “infecção alimentar”.

Em novembro, Deise foi ao encontro da sogra novamente na cidade de Arroio do Sal. As autoridades acreditam que foi quando a mulher misturou o veneno na farinha, usada posteriormente por Zeli para fazer o bolo de reis. A polícia também apura o envolvimento da suspeita nos óbitos de Paulo e do próprio pai, José Lori da Silveira Moura. Ele faleceu em 2020, aos 67 anos, e teve como causa da morte cirrose.
Para a polícia já está comprovado que Deise foi a responsável por envenenar nove pessoas da família, causando a morte de quatro delas. O fim das investigações está previsto para essa semana, e o inquérito deverá ser arquivado. Assista à íntegra:
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