Hugo Gloss

Brigadeirão envenenado: Outro namorado da suspeita planejava noivado e teria descoberto traição pela TV

Júlia é suspeita de ter assassinado Luiz Marcelo com sobremesa envenenada. (Foto: Reprodução/g1/Polícia Civil)

Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de matar o empresário Luiz Marcelo Ormond com um brigadeirão envenenado, mantinha um relacionamento com outro homem. Segundo a Polícia Civil ao UOL, o rapaz soube da “traição” pela TV, após a repercussão nacional do caso. A suspeita segue foragida e sendo procurada pelas autoridades.

Como indicaram as investigações, Júlia estava com o advogado – que tem a identidade mantida sob sigilo – há mais de dois anos. Os dois, inclusive, estariam planejam noivar em breve. De acordo com o outro namorado em depoimento, a mulher alegava viagens a trabalho para justificar a ausência, já que morava com o empresário morto no Rio de Janeiro.

Na versão da suspeita, ela dividia a casa com Luiz Marcelo Ormond desde 19 de abril deste ano, mas alegou manter um “relacionamento esporádico” com a vítima desde 2013. A mulher disse, ainda, ter se mudado da residência que compartilhavam no dia 20 de maio – versão que foi desbancada pela Polícia Civil.

Neste mesmo dia, os vizinhos do ex-casal passaram a sentir um cheiro forte vindo do apartamento e chamaram os bombeiros. Luiz Marcelo foi encontrado, sem vida, no sofá de casa. Seu corpo já estava em estado avançado de decomposição. A perícia revelou que ele teria falecido entre três a seis dias antes da descoberta – o que difere do depoimento de Pimenta.

A teoria é que a vítima ingeriu um brigadeirão envenenado feito por Júlia. Entretanto, até o momento, um laudo conclusivo sobre a causa da morte não foi divulgado. A suspeita de envenenamento ganhou força depois que imagens do dia 17 de maio vieram à tona. No registro, o empresário aparece carregando o doce, cerca de três dias antes de seu corpo ser encontrado.

Luiz Marcelo apareceu carregando brigadeirão que supostamente tirou sua vida. (Foto: Reprodução/TV Globo)

O remédio Dimorf, à base de morfina, teria sido comprado pela suspeita com receita médica. Em depoimento nesta segunda-feira (3), um funcionário da farmácia afirmou que viu Júlia sair de um carro alto, prata, pelo banco do carona, antes da compra. Os representantes da farmácia apresentaram um documento interno que comprova o pagamento de R$ 158 pelo medicamento. Segundo o portal g1, eles prometeram levar a receita à delegacia em “uma próxima oportunidade”.

A Polícia Civil também pediu medidas cautelares para detectar as movimentações financeiras de Júlia. De acordo com o delegado Marcos Buss, titular da 25ªDP (Engenho Novo) e responsável pelo caso, ela se apropriou de bens e de quantias em dinheiro da vítima.

As suspeitas sobre o envolvimento de Pimenta surgiram durante o interrogatório. Até então, a polícia não considerava a possibilidade de homicídio, mas de morte suspeita. No entanto, a postura da mulher ao falar sobre o falecimento de seu ex-parceiro foi descrita como “extremamente fria”, o que alarmou as autoridades.

A mulher chegou a rir ao relatar detalhes da convivência com o companheiro. “Ele me comprou um buquê. Aí eu falei assim: ‘Tu não tem que me comprar nada que eu não sou sua mãe'”, disse ela na ocasião, com um sorriso no rosto. Após o depoimento, foi solicitado mandado de prisão à Justiça.

As informações obtidas durante a investigação sugerem que o crime teria sido motivado por questões financeiras. “Nós temos elementos que a Júlia estava em processo de formalização de uma união estável com a vítima. Mas, em determinado momento, o que nos parece, é que a vítima desistiu da formalização da união”, pontuou o delegado. “Então isso até robustece a hipótese de homicídio e não de um latrocínio, puro e simples, porque o plano inicial me parecia ser realmente eliminar a vítima depois que essa união estável estivesse formalizada”, completou.

Assista ao depoimento completo:

As autoridades também descobriram que Júlia adquiriu medicamentos de uso controlado dias antes da morte do empresário. Após a prisão da cigana Suyany Breschack, também suspeita de envolvimento no caso, a teoria de envenenamento se consolidou ainda mais. “Ela me disse: ‘Não estou mais aguentando esse porco, esse nojento, eu vou matar ele'”, contou a mulher em depoimento.

Suyany e Júlia teriam se conhecido quando a suspeita buscou os serviços espirituais da profissional. “Ela pedia sempre banho, limpeza, descarrego para ele [Luiz Marcelo] não descobrir que ela estava fazendo programa, para mãe não descobrir que ela estava fazendo programa”, revelou. Ao longo da relação, Júlia teria acumulado uma dívida de quase 400 mil reais com a cigana.

Em sua versão, Suyany confirmou que Júlia teria assassinado Luiz Marcelo com o medicamento Dimorf, moendo a droga no brigadeirão. Elas teriam conversado logo após o crime, quando Júlia levou o carro da vítima como pagamento de parte da dívida. No veículo, foram encontrados objetos como um computador e armas legalizadas, todos no nome do empresário.

Victor Ernesto de Souza, ex-namorado de Suyany, foi preso por receptação após receber o carro de Luiz Marcelo. O advogado da cigana, Cleison Rocha, se manifestou após a prisão: “A Suyany trabalha com cartas e búzios e a Júlia era cliente dela. A Suyany é inocente e não tem a ver com os fatos criminosos em questão”.

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