Após a prisão da psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, o caso do brigadeirão envenenado teve uma reviravolta e a polícia apontou a cigana Suyany Breschak como mandante e a psicóloga como a executora do assassinato do empresário Luiz Marcelo Ormond. Imagens obtidas pela TV Globo nesta quarta-feira (5), mostraram que Júlia estava escondida em um hotel no Centro do Rio, onde deu entrada com nome falso, enquanto estava foragida.
Como apontam as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento, a mulher aparece de cabelo preso, blusa cinza e preta e máscara no rosto. Aos funcionários, ela se identificou como Lília Mara Shinaider e pagou a conta com cartão. Ele chegou ao hotel no dia 28 de maio, horas antes de ser divulgada como a principal suspeita do crime. Durante os oito dias, ela evitou sair do quarto. Júlia se entregou na Delegacia do Engenho Novo, na noite de terça (4).
Suspeita de matar empresário com um brigadeirão se escondeu em hotel no Centro do Rio com nome falso pic.twitter.com/HEJOMmgWp0
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Suspeita de matar namorado com brigadeirão envenenado se entrega à polícia pic.twitter.com/M6ZUsZf8sl
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Nota da advogada
Em nota, Hortência Menezes, que representa Júlia Pimenta, reforçou o envolvimento da cigana e pediu foco da investigação na religiosidade. “Uma das partes envolvidas é uma orientadora e conselheira espiritual de uma determinada denominação religiosa. Precisamos entender como foram os 11 anos existentes dessa relação, de aconselhamento e de orientação ‘religiosa’ existente com minha cliente, fundamentada na monetização financeira e no medo”, escreveu.
“Esperamos também encontrar respostas nas provas técnicas que serão produzidas com a quebra dos dados telemáticos, telefônicos e do sigilo bancário dos envolvidos, inclusive da vítima”, acrescentou.
Envolvimento da cigana
Segundo o delegado Marcos Buss, que comanda a investigação, a “cigana” Suyany Breschak teria sido a mandante do assassinato. Breschak está presa desde o dia 29 de maio, quando foi interrogada pela polícia em Cabo Frio (RJ).
A mulher já era suspeita de envolvimento no crime, já que recebeu o carro da vítima como pagamento de parte da dívida de R$ 600 mil de Júlia. Ela também deu detalhes sobre a forma como a psicóloga usou o medicamento para envenenar o brigadeirão. A defesa de Suyany negou que ela esteja envolvida.
Segundo o delegado da 25ª DP (Engenho Novo), as investigações reforçaram a teoria de que Breschak teria encomendado o crime contra Luiz Marcelo. “Já trabalhávamos com a suspeita da participação da Suyany como cúmplice. Agora, novos depoimentos e outros detalhes dão indicativos sobre a forma como ela usava a sua influência para controlar os atos de Júlia. A investigação indica Júlia como autora e Suyany como mentora do crime“, detalhou Marcos Buss. Clique aqui para saber os detalhes.
O caso
Em 20 de maio, os vizinhos sentiram um cheiro forte vindo do apartamento de Júlia Pimenta e Luiz Marcelo, no Engenho Novo, e chamaram os bombeiros. O empresário foi encontrado, sem vida, no sofá de casa. Seu corpo já estava em estado avançado de decomposição. A perícia revelou que ele teria falecido entre três a seis dias antes da descoberta.
A teoria é que a vítima ingeriu um brigadeirão envenenado feito pela companheira. Entretanto, até o momento, um laudo conclusivo sobre a causa da morte não foi divulgado. A suspeita de envenenamento ganhou força depois que imagens do dia 17 de maio vieram à tona. No registro, o empresário aparece carregando o doce, cerca de três dias antes de seu corpo ser encontrado.
O remédio Dimorf, à base de morfina, teria sido comprado pela suspeita com receita médica no dia 6 de maio. Em depoimento nesta segunda-feira (3), um funcionário da farmácia afirmou que viu Júlia sair de um carro alto, prata, pelo banco do carona, antes da compra. Os representantes da farmácia apresentaram um documento interno que comprova o pagamento de R$ 158 pelo medicamento. Segundo o portal g1, eles prometeram levar a receita à delegacia em “uma próxima oportunidade”.
As suspeitas sobre o envolvimento de Pimenta surgiram durante o interrogatório. Até então, a polícia não considerava a possibilidade de homicídio, mas de morte suspeita. No entanto, a postura da mulher ao falar sobre o falecimento de seu ex-parceiro foi descrita como “extremamente fria”, o que alarmou as autoridades.
Júlia teria permanecido no apartamento da vítima por dias. “Ela teria permanecido no apartamento da vítima com o cadáver por três ou quatro dias. Lá, teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, descido para a academia, se exercitado”, disse o delegado. Para a polícia, o crime foi premeditado e teria interesse em questões financeiras. Clique aqui para saber os detalhes.