A cantora Maryanna Munhoz, de 49 anos, foi presa na última segunda-feira (29). Ela é suspeita de assassinar e assumir a identidade de um amigo, Marcelo do Lago Limeira, de 52 anos. Segundo a Polícia Civil, a artista e seu comparsa, Ronaldo Bertolini, teriam movimentado cerca de R$ 1 milhão da vítima num período de pouco mais de um ano. Já neste domingo (4), em entrevista ao “Câmera Record”, Maryanna deu sua versão do caso e assumiu participação em alguns dos crimes.
O caso teve início em maio de 2021, quando Marcelo morreu dias depois de passar por uma cirurgia plástica. A vítima estava apenas começando um processo de transição de gênero, no qual assumiria sua identidade como mulher trans (seu nome social, no entanto, não foi divulgado). De acordo com os investigadores, a transição teria incomodado Maryanna, pelo receio de que Limeira tivesse uma beleza maior que a dela ao final dos procedimentos. A polícia acredita que a dupla se conhecia há mais de 10 anos. Por fim, Maryanna e Ronaldo foram indiciados por homicídio, estelionato, ocultação de cadáver, falsidade ideológica e falsificação de documentos.
Maryanna nega assassinato
Marcelo morreu após tomar doses excessivas de remédio enquanto se recuperava de sua cirurgia. A polícia acredita que Maryanna teria envenenado a vítima com os medicamentos, para que pudesse assumir sua identidade e usufruir de seus bens. Já na prisão, a cantora falou sobre o caso com o jornalista Roberto Cabrini, e negou ter sido responsável pelo óbito. “Não assassinei”, declarou ela.
Segundo Maryanna, ela teria se desesperado ao descobrir a morte de Marcelo, em São Bernardo do Campo (SP). “Eu que dava a medicação porque ele estava se recuperando da cirurgia. Nesse dia, ele estava muito agitado, nervoso. Falei para ele: ‘Ma, vou deixar seus remédios aqui’. Deixei lá, os remédios pra ele dormir, a medicação para ele tomar, não preparei e dei pra ele. No outro dia, quando cheguei, fiquei apavorada porque pensei que eu tinha matado ele pelo fato de ele ter tomados os remédios. Que eu ia presa, não sabia o que fazer, comecei a chorar, comecei ficar desesperada”, relatou.
A acusada negou ter deixado as substâncias para matar Marcelo, mas reconheceu que poderia ter evitado a morte. Questionada sobre não ter ligado para a polícia e informado o óbito, ela tentou se explicar: “Fiquei com medo porque eu achava que eu ia ser presa. Eu dei os remédios pra ele, ele tomou. Eu poderia ser acusada de ter matado ele”.
Acusada confessa ocultação de cadáver
Apesar de negar as acusações de assassinato, Maryanna admitiu que quis dar um fim no corpo de Marcelo. Ela revelou detalhes de como foram as tentativas de ocultação do cadáver. “[O corpo ficava] por lá mesmo, na casa. A gente deixou num lençol e, depois da sala, pôs no carro”, revelou a cantora. Na sequência, o corpo foi levado do imóvel no ABC paulista até um sítio alugado na cidade de Campo Limpo Paulista (SP).
“A gente pensou em enterrar ele e não conseguiu, porque o chão a gente tentou cavar e não dava”, contou Munhoz. Diante dessa situação, o corpo de Marcelo foi carbonizado e os seus restos mortais foram jogados às margens de uma rodovia. “Depois, quando a gente tentou cavar tudo direitinho e não deu, aí… O corpo foi carbonizado”, assumiu ela. Ronaldo Bertolini, que estava foragido quando se encontrou com a equipe da reportagem, também admitiu sua participação no crime. “Ajudei ela a transportar o corpo até o local onde foi deixado”, disse o comparsa, que se entregou à polícia após a entrevista.
Falsidade ideológica e uso dos bens
Maryanna confessou ter usurpado o patrimônio de Marcelo após sua morte, revelando como teria usado o dinheiro. “Saques, não. Compras, sim. Compras de mercado, ração para doação”, declarou ela. As movimentações teriam chegado à casa de R$ 1 milhão. Agora, a suspeita alega sentir um “drama de consciência” por toda essa situação: “Mexia [comigo] e está mexendo mais ainda”.
Munhoz negou ter feito tudo isso apenas para ficar com os bens de Marcelo. Na entrevista, ela tentou justificar que falsificou documentos e assumiu a identidade da vítima para que não percebessem a morte dele. “No começo, tinha que mostrar que ele estava por ali”, afirmou ela. A reportagem também expôs um dos documentos forjados pela cantora. Veja abaixo:
Mesmo assumindo a responsabilidade pela ocultação do cadáver e pelo uso dos cartões, a acusada frisou que não se considera “fria” por tudo o que fez. “O julgamento vai estar aí, as coisas vão aparecer. Nunca fui fria, nem calculista. Não acredito que seja assim, ainda não acredito”, encerrou ela, pontuando que tenta não pensar mais em Limeira.
Assista à entrevista abaixo: