Aurora e Eraldo Rodrigues, um casal de brasileiros que esteve desaparecido durante cinco dias no Chile, finalmente se pronunciaram sobre a difícil experiência. Resgatados na última sexta-feira (23), em Paso de São Francisco, uma região na fronteira entre Argentina e Chile, eles compartilharam que enfrentaram diversos perigos e foram forçados a comer gelo para sobreviver.
De acordo com o G1, o casal partiu de Resende, no interior do Rio de Janeiro, no dia 2 de agosto. No domingo, 18 de agosto, após saírem do hotel em um dia com clima favorável, começaram a enfrentar nevascas severas, que interromperam o contato com a família.
A nora do casal, Cíntia Martins, relatou: “Eles passaram pela primeira, segunda, terceira… A visibilidade foi ficando ruim e, ao desviar de algo, ele bateu o carro e atolou na neve”.
Diante da impossibilidade de seguir viagem, Eraldo saiu do carro para tentar localizar a região e encontrar um abrigo. Ele e Aurora recolheram itens essenciais e deixaram bilhetes no carro, informando que estavam em um abrigo próximo, na esperança de que alguém encontrasse o veículo. “Escreveram um diário e recados para algumas pessoas, eu e Raphael [Rodrigues, o filho], alguns parentes também”, contou.
O casal, então, abandonou o carro e seguiu para um abrigo improvisado. No local, montaram uma barraca, colocaram um colchão no chão e utilizaram um fogareiro que estava no carro. Em meio a condições precárias e sem comunicação, o medo se instalou. Aurora relatou: “Foram dias muito difíceis, a nossa fé foi colocada à prova e a nossa esperança de retornar também. Quando nós nos vimos na situação, a única certeza que tínhamos é que podíamos não voltar”.
Cíntia descreveu o que aconteceu após a primeira noite: “Assim passaram a primeira noite. No dia seguinte, o carro já estava tomado de neve, era impossível sair de lá. Eles foram até o carro assim que conseguiram sair no mau tempo, limparam a neve ao máximo. Mas, a nevasca continuava”.
Além do risco à sobrevivência, o casal enfrentou temperaturas extremas, que chegaram a -20ºC. “Eles disseram que vestiam sacolas entre meias e o tênis para se aquecer”, pontuou Cíntia. “No segundo dia, Eraldo já começou a arrumar os buracos, pois a nevasca trazia muita neve para dentro do abrigo. Com uma fita adesiva que estava guardada no carro, ele fez os reparos, na medida do possível, no abrigo. Não foram suficientes, mas diminuiu o gelo que entrava dia e noite”, explicou.
Aurora e Eraldo tinham mantimentos como maçãs, biscoitos, balas e latas de atum no carro, que passaram a racionar. “No 4° dia, a água acabou. Então, eles comiam o gelo para se hidratar. O gás do fogareiro também acabou. Era o limite mesmo”, detalhou a nora.
Relembre o caso
Eraldo e Aurora estavam em uma viagem pela América do Sul quando desapareceram no último domingo (18). Os dois entraram no Chile pela fronteira de Paso de Jama, na Argentina, no dia 14. O último contato de Eraldo e Aurora com os familiares foi feito quando estavam em um hotel em Copiapó, cidade próxima à região do Atacama, no Chile. Com o desaparecimento, a família chegou a acionar o Itamaraty e pedir ajuda para localizá-los. Relembre aqui.