O representante de Alejandro Triana Prevez, suspeito de matar o galerista Brent Sikkema no Rio de Janeiro, afirmou que um novo depoimento do cubano pode mudar os rumos da investigação. Em entrevista nesta sexta-feira (26), a defesa do homem apontou que ele será ouvido pelas autoridades na próxima semana.
Inicialmente, Alejandro negou a autoria do crime. “Me culparam. Porque não sei nada o que está acontecendo”, disse ele. Contudo, segundo uma entrevista do advogado Greg Andrade ao jornal O Globo, o suspeito mudou a versão. “Tivemos hoje com ele no [presídio] Complexo de Gericinó e ele vai colaborar com todos os caminhos da investigação. Ele [Alejandro] admite o crime e vai além: como já esperávamos, é um crime de mando”, contou o representante. De acordo com Andrade, a data “pré-agendada” do depoimento é na terça-feira (30).
Mais tarde, no entanto, o advogado mudou novamente sua declaração. Ao UOL, Andrade apontou que não comentaria mais se o cliente havia “falado ou não sobre um mandante do crime” e reforçou que “as próprias características do assassinato apontam para isso [ter um mandante]”.
“[Alejandro] não prestou o depoimento ainda, e tudo que eu disser, vou estar antecipando o que ele possa vir a falar. É ele que tem que fazer isso porque eu, somente, o represento, eu não sou ele, eu não posso falar por ele. É ele que tem que falar por ele, entendeu?! E assim, com esse novo depoimento, tendo em vista o que foi relatado à defesa (e aí ele vai relatar, porque realmente tem o poder para tal), tem a possibilidade de dar um outro rumo à investigação. Aí, sim, a gente pode falar em uma confissão, a gente pode trazer ali se houve ou não um mandante, qual a motivação do crime”, declarou o defensor.
O crime e as investigações
Brent Sikkema, sócio de uma renomada galeria em Nova York, foi encontrado morto no dia 15 de janeiro, em sua residência, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O corpo apresentava 18 perfurações por arma branca, e foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) para necrópsia. Inicialmente, a principal linha de investigação era de que o galerista teria sido vítima de um latrocínio — roubo seguido de morte.
As câmeras de segurança registraram a entrada e a saída de um homem na residência, durante a madrugada. Informações de testemunhas também ajudaram na identificação. A Polícia Civil realizou um trabalho intenso de inteligência e monitoramento, que a ajudou a descobrir o paradeiro do suspeito.
Alejandro trabalhou como ajudante de Brent e seu ex-marido, Daniel, durante alguns anos. Por conta disso, as autoridades não descartaram a possibilidade de que o crime tenha tido um mandante. O principal suspeito seria Daniel, que também é cubano.
Trevez foi detido na BR-050, em 18 de janeiro, na altura de Uberaba (MG). Ele estava dormindo dentro de um carro em um posto de combustíveis. Antes disso, ele teria fugido do Rio de Janeiro para a capital paulista. Ainda de acordo com as autoridades, o homem tinha em sua posse US$ 3 mil (cerca de R$ 15 mil) que seriam do galerista, mas negou qualquer envolvimento no crime quando foi abordado.
A operação contou com o auxílio de agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Civil de São Paulo e da Polícia Militar de Minas Gerais. As autoridades que comandam a investigação acreditam que o cubano pretendia alcançar a fronteira passando por Mato Grosso.
Brent Sikkema era dono da galeria de arte contemporânea Sikkema Jenkins & Co, fundada em 1991. No entanto, ele iniciou seus trabalhos artísticos em 1971 e abriu a primeira galeria em 1976, na cidade de Boston.
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