Os suspeitos pela morte do menino Henry Borel foram interrogados pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (9). Monique Medeiros, mãe do garoto, deu detalhes da personalidade e da vida íntima com o ex-vereador Dr. Jairinho, que também é réu no caso. Segundo ela, seu ex-parceiro apenas se acalmava com um “ritual” na hora do sexo.
A pedagoga contou que o sexo envolvia algumas agressões, e disse que essa era uma das únicas maneiras de apartar conflitos com Jairinho. “Pra amenizar as brigas, eu ia pro quarto e a gente namorava”, iniciou ela. “Todas as vezes que nós namorávamos era como se fosse um ritual. Era ele em cima de mim, não existia outra posição que a gente pudesse fazer”, comentou.
Na sequência, Monique detalhou como funcionava o tal ritual. “Ele sempre me enforcando, sempre me mandando dizer que ele era o único homem da minha vida, que eu nunca tinha transado com outro homem, que eu nunca tinha gozado com outro homem, que eu nunca tinha feito nada com outro homem e ele me obrigava a dizer isso até ele completar o que tinha que completar”, descreveu a mãe de Henry.
Para a pedagoga, esse enforcamento e demais atitudes eram sinais de uma postura controladora de seu ex. “Isso eram todas as vezes. Não existia outra posição, outra maneira. Não podia ser no sofá, não podia na cozinha, no tapete, no chão. Era sempre na cama, em cima de mim, me enforcando – não de modo que eu estava sendo torturada, mas como se fosse uma posse, né? Um controle até na hora de estar namorando, se relacionando comigo”, acrescentou.
Monique não entendia as exigências de Jairinho, mas assumiu que ficava receosa em negar os desejos do médico. “Ele mandava eu ficar dizendo isso o tempo inteiro: ‘Fala que você só teve a mim como homem, fala que eu sou o único homem que gozou dentro de você’. Eu falava: ‘Jairinho, para de ser louco! Eu tenho o Henry’. Eu falava brincando, mas ele não tava brincando. Ele falava: ‘Você tem que dizer’, e me enforcava. Aquilo era o ápice dele. Aí a gente sempre resolvia as brigas na hora de namorar”, recordou.
Assista ao trecho abaixo:
Relatos de agressões
De acordo com o UOL, em seu depoimento à Justiça, Monique também relatou momentos em que Jairinho teria mostrado um lado agressivo, controlador, ciumento e possessivo. Em uma ocasião, ela teria sido enforcada enquanto dormia ao lado de Henry. Um outro episódio teria acontecido em novembro de 2020, um mês após o início do namoro, quando o ex-vereador invadiu o celular da pedagoga e viu a troca de mensagens dela com Leniel Borel, pai do seu filho.
“A gente começou a ter muitas brigas, não queria que meu filho presenciasse isso. Em uma deles, ele me enforcou de um cômodo ao outro, dizendo que eu não poderia ir embora”, afirmou Monique, lembrando de quando decidiu sair de casa por causa da frequência em que as brigas estavam acontecendo.
Última noite de Henry
Durante a audiência, Monique também narrou sua versão dos fatos do dia 8 de março, data da morte de Henry. A mãe do menino disse que deixou a criança no quarto e foi para a sala, quando jantou e bebeu vinho com Jairinho. O ex-vereador teria lhe oferecido alguns remédios. Então, ela aceitou a medicação, deitou-se no quarto de hóspedes e dormiu por lá. Já por volta das 3h40, a pedagoga disse ter sido acordada pelo parceiro. Segundo ela, Jairo contou que ouviu um barulho no quarto e encontrou o enteado caído no chão.
“Quando cheguei no quarto, o Henry estava deitado, descoberto, a boquinha aberta. Vi que tinha algo errado, as mãos e os pés dele estavam gelados. Carreguei meu filho nos braços para o hospital. Mas eu achava que ele estava vivo o tempo todo. Somente Deus, Henry e Jairinho sabem o que aconteceu naquela noite. Infelizmente meu filho não está mais aqui para contar”, relatou ela.
Após a audiência desta semana, a defesa de Jairo Souza dos Santos Júnior entrou com um requerimento, e um reinterrogatório do réu foi marcado para o dia 16 de março de 2022.
Primeira audiência em 2021
O Tribunal do Júri do Rio de Janeiro fez a primeira audiência para tratar do caso Henry no dia 6 de outubro de 2021. Na ocasião, Leniel Borel, pai do menino, recordou uma reação desesperada do filho e falas surpreendentes sobre Monique Medeiros. Ele ainda fez críticas a Jairinho, disse ter sido alvo de ameaças veladas, e chorou ao lembrar da última música cantada por Henry.
Já a babá do garoto, Thayná de Oliveira Ferreira, apresentou uma terceira versão sobre o caso. Desta vez, ela pediu que Monique deixasse o local do depoimento e declarou que teria sido “usada” pela patroa. Ela também alegou que não sabia das coisas que aconteciam na casa de Jairinho. No entanto, o testemunho entrou em contradição por conta das mensagens obtidas pela polícia em março, em textos que Thainá dizia a Monique que Henry sofria “uma rotina de violência” nas mãos do padrasto.
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