Uma semana após a primeira audiência sobre a morte de Henry Borel, o pai do menino, Leniel Borel, expressou sua indignação pelo depoimento da babá do garoto, Thayná de Oliveira Ferreira. O engenheiro afirmou que a funcionária de Monique Medeiros e Jairo Souza Santos Júnior “mentiu descaradamente” ao mudar seu depoimento pela terceira vez.
Em entrevista ao podcast “Desenrola, Rio” desta quinta-feira (14), Leniel afirmou que Thayná já deveria estar presa. “Achei aquilo um absurdo, uma terceira versão da babá, mais uma versão mentirosa, de falar que não sabia e depois ela mesma se contradiz no depoimento”, disse ele. “Com possibilidade de ser presa, a mulher vai lá e fala aquele monte de mentira e continua mantendo uma versão mentirosa. É um absurdo uma pessoa fazer uma coisa dessas e não ser presa”, acusou Borel.
O pai de Henry ainda citou algumas das contradições feitas pela babá da criança diante da Justiça. “Quando Henry ligou pra Monique, que ela estava perto, e que ela diz que estava e que o Henry falou que o tio [Jairinho] tinha agredido e ela ouviu que sim. Então, começou a se contradizer, falando que não sabia”, mencionou ele.
O engenheiro ainda citou a formação profissional de Thayná, alegando que ela teria sim a capacidade de identificar o que Henry estaria sofrendo. “Uma mulher que a Monique me apresentou como uma ótima babá, que tava contratando a melhor babá do mundo, com formação em psicologia, nível superior. Uma pessoa se formando em psicologia, com toda a técnica para identificar agressões, depoimentos contraditórios. A gente viu nas mídias dela ela falando com os familiares, com o noivo, do ambiente que o meu filho estava sofrendo até antes da escola”, afirmou.
Leniel insistiu que a babá teria mentido ao dizer que não sabia o que acontecia na casa de Monique e Jairinho. “As trocas de mensagem dela com a Monique mostram que ela sabia de tudo, inclusive ela fala que era uma casa de malucos, que ia procurar outro lugar, e mais uma mentira, ela falando que não tinha meu telefone, que não tinha como me contar. […] Teve ligações que eu fiz pro meu filho e ela tava do lado. Inclusive, na quarta-feira antes do meu filho falecer”, recordou.
Borel cogitou que seu filho poderia estar vivo caso a babá tivesse se manifestado: “Ela poderia fazer [de tudo] para entrar em contato comigo, e eu teria sumido com o meu filho”. O pai de Henry também sugeriu que Thayná teria ligações com a família de Jairinho. “Quando ela fala que estava se sentindo ameaçada por Monique, na verdade, hoje a gente sabe que é o contrário. Familiares dela ainda trabalham para o Jairo, né. A mãe dela, parece, o noivo trabalhou. Ela mesmo teve duas eleições que trabalhou pro Jairo, então ali mostra ligações com a família do Jairo”, disparou.
Ao falar sobre as novas audiências do caso, que estão marcadas para dezembro, Leniel voltou a detonar o depoimento da babá. “A gente espera que todas as testemunhas compareçam e falem a verdade. A gente acabou presenciando uma das testemunhas icônicas que mentiu descaradamente na frente da juíza, do promotor e de todos nós”, criticou. “A gente espera que a justiça seja feita na proporção da brutalidade que fizeram com meu filho, aqueles dois assassinos”, concluiu o engenheiro.
Durante o papo, Lenuel ainda revelou como foi encontrar com a ex-mulher na audiência, depois de tudo o que aconteceu. “Muito difícil olhar aquela mulher e ver que não caía uma lágrima. Eu passei mal ali no começo, quando a juíza tava apresentando a denúncia. Não conseguia ouvir aquilo porque me faz relembrar, me faz muito mal. É triste saber que meu filho faleceu e de uma forma tão brutal, assassinado brutalmente. Eu ouvia aquilo, comecei a passar mal, chorar. Aí eu olho pra ela e não caía nenhuma lágrima. Quase que sem nenhum remorso. É muito difícil”, lamentou.
O pai de Henry também comentou sobre o episódio em que seu filho teria falado que Monique não era uma “mamãe boa”. “Quando fui levar meu filho, eu falei isso na frente dela, falei: ‘Vai filho, vai com a mamãe, a mamãe é uma mamãe boa’. Ele falou: ‘Não, mamãe não é uma mamãe boa’. Ela ficou meio transtornada, falou: ‘Henry, vem com a mamãe, amanhã tem futebol, escolinha, natação, judô. Você não tá gostando?’. Ele falou que não, porque meu filho só queria atenção”, lembrou o engenheiro.
“Ela fala pra ele: ‘Então ajuda a mamãe a procurar outra casa’. Pra ele ir no colo, né. E ele foi e hoje a gente sabe que o Henry tava vivendo num ambiente de horrores dentro daquele apartamento, sendo agredido com ciência da mãe, babá, avó…”, apontou Borel. Ouça ao podcast na íntegra abaixo:
Relembre o depoimento de Thayná e as contradições de sua terceira versão
No último dia 7 de outubro, aconteceu a primeira audiência de instrução do caso de Henry Borel. A babá do pequeno, Thayná de Oliveira Ferreira, foi a última a ser ouvida. Logo ao se sentar na cadeira na qual prestou seu depoimento, Ferreira fez um pedido inusitado à juíza Elizabeth Machado Louro: a retirada de Monique Medeiros, mãe de Henry, do local.
“Vossa Excelência, eu posso pedir para que a Monique saia, por favor? Porque, hoje, depois de tudo que eu passei, e vim observando, pensando e refletindo durante esse tempo, eu tenho medo da Monique, e eu queria que ela saísse“, solicitou. Na sequência, a babá então relatou uma terceira nova versão dos fatos sobre o dia a dia com Henry.
Em seu depoimento, ela afirmou, desta vez, que nunca chegou a ver o ex-vereador Jairo Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), agredir a vítima. Esta versão, no entanto, não condiz com o que Thainá havia declarado na delegacia anteriormente. Em março deste ano, ela alegou que nunca percebeu nada de anormal na rotina do casal com Henry. Já em abril, ao prestar depoimento aos investigadores pela segunda vez, a babá afirmou que Monique sabia, sim, que a criança estava sendo agredida pelo padrasto. De acordo com Thainá, a mãe pediu para que ela mentisse na delegacia, na primeira oitiva. Mais tarde, aos policiais, Ferreira afirmou que viu Henry sendo agredido pelo menos três vezes pelo ex-vereador.
O laudo da necropsia apontou 23 lesões por ação violenta no corpo do pequeno, que chegou ao hospital já sem vida. Desde então, a investigação vem se desenrolando e tanto Jairinho, quanto Monique foram acusados pela morte de Henry. Os dois estão presos desde abril deste ano e respondem por homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas – entre elas, a própria Thainá, que agora alegou ter sido manipulada por Monique. A babá, por sua vez, foi indiciada por falso testemunho desde seu segundo depoimento.
“No meu entendimento, era a Monique que me fazia acreditar em muita coisa e por isso a minha cabeça estava transtornada e eu começava a imaginar um monstro, mas ali no quarto poderia não estar acontecendo nada e eu estava imaginando um monte de coisa”, declarou a babá. Ainda durante a audiência, Ferreira declarou que foi “usada” por Medeiros. “Me senti usada em que sentido? No sentido de que ela vinha, contava, tentava me mostrar o monstro do Jairinho e eu ficava com todas as coisas ruins na minha cabeça. Era tudo suposição da minha cabeça. Eu nunca vi nenhum ato”, insistiu. Assista:
https://twitter.com/midiasso/status/1446201730010583048?s=21
Mensagens de celular obtidas pela polícia, no entanto, contradizem a terceira versão do testemunho – isso porque, nos textos, Thainá dizia a Monique que o menino sofria “uma rotina de violência” nas mãos de Jairinho, incluindo chutes e rasteiras. Entre as testemunhas ouvidas pela Justiça fluminense no dia 6, estava o pai de Henry, Leniel Borel. Na audiência, ele recordou uma reação desesperada de Henry e falas surpreendentes sobre sua mãe, fez críticas ao ex-vereador, e chorou ao lembrar da última música cantada pelo filho. Saiba todos os detalhes, clicando aqui.