A Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas (SP), expulsou a jovem que foi condenada por matar Isabele Ramos Guimarães, de 14 anos, com um tiro na cabeça, em junho de 2020. A informação foi confirmada pela coluna de Ullisses Campbell, do jornal O Globo, na sexta-feira (16). Já neste sábado (17), a mãe da estudante lamentou a decisão, a qual chamou de “linchamento moral”.
A instituição recebeu uma denúncia e optou pelo desligamento da aluna de 18 anos, após constatar que “a presença dela gerou instabilidade do ambiente acadêmico” e estaria “comprometendo a reputação da instituição”.
“Com base no Regimento Interno da Instituição e no Código de Ética do Estudante de Medicina, publicado pelo Conselho Federal de Medicina, a Faculdade São Leopoldo Mandic decidiu pelo desligamento da aluna, assegurando a ela a apresentação de recurso, em atendimento aos princípios do contraditório e ampla defesa”, informou a universidade em nota.
Ainda de acordo com o comunicado, a decisão também foi baseada em “princípios éticos”. “A Faculdade tem como nortes a estabilidade de sua comunidade, a dignidade acadêmica e o respeito aos princípios éticos que regem o ensino superior, para o que se faz necessário afastar riscos à reputação e imagem da Instituição, construída ao longo dos últimos 30 anos”, concluiu o texto.
Um grupo de mães também teria pressionado a direção. “Essa estudante matou a melhor amiga com um tiro bem no meio do rosto. Quem me garante que ela não vai fazer isso de novo? Não estou nem dormindo direito”, apontou Berta Camillo, cuja filha era da mesma classe que a jovem, ao blog de Ullisses Campbell.
Já a mãe da estudante desabafou sobre a decisão da universidade. “Minha filha não deve nada para ninguém. Cumpriu o que foi imposto pela Justiça. Ela merece viver a vida sem esse linchamento moral”, disse. Ela ainda prometeu “não deixar barato” a situação vivida pela filha, que já teria enfrentado outras reações negativas antes da expulsão. Segundo a mãe, quando ainda morava em Cuiabá, a jovem foi chamada de “assassina” enquanto se maquiava em um salão de beleza.
Relembre o caso
Isabele Guimarães Ramos estava na casa da amiga em 12 de julho de 2020, num condomínio de luxo em Cuiabá, Mato Grosso, quando levou um tiro no crânio e veio a óbito. De acordo com a adolescente que efetuou o disparo, a pistola teria sido acionada quando ela guardava a arma para seu pai – negando que estivesse brincando com o objeto, ou tentando mostrá-lo para a amiga.
Outras sete armas foram encontradas na casa. A jovem chegou a ser condenada por homicídio doloso, mas após recurso da defesa, em 2022, a Justiça considerou que foi um homicídio culposo – quando não há intenção de matar. Em julho de 2023, a Justiça do Mato Grosso extinguiu o processo de execução de medida socioeducativa da adolescente.
Patricia Hellen Guimarães Ramos, mãe de Isabele, move uma ação de danos morais no valor de R$ 2 milhões contra a família da jovem que matou sua filha e contra a família do ex-namorado dela, que levou a arma para a casa onde Isabele foi morta. Saiba todos os detalhes do caso, clicando aqui.
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