Nesta quinta-feira (15), a Polícia Civil divulgou novos detalhes da investigação sobre a morte de Kerollyn Souza Ferreira. A criança de nove anos foi encontrada morta dentro de um contêiner de lixo, em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, na semana passada. Segundo os agentes, a menina “sofria múltiplas violências” da mãe, Carla Carolina Abreu Souza.
De acordo com trechos exibidos pelo g1, Kerollyn deu entrada no hospital no dia 2 de agosto, exatamente uma semana antes de morrer, com ferimentos na cabeça. Na ocasião, Carla alegou aos funcionários da casa de saúde que a filha tinha se machucado ao tentar pular da janela de casa.
Além do episódio, os agentes falaram que Kerollyn também apanhou com uma escumadeira – espécie de colher de metal. Ela chegou a ser encaminhada para um atendimento médico por uma suposta queda de bicicleta. No entanto, a investigação concluiu que, na verdade, o que aconteceu foi uma agressão causada por Carla.
Em depoimento à RBS TV, uma parente, que não quis se identificar, descreveu como era o convívio da mulher com os filhos. “A Carla não cuidava dos filhos. Acredito sim que ela batia nas crianças, mas nunca vi ela batendo a ponto de espancar. Mas bater sim, ela batia. Ela realmente deixou muito a desejar como mãe”, lamentou.
Ela também comentou as notícias de que vizinhos chegaram a acionar o Conselho Tutelar em vários momentos. “É que agora muita gente tá falando que já denunciou pro Conselho Tutelar e nada foi feito. Só que todo mundo sabia quem eram os familiares. Eu queria saber porque que uma dessas pessoas não chamou uma avó, um tio, uma tia, porque todo mundo sabia quem era, todo mundo conhecia”, afirmou.
Assista:
Parente descreve agressões de mãe à menina de 9 anos encontrada morta em lixeira pic.twitter.com/r22LjouFd5
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) August 15, 2024
Sedativo sem prescrição médica
Carla admitiu que deu dois medicamentos para a filha horas antes de sua morte, um com prescrição médica (risperidona), e outro sem (1 grama de clonazepam). Ela disse que também tomou o sedativo por volta das 21h30 e foi dormir em seguida. Ao acordar, às 7h, a mulher percebeu que a menina não estava em casa, tomou mais um medicamento e voltou a dormir. Policiais recolheram uma sacola de remédios da casa da família, alguns deles de tarja preta.
A Polícia Civil decretou a prisão temporária de Carla por 30 dias, afirmando que ela torturou a filha e provocou sua morte. As autoridades apuram os crimes de tortura e homicídio qualificado. “Havia uma espécie, embora a menina tivesse nove anos, a vítima, um conflito com a mãe. Um conflito com a mãe acentuado e que não se resolvia”, explicou o promotor Fernando Sgarbossa. Para ele, a participação da mãe pode ter sido “por ação” ou “por omissão”. A mãe nega que tenha matado Kerollyn.
A polícia aguarda o laudo da perícia sobre a causa da morte da criança. Imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas para identificar quais foram os passos finais de Kerollyn. O último registro é das 19h45 de quinta-feira (8), “quando a menina caminhava na direção do contêiner, a mesma direção da casa dela”.
Por enquanto, a Defensoria Pública do Estado (DPE-RS), não se pronunciou. Ao g1, a equipe informou irá se manifestar nos autos do processo.