No bairro Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo, fica uma mansão que ainda guarda muitos mistérios de um dos crimes mais emblemáticos do Brasil: o caso Richthofen. 20 anos após o assassinato de Manfred e Marísia Von Richthofen, a residência em que eles moravam segue desocupada. Nesta semana, o g1 ouviu vizinhos e moradores da região, que relataram como é o dia a dia do imóvel, e ainda deu detalhes de tudo o que aconteceu ali.
O casarão de muros altos, de 1 mil m², fica na Rua Zacarias de Gois, e havia sido comprado por Manfred em 1998. A propriedade de dois andares conta com sala, cozinha, banheiros, suítes, biblioteca, escritório, além da garagem e uma piscina. Na época, o engenheiro alemão pagou R$ 330 mil pela mansão. Passado o crime e tudo o que aconteceu, Andreas, irmão de Suzane Von Richthofen, vendeu a mansão em 2014 por R$ 1,6 milhão – metade do valor de mercado. A venda foi feita depois de uma disputa judicial entre os irmãos, na qual a condenada pela morte dos pais abriu mão de sua herança.
Atualmente, um engenheiro e uma dentista são proprietários do imóvel. Eles se recusaram a falar sobre o assunto, mas os vizinhos deixaram claro que ninguém mora na residência. O espaço, por sua vez, foi todo reformado. A fachada, que tinha tijolinhos à vista na época do assassinato, hoje é pintada de branco e exibe um visual completamente diferente. As pichações que pediam por “justiça” no caso foram cobertas pela tinta, bem como o número da casa. Veja as fotos do antes e depois:
Mistérios da mansão
A reportagem conversou com uma vizinha que mora no bairro há décadas, um jardineiro que trabalha nos casarões próximos há nove anos, e um segurança que percorre o Campo Belo desde 2019. De acordo com eles, que pediram que suas identidades fossem preservadas, ninguém nunca mais residiu na mansão. Entretanto, o imóvel é eventualmente visitado por um jardineiro e o atual dono da propriedade.
Lorenzo Gumieri, de 19 anos, mora na região e também relatou sobre esse “entra e sai” na casa, confirmando que ela segue vazia. “Também [sou] curioso em saber do rumor da casa da [família] Richthofen, o pessoal tem falado bastante que às vezes tem um entra e sai, mas ninguém realmente mora aqui”, contou o profissional de marketing. Assim como todos, ele não escondeu o interesse por todo o suspense que cerca a mansão. “Bastante curioso esse caso, e a gente quer saber o que está acontecendo por aí [dentro do imóvel]“, pontuou.
Desfoque no Google Maps
A mansão que pertencia à família Richthofen ainda é um ponto de visitação de curiosos, que querem conhecer o cenário de um dos crimes que mais repercutiram no Brasil. Contudo, quem tenta fazer isso online, pelo Google Maps, tem uma surpresa um tanto inesperada… O casarão não pode ser visto pela plataforma online. Ao invés da imagem da residência, o que se vê na rua é um retângulo que desfoca a mansão e não exibe detalhes do local.
A assessoria de imprensa do Google no Brasil informou que não comenta casos específicos e, por isso, não poderia detalhar o assunto. A empresa não respondeu o que fez com que o site desfocasse a foto da mansão, nem explicou se a decisão de borrar a imagem partiu do próprio Google, ou dos proprietários. Entretanto, o comunicado da empresa destacou seu enfoque em proteger a privacidade das pessoas.
“Não comentamos casos específicos. O Google toma uma série de medidas para proteger a privacidade das pessoas em relação às imagens do Street View e desenvolvemos uma tecnologia de ponta para desfocar, automaticamente, rostos e placas de veículos”, disse um trecho da nota ao g1. “Se o usuário notar que seu rosto ou a placa do seu veículo precisa de um desfoque mais acentuado ou que desfoquemos a imagem, casa ou carro por completo, é possível reportar por meio dos nossos canais de denúncia”, informou. Assista ao vídeo com a reportagem, clicando aqui.
Marísia e Manfred von Richthofen foram mortos na noite de 31 de outubro de 2002. O casal não resistiu após ambos serem atingidos na cabeça por golpes de barras de ferro. A filha, Suzane von Richthofen, o namorado e o cunhado dela, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, confessaram o assassinato e foram presos pela polícia. De acordo com o Ministério Público, os três condenados alegaram que os pais de Suzane não aprovavam o namoro dela com Daniel. Diante disso, eles teriam decidido matá-los para ficar com todo o patrimônio da família.
O trio foi condenado a mais de 30 anos de prisão em 2006. Atualmente, Suzane e Cristian cumprem a pena em regime semiaberto, na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Daniel Cravinhos, por sua vez, responde em liberdade. As penas devem ser extintas entre os anos de 2038 e 2043. O caso já foi abordado em livros e filmes, como “A Menina Que Matou Os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, sucesso da Amazon Prime Video.