A Polícia Civil descartou a possibilidade da cantora Santrosa ter sido morta por transfobia. Ela estava desaparecida desde sábado (9), e foi encontrada decapitada no dia seguinte em uma região de mata em Sinop, a 503 km de Cuiabá. A vítima foi velada ontem, na capela do município.
Segundo o delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Braulio Junqueira, a principal linha de investigação sobre a motivação do crime é de que Santrosa foi assassinada por integrantes da facção Comando Vermelho (CV).
As operações apontaram que o crime teria sido em retaliação a uma suspeita de que a cantora estaria repassando informações sobre a facção a outras pessoas. Elas, porém, ainda não foram identificadas. Junqueira acrescentou que ainda não está claro se Santrosa estaria ligada a alguma organização criminosa.
Também está sendo apurado se ela passava informações do CV à facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC), ou para autoridades políticas, já que era suplente de vereadora pelo PSDB, pela primeira vez na cidade. “Nós temos que comprovar isso. Mas a forma com que foi feita a execução, é uma marca registrada dessa quadrilha. A polícia vai trabalhar pra ver se chega aos autores desse crime”, afirmou o delegado.
Amigos da artista relataram à polícia que após se envolver na política, Santrosa “ficou assustada com o que acontecia” na região. Até o momento, nenhum suspeito foi identificado ou preso pelas autoridades.
Família lamenta tragédia
O corpo da cantora foi velado nesta segunda (11), na capela municipal de Sinop. À filial da TV Globo no Mato Grosso, o pai da vítima, Cristóvão da Rosa, expressou sua indignação pela morte da filha. “Um amor de pessoa! Perdi e não sei por qual motivo”, lamentou.
Já a mãe de Santrosa, Nilda Salete dos Santos, pediu que os responsáveis sejam punidos pelo crime. “Agora só espero justiça. Que a justiça seja feita e que os culpados paguem pelo o que fizeram”, declarou.
O amigo Jean de Souza Ortiz enfatizou a importância do trabalho da cantora enquanto ativista da causa LGBTQIAPN+ e do legado que deixou. “Eu acompanho a Santrosa por 10 anos. E ao longo desse processo, eu pude vivenciar esses momentos que sempre foram carregados de muito carinho e muito amor pelo que ela fazia”, afirmou.
“Santrosa era um símbolo da nossa comunidade, que sempre lutou por tudo e por todos e o que ela deixa agora é o seu legado”, completou Jean.