Ciclista que cruzou sozinho o Brasil de bicicleta desaparece na fronteira da Guiana e família faz apelo: “Estamos desesperados”

Família de George da Silva de Souza não consegue contato com ele desde março

O missionário e ciclista George da Silva de Souza, de 63 anos, desapareceu próximo da fronteira do Brasil com Essequibo, na Guiana. Ele fazia sozinho uma expedição de bicicleta que começou no Chuí (RS), no extremo sul do país, e tinha como destino final o Monte Caburaí (RR), o ponto mais extremo do norte.

A última vez que George falou com a sua família foi no dia 27 de março, quando conversou com a esposa por chamada de vídeo. Ele estava no município de Uiramutã (RR) e disse que entraria em contato novamente quando passasse por alguma comunidade indígena. O ciclista chegou no local dois dias antes de entrar em contato com os familiares. O plano era seguir viagem em direção até o Monte Caburaí.

“Domingo passado foi enviada uma equipe lá para Uiramutã, para levantar informações. Na quarta-feira, minha mãe ligou (…) e eles disseram que estavam retornando aqui para Boa Vista. Desde então, nós não recebemos mais nenhum contato deles, nada, silêncio absoluto, diz Gregori de Souza, filho de George, ao g1.

A expedição do ciclista iniciou dia 19 abril do ano passado no Arroio Chuí, que fica na fronteira do Brasil com o Uruguai. Gregori destacou que o pai sempre fez esse tipo de viagem, só que essa seria mais complicada. Mesmo assim, ele mantinha contato frequente com a família.  Meu pai não levou nenhum equipamento de geolocalização, ele fez um mapeamento prévio utilizando o Google Maps. O mapeamento que ele fez foi pelo trecho que iria passar, nas comunidades, e levou apenas uma bússola. Fora isso ele não levou nenhum equipamento”, afirmou.

George da Silva de Souza já havia feito outras expedições, mas essa era a mais complexa. (Foto: Arquivo pessoal)

A esposa e o filho George foram até Boa Vista para acompanhar a investigação, mas estão sem qualquer informação desde quarta-feira (24). Nós estamos desesperados. Os irmãos, os cunhados os sobrinhos, tios, sogra, todos estão muito desesperados querendo saber notícias e informações. Eu e minha mãe que estamos aqui [em Roraima] estamos cansados e estressados com essa questão, de burocracia. Nós entendemos essa questão das autoridades, mas queríamos que tivesse uma urgência por parte das autoridades, e estamos enfrentando muitas barreiras com o sistema mesmo”, desabafou Gregori.

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A família já registrou dois boletins de ocorrência. O primeiro foi feito pelo irmão no dia 11 de abril na delegacia virtual da Polícia Civil. Já o segundo foi registrado pela esposa dele na segunda-feira (22) no 1º Distrito Policial, depois deles receberem a informação de que o ciclista havia sido visto na Guiana.

A Polícia Civil emitiu uma nota na qual declarou que os investigadores constataram que há cerca de 20 dias George passou pela região de Uiramutã e chegou a dormir em uma igreja. “Além disso, moradores da região informaram que estiveram com o missionário e o alertaram sobre as condições da estrada e o caminho de difícil acesso. Segundo relato das pessoas que estiveram com ele na área indígena, o cronograma exposto por George é muito apertado para cumprir o referido trajeto no prazo estipulado por ele aos familiares”, afirmou.

George da Silva de Souza disse a família que terminaria a expedição dia 8 de maio. (Foto: Arquivo Pessoal)

O acesso ao Monte Caburaí é feito somente por trilhas no meio da mata fechada e não tem estradas. A área de rios que limita Brasil e Guiana, onde ficam os rio Maú e rio Uailã, também é de difícil acesso. Para chegar até lá, é preciso contar com uma embarcação e com a ajuda de indígenas locais.

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“A Polícia Civil informa ainda que a região onde George adentrou é de mata fechada e sem acesso à internet, o que dificulta ainda mais os esforços de comunicação e possível resgate”, disse o comunicado. O prazo dado pelo missionário à família para retorno do Monte Caburaí é no dia 8 de maio.

Caso George já tenha atravessado a fronteira, a Polícia de Roraima falou que não teria jurisdição para realizar buscas no país vizinho. Os Bombeiros também estão mantendo contato direto com os familiares. Eles foram orientados pelo órgão a fazer contato com o Consulado da Guiana em Roraima para que as equipes possam fazer buscas no país vizinho.

“A alegação deles (dos policiais) é que precisam de uma autorização de Brasília para iniciar as buscas em território guianense porque a informação que o tenente Chaves levantou foi de que meu pai havia sido visto em uma comunidade lá na Guiana Inglesa. Então, o que a gente está pedindo é que se inicie, que dêem celeridade a esse processo”, contou o filho.

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