Condenada por tráfico humano, Kat Torres rebate acusações e debocha de denunciantes em 1ª entrevista na prisão: ‘Corram pra mãezinha de vocês’; assista

A ex-modelo e influenciadora rebateu a BBC News Brasil e debochou das denúncias

Katiuscia Torres Soares, conhecida como Kat Torres, foi condenada a oito anos de prisão por tráfico de pessoas e trabalho análogo à escravidão. Segundo a BBC, o juiz avaliou que a influenciadora atraiu Desirrê Freitas para os Estados Unidos, com o objetivo de exploração sexual. Ela, ainda, é alvo de outra investigação, que envolve denúncias de outras mulheres.

A mulher foi presa em outubro de 2023, ao desembarcar de um avião, com outros brasileiros deportados por estarem irregulares, vindo do país norte-americano. No Brasil, ela teve a prisão convertida em preventiva e foi transferida para um presídio feminino em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Em sua primeira entrevista, divulgada neste domingo (14) pela BBC News Brasil, Kat negou as acusações. “É mentira. Eu não precisava escravizar ninguém. Porque eu trabalhava, o meu marido limpava a casa e os robôs… Eu tinha vários robôs que limpavam a casa para mim“, afirmou.

O jornalista João Fellet listou as denúncias contra Kat, como a falta de pagamento e controle dos gastos das vítimas. “E por que, então, que elas trabalhavam?“, perguntou. “Elas dizem que você as convenceu com promessas“, comentou o repórter. “Ah, eu convenci? Convenci com promessa de quê? Não. Elas foram para lá se prostituir, se prostituíram e falaram que fui eu que fiz isso“, rebateu a influenciadora.

A mulher contou que teve “crises e mais crises de riso” quando soube do que havia sido incriminada. “Eu tive crises e mais crises de riso com tanta mentira que eu escutei. Só que todo mundo na sala podia ver que as testemunhas estavam mentindo“, disse ela. “A explicação pela qual o juiz está me mantendo aqui é, como você falou, as pessoas me chamam de ‘guru falsa’. Mas ao mesmo tempo, elas falam: ‘Ela é muito perigosa. Cuidado porque ela pode mudar o que as pessoas pensam’“, acrescentou.

Kat Torres foi condenada a oito anos de prisão por tráfico de pessoas e trabalho análogo à escravidão. (Foto: Reprodução / BBC News Brasil)

Fellet perguntou se Kat acredita que pode mudar o pensamento das pessoas, e ela respondeu: “Eu não sei, mas se eu tenho esse poder, eu acho um grande talento“. A influenciadora também foi acusada de liderar uma seita. “As pessoas decidiram acreditar em mim, porque eu era modelo, porque eu era muito bonita, porque elas viram que eu era associada a muitas pessoas que eram atores de Hollywood“, alegou.

Ela continuou: “Você pode me ver como Katiuscia, você pode me ver como Kat, você pode me ver como Deus, você pode me ver como você quiser me ver. E você pode pegar o meu conselho ou não. É um problema, uma escolha toda sua. As minhas clientes achavam que eu era Jesus mesmo. Eu falava para elas que eu não era. Eu falava que não era. Elas abaixavam no chão e começavam a chorar quando eu vim para o Brasil, chorar de soluçar. Eu me defino como uma presidiária, que é o que sou, mas sim, com certeza, eu me definiria como uma guru de verdade“.

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Em outro trecho da conversa, exibida em um documentário sobre o caso, a influenciadora zombou de mulheres que ainda se sentem traumatizadas. “Meu Deus. Fala para elas irem ao psicólogo, ao psiquiatra e pararem de ficar traumatizadas. Eu acho que é um monte de palhaçada. Não acho que nenhuma [das acusações] é séria. Não tem um monte de psicólogo aí querendo trabalhar? Por que não arrumam psicólogo pra tirar o trauma?“, declarou.

Eu não entendo. Estou na cadeia há um ano e meio. Estou longe delas há um ano e meio. Eu não vou voltar a fazer o que eu fazia antes. Elas conseguiram o que queriam. Vão para o ‘paizinho’, para a ‘mãezinha’ delas. Não é isso o que elas tanto falam? ‘Ai, a Kat me afastou da minha família’. Corre para o mamãe e o papai de vocês, com 40 anos de idade na cara. Eu acho ridículo. Eu acreditava nos meus conselhos 1000%“, completou. Assista:

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A entrevista também viralizou nas redes sociais por exibir Kat rebatendo a BBC e afirmar que a emissora está mentindo. “Eu vou te falar uma coisa bem séria, e eu espero que você coloque no seu documentário. Eu estou numa cadeia que é bem real, estou vivendo uma bem real e o que vocês estão falando não é real. Perguntei para o meu advogado e ele falou que não tem prints. Alguma coisa pra ser real, precisa passar pela Polícia Federal, por todo um tratamento, para provar que aquilo ali é real e não é forjado. E o que vocês estão falando são coisas forjadas. Vocês querem que eu responda coisas que são forjadas“, declarou.

A influenciadora falou que acredita que sairá da prisão a qualquer momento. “Faltam pra mim, 10 dias, 20 dias, porque não tem prova nenhuma contra mim. Como eu falei, tem pessoas que nascem sem nenhum talento e tem pessoas que nascem com todos os talentos. Eu sou uma pessoa que nasceu com todos os talentos e tem todos os caminhos, com pessoas me chamando para eu ir por esses caminhos. Estou muito confusa. Eu não queria fama, mas fui avisada que, por onde eu for, a fama vai atrás, que não vai ter jeito“, refletiu.

Ao final, ela fez uma brincadeira. “Olha lá, hein? Você vai descobrir depois se eu tenho poder ou não“, disse Kat para o repórter. Apontando para a produtora britânica, acrescentou em inglês: “Eu não gostei muito dela“. Veja:

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Relembre o caso

Na denúncia apresentada à Justiça Federal, que conta com depoimento de sete testemunhas, o Ministério Público Federal (MPF) destacou que Kat Torres expôs Desirrê Freitas a uma rotina degradante desde, pelo menos, o início de abril de 2022 até novembro do mesmo ano. Segundo os procuradores, Katiuscia aliciou, alojou e acolheu a vítima, mediante fraude, com a finalidade de submetê-la a trabalho em condições análogas à escravidão e exploração sexual.

De acordo com a denúncia, Desirrê era obrigada a dançar em um clube de striptease, em jornadas exaustivas de mais de 13 horas diárias, sem descanso semanal. Tudo feito em nome da suposta “Voz”, que guiaria a seita da influenciadora. O lucro seria entregue inteiramente à suposta líder religiosa.

Ao jornal O Globo, em outubro de 2023, a vítima contou que foi dada como desaparecida por parentes e amigos, e disse ter sido obrigada a mentir e afastá-los de sua vida.

Assista ao documentário completo:

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