Diretor de presídio fez alerta sobre jovem morto por leoa dias antes: “Tragédia anunciada”; assista

Edmilson Alves, o Selva, falou sobre as condições psíquicas de Gerson de Melo Machado e os surtos que ele teve no presídio

O diretor do Presídio do Róger, em João Pessoa, fez um alerta sobre Gerson dias antes dele morrer após invadir a jaula de uma leoa. Edmilson Alves ainda relatou os surtos do rapaz dentro da penitenciária.

O diretor da Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega (Presídio do Róger), Edmilson Alves, fez um alerta sobre as condições psíquicas de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, na semana passada. O rapaz foi morto neste domingo (30), após invadir a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, conhecido como Bica, em João Pessoa.

Na última terça-feira (25), Edmilson classificou a situação de Gerson como “muito delicada” em um vídeo no Instagram. “Eu queria dizer pra vocês que quem conversar com o Vaqueirinho (apelido de Gerson) por dez ou cinco minutos vai saber que ele não é uma pessoa normal. Ele tem problema, ele é acompanhado, ele tem laudo”, informou.

“O tempo que ele passou no presídio, ele passou sob medicação. Surtou várias vezes, se automutilou, bateu com a cabeça na parede, porque ele é alguém que tem problemas mentais. Então, a gente trocou a medicação várias vezes, foi internado, voltou, passou de novo por tratamento e por avaliação”, continuou o diretor.

Ele destacou que o cenário em que Gerson se encontrava era complicado, acrescentando que o jovem queria voltar para o presídio. Por esta razão, furtava objetos e em outra ocasião, teria atirado uma pedra contra a viatura da polícia. “Da última vez que ele recebeu o alvará [de soltura], eu fui levá-lo na casa da avó, levamos os remédios e tudo. E lá foi constatado que a sua avó não tem as mínimas condições de tê-lo. A família não quer ele de volta”, explicou.

Assista à íntegra:

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Já neste domingo, Selva — como também é conhecido — e Ivison Lira, chefe de disciplina do Presídio do Róger, classificaram o falecimento de Gerson como uma “tragédia anunciada”. “Na semana passada a gente falou tanto de Vaqueirinho. Fiz um vídeo falando da situação da cabeça dele, do que a gente tinha passado no presídio e que ele era uma pessoa que precisava de ajuda, precisava de tratamento. O local dele também não era o presídio, e a Justiça decidiu para ele ir para o Caps (Centros de Atenção Psicossocial). O Caps não segura, ele fugiu”, relatou o diretor.

De acordo com Edmilson, Gerson tinha 16 passagens pela polícia, a maioria por pequenos furtos e danos. “Vaqueirinho tinha 16 passagens pela polícia: 10 no presídio de menor [de idade] e 6 no presídio de maior. Ele não conheceu outra vida senão a prisão. A gente chama de preso institucionalizado”, descreveu.

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Em seguida, ele disse que a Justiça e o sistema penitenciário fizeram a sua parte “dentro do possível”. [A luta] foi grande. A gente sabia que era uma tragédia anunciada, né? Vaqueirinho, sem o devido tratamento, sem acompanhamento. Numa rua, então… Tá aí o resultado. A gente via que o raciocínio dele era de uma criança de 5 anos. Tudo era condicionado à troca pra ele não se rebelar. Mas era fácil de lidar com ele nesse sentido, só precisava de uma atenção maior”, enfatizou Ivison.

Ao final, Edmilson repudiou os comentários que ironizaram a morte de Gerson. “Não estou romantizando preso, não. A maioria dos crimes de Vaqueirinho foram por danos e pequenos furtos que ele fazia. Não estou romantizando. É só pra gente refletir que era um cara que tinha problemas mentais, nós alertamos. A nossa parte do sistema penitenciário nós fizemos”, arrematou.

Veja:

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Já nesta manhã, o diretor do Roger postou um vídeo de Gerson no bagageiro de uma viatura. “Ele vai pro Caps, mas quer falar comigo primeiro. Aquele negócio que você disse, não vai mais jogar pedra na viatura, não? Vai se aquietar? Ir pra casa da avó?”, indagou Alves. No vídeo, Vaqueirinho ainda afirmou que não fugiria do Caps e tomaria a medicação necessária.

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